Assumo que assisti (e escrevi as Primeiras Impressões) de Ballers com os olhos embaçados pelo preconceito. Pois, apesar de adorar o ator Dwayne Johnson (ou The Rock), a série demonstrou em um primeiro momento ser mais uma história clichê sobre o milionário mundo do futebol americano. Resolvi então dar mais uma chance, afinal todo mundo merece uma, não é?
Alguns amigos começaram a falar que adoravam, aliando-se a isso a série foi renovada e eu comecei a ler comentários positivos da crítica especializada (ela foi a comédia mais assistida da HBO desde 2009). Então liguei a TV e me aventurei a fazer uma maratona da 1ª temporada para poder assistir ao seson finale, exibido na semana passada. Confesso que tomei essa decisão por possuir a programação da HBO disponível no NOW, da NET, o que deixa as coisas bem mais fáceis.
Mas vamos lá, o que falar de Ballers além do 1º episódio? A série de fato começa a desenvolver de maneira mais interessante toda a trama envolvendo o ex-jogador e agora consultor financeiro Spencer Strassmore (The Rock). É ele sim que carrega a história nas costas e todo resto vai orbitando em torno dele. Não sei se consideraria Ballers uma comédia propriamente dita e creio que ela só consta nessa categoria por conta da duração dos seus episódios – menos de meia hora (outro ponto positivo).
Como é dito no primeiro episódio, Strassmore é chamado por Joe (o ÓTIMO Rob Corddry) para monetizar suas amizades – criando um novo e lucrativo setor na empresa em que eles trabalham. E é nisso que vamos vendo os dois trabalhando durante toda a série, eles lutam para trazer contratos e parcerias lucrativas, afim de se firmar dentro da firma – vide que ambos passam por dificuldades financeiras.
As coisas porém não são tão fáceis quanto parecem e é aí que Ballers fica interessante. 30 minutos são eficientes em mostrar os problemas que cada um dos seu personagens enfrentam. Spencer está com evidente problemas psicológicos que a princípio ele teme serem efeitos de uma possível concussão sofrida nas épocas de futebol. É interessante ver um homem daquele tamanho (como pode alguém ser tão enorme?) com medo de ir ao médico. Ele vai adiando, adiando, até o momento que sua namorada (????)- a jornalista Tracy (Arielle Kebbel) lhe dá um ultimato. Tudo isso resulta em uma maravilhosa cena dele cantando Shake it Off em seu carro. Eu confesso, como fã doente da Taylor Swift, comecei a ser menos crítica com as coisas que me incomodariam por isso.
Tudo aquilo que estamos acostumados a ver quando pessoas estão envolvidas com fama e dinheiro também está presente em Ballers. Prepotência, ambição, maquinações e óbviamente mulheres, sexo e drogas. Nós acompanhamos, além de Spencer, três outros atletas. Vernon (Donovan W. Carter), uma promessa do futebol americano e o contrato dos sonhos, está andando com as pessoas erradas. Ele é o menos interessante aqui, mesmo que seu nome esteja sempre em voga por conta dele ser o mais precioso e importante para a continuidade dos negócios.
Já com Charles Greane (Omar Benson Miller) e Rick Jarret (John David Washington) a história é outra. Greane é o típico frustrado, ele se aposentou cedo demais, tem uma mulher dominadora e louca para engravidar e consegue um enfadonho emprego vendendo carros. Ele é um dos personagens mais relacionáveis de Ballers, afinal, quem é que nunca se perdeu? É com ele também que acontecem pontualmente as situações mais engraçadas da série. O “sofrimento” dele na reta final é bem divertido de assistir.
Já Jarret é o (também) típico atleta problemático. Seja por suas aventuras com mulheres ou sua vaidade. Ele mesmo sendo um dos melhores da sua geração, se prejudica pela própria atitude. Com Spencer de amigo e conselheiro, ele vai também conseguindo se reencaixar e talvez dar uma nova guinada em sua carreira. Mas, ao final aprendemos que ele também possui seus problemas, como todo mundo.
Como eu assisti Ballers inteira (quase) de uma tacada só, tentei evitar sair dando spoilers desnecessários aqui. Esse texto é mais para mostrar que caso você esteja disposto, a série pode sim ocupar um pouco do seu tempo para um entretenimento eu diria quase que despretensioso e confortável. Sim, é difícil se despir do preconceito por ser mais uma obra sobre um assunto que já é amplamente trabalhado em todas as plataformas, mas tirando isso eu a indicaria para você que quer algo rápido e bezuntado de cultura pop para assistir. Assim como os personagens terminam projetando um futuro melhor, acho podemos ter um pouco dessa mesma perspectiva…porque não?
ps: A abertura da série é muito boa. A música é Right Above It, do Lil Wayne. (Se você gosta de Hip-Hop, a série é um prato cheio.)
ps²: No season finale vi algo que pensei que nunca fosse ver…hahaha
