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A 4ª temporada de Homeland – Parte 1

Por: em 10 de novembro de 2014

A 4ª temporada de Homeland – Parte 1

Por: em

Muito se especulou sobre o retorno de Homeland após os acontecimentos do final da terceira temporada. A série teria mesmo como se manter após a morte de Brody? O drama da Showtime conseguiria se reinventar e entregar uma quarta temporada com a qualidade das anteriores ou seria apenas mais um daqueles casos em que se explora uma obra lucrativa à exaustão? Metade da quarta temporada já foi exibida, e é possível afirmar sem medo: Homeland ainda tem muito a oferecer!

abertura

O ciclo do Marine One foi responsável por conquistar o público da série, mas ele não poderia durar para sempre. Brody foi um personagem muito bem explorado por três temporadas, mas manter a dualidade do militar como foco da trama eternamente não seria possível. É um equívoco pensar que Homeland era uma série sobre ele. Estes seis primeiros episódios foram a prova disso.

Todo o arco envolvendo Brody foi fundamental para trazer a trama até o ponto atual, mas Carrie, Quinn, Saul, Fara, Max, Lockhart e Dar Adal ainda são um time de peso capaz de manter a audiência. Neste ano, o elenco ainda foi reforçado por grandes nomes, como Corey Stoll (The Strain), Laila Robins (In Treatment), Suraj Sharma( Life of Pi) e Raza Jaffrey (Smash). Mas como estão os nossos velhos e novos personagens nesta temporada?

Carrie

carrie season 4

Carrie Mathison foi profundamente quebrada durante a terceira temporada. Ela passou por uma clínica psiquiátrica, precisou lidar com a morte do homem que ela mais quis proteger e com um gravidez que não fazia parte do seu plano de vida. Tudo isso mudou a personagem e a endureceu até o limite. A Carrie da quarta temporada tem uma armadura em volta de si que impede que ela se envolva emocionalmente com qualquer um, incluindo Francis, sua filha (que não pode ser um bebê de verdade, deve ser um boneco com uma máscara do Brody, porque não é possível ter a-mes-ma cara).

A agente é transferida para Islamabad, onde comanda uma série de operações bem sucedidas, até que uma delas dá terrivelmente errado, culminando na morte de seu chefe, Sandy. Em vez de chorar, se desesperar ou fazer algo impensado, Carrie passa um belo batom, vai à luta e consegue a liderança da divisão, contrariando até mesmo o diretor da CIA. Com o objetivo de fazer um recrutamento rápido, ela finge um envolvimento amoroso com um estudante (ex)virgem para que ele a leve até seu tio terrorista. O mais chocante de tudo, no entanto, foi vê-la ordenando um ataque que teria a morte de Saul como consequência.

Carrie passou por cima de todas as coisas para proteger Brody e ainda assim não conseguiu evitar a sua morte. Ela desistiu de cuidar das pessoas para cuidar do seu trabalho. Levou a racionalidade ao extremo, tornando-se tão irracional como em qualquer surto. A “Drone Queen” continua tão impulsiva, inconsequente e genial como sempre foi, e ainda é impossível prever seu próximo movimento quando pressionada.

Quinn

quinn

Peter Quinn é o assassino profissional mais humano da TV. Ele se envolve, se afeta, tem senso de justiça e peso na consciência. Como ele conseguiu ganhar a vida matando pessoas? O fato é que Quinn também começou esta temporada quebrado, assim como Carrie, mas com uma forma totalmente diferente de lidar com isso. Ele estava prestes a jogar a toalha por acreditar que falhou em evitar a morte de Sandy, e só voltou para a missão quando descobriu que o assassinato havia sido premeditado.

Por muitas vezes Quinn fez as vezes de lado humano de Carrie. O ponto alto disso foi quando ele impediu que uma bomba fosse lançada sobre Saul por ordens dela. Carrie jamais poderia viver com isso. Em algum momento ela perceberia que um alvo não valia tanto, e graças a Quinn essa ficha não vai cair tarde demais. Ele tem sentimentos românticos pela loira, mas acima de tudo tem muito respeito e admiração por ela.

Saul

saul

O ex-diretor da CIA teve uma participação um pouco tímida nos primeiros episódios da quarta temporada. Ele foi fundamental para ajudar Carrie a colocar sua equipe em campo, teve mais alguns problemas conjugais (pra variar) e agora está nas mãos do inimigo nº 1 da CIA, servindo como escudo até  o momento certo. Porque toda a trama envolvendo o vazamento de informações, a falsa morte no casamento e o assassinato de Sandy certamente tem um objetivo maior.

Sua perseguição no aeroporto foi muito imprudente para alguém que devia estar mais acostumado com procedimentos de segurança em espionagem. E eu temo verdadeiramente pela vida do personagem nos próximos episódios. Depois da morte de Brody, é possível que qualquer um seja eliminado (exceto Carrie, porque Homeland, apesar de ter seu próprio Red Wedding, ainda não é Game of Thrones).

Aayan

aayan

O novato esteve no centro das atenções dos primeiros seis episódios desta temporada. Sobreviveu  a um atentado catastrófico, encobriu o fato de que o tio estava vivo e roubou medicamentos para ajuda-lo. Aayan era extremamente ingênuo e se apegou tanto ao tio terrorista (a única família que sobrou) quanto a uma desconhecida que ofereceu salvação. Qualquer um dos dois acabaria sendo responsável por sua morte. Quando Aayan fez a oraçãozinha do Brody no meio do mato já dava pra sentir que algo não iria sair bem.

Seu envolvimento amoroso relâmpago com Carrie foi uma grande surpresa. Eles eram um casal muito improvável e no fim das contas Aayan morreu sem conhecer a verdadeira Carrie Mathison. Ao contrário de Brody, que já tinha passado por muita coisa e deixado uma vida, uma família para trás, a morte de Aayan deixou aquela sensação de interrupção, de uma promessa que nunca vai se realizar. O susto de Carrie foi o mesmo susto que eu levei quando o vi sendo baleado.

A trama de Islamabad

islamabad

Homeland sempre acaba escorregando na hora de reproduzir outras culturas. Escorregou na Venezuela e escorregou no Paquistão. Mas este foi seu único deslize até o momento, porque toda a ação da CIA fora de seu habitat natural está se saindo muito bem. O ataque aéreo a um suposto esconderijo de Haqqani que acabou explodindo uma festa de casamento parecia apenas um trágico efeito colateral de uma missão bem sucedida. Na verdade, o evento foi o pontapé inicial de uma traição interna que levou ao linchamento público do ex-chefe da CIA e serviu para encobrir que Haqqani, na verdade, está vivo.

É um plano muito ambicioso que foi desvendado graças a Fara, mas o que pode ser tão importante que fez um alvo da CIA sacrificar toda a sua família para esconder?  Ele queria simplesmente deixar de ser procurado ou tem algum objetivo ainda não revelado? Eu aposto fortemente na segunda opção, e agora que Saul foi sequestrado a coisa realmente ficou pessoal.

Tendo informações vazadas de dentro da agência (inclusive sob o conhecimento de Lockhart) com a espionagem do marido da embaixadora Martha, Carrie está em péssimos lençóis. Seu transtorno psiquiátrico está prestes a ser exposto, seu mentor está nas mãos de seus maiores inimigos e, com exceção de Quinn, Fara e Max (cadê o Virgil, gente?), ela não pode confiar em ninguém da agência. É um cenário perturbador, mas extremamente bem construído, como poucas séries além de Homeland conseguem fazer. As consequências das temporadas anteriores estão ali, mas acho que ninguém teve tempo de respirar, muito menos de sentir falta de Brody e sua família.

traição

Homeland mudou seu foco, mas manteve a qualidade que a consagrou ganhadora de tantos Emmys. É uma série que definitivamente não tem medo de se reinventar quando precisa, e desta vez acertou em cheio no  momento de mudar de ares e trazer algo novo. Eu sempre tive certeza de que os produtores não decepcionariam e, depois de assistir a estes seis episódios, fico feliz de ter confiado na série. Está gostando da nova temporada? Ainda sente falta de Brody, Jessica, Dana e companhia? Conta pra gente!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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