Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

American Horror Story: Freak Show – 4×01 Monsters Among Us

Por: em 11 de outubro de 2014

American Horror Story: Freak Show – 4×01 Monsters Among Us

Por: em

“O horror”, disse coronel Kurtz em Apocalypse Now. No clássico monólogo sobre os efeitos da guerra vemos como a capacidade humana de realizar o mal apavora, horroriza. Várias definições circundam a palavra que sugestiona espanto, repulsão e medo. American Horror Story, a série que se apropriou da palavra “horror” e do gênero americano em suas diversas facetas para nos contar uma história, apresenta, com o episódio de estreia da quarta temporada, outra camada peculiar de nós, seres humanos: O encanto pelo estranho, o medo pelo estranho e enfim, a execração do estranho. Freak Show começa levantando muitas questões fundamentais, sem deixar de lado o humor negro, o quê de trash que a série carrega e a necessidade de assustar o espectador. Acreditem amigos… Está incrível.

 

ahs
A começar pela ambientação, temos todo aquele clima suburbano e inocente dos anos 50 pronto para ser deturpado. Não demora muito para vermos alguns micros universos já sendo interferidos pela bizarrice que acompanha o circo de horror – o grupo de donas de casa se “aliviando” com Jimmy Darling (Evan Peters), mais conhecido como o “Garoto Lagosta”! O piquenique cliché do casal perfeito americano sendo interrompido brutalmente!

Quando olhamos para o hall de personagens estranhos que teremos este ano é difícil não abrir um sorriso. São muitas as possibilidades e, querendo ou não, essa temática explorada pela série é menos cansada do que as outras. Duas figuras chamam a atenção (ou seriam três?): Elsa (Jessica Lange) confunde com suas intenções, mas acaba humanizada ao expor suas fraquezas (nada mais vulnerável do que alguém desesperado pela fama) e Dot/Bette (Sarah Paulson), irmãs siamesas e uma das novidades da temporada, intrigam não somente pela anatomia bizarra, mas por serem realmente fascinantes.

Elas geram recursos visuais interessantes como as câmeras divididas – expondo as visões em primeira pessoa de cada uma – e os ângulos que as separam tornando-as “únicas”. Também apresentam vias narrativas muito interessantes como o compartilhamento de pensamento e as personalidades polarizadas.

 

TWINS– Resumindo Dot e Bette até então –

Tudo só arranhado até agora, sem aprofundar, mas atiçando a curiosidade. Dot é mal humorada e desconfiada, Bette é doce e ingênua. Temos por exemplo a mulher barbada (Kathy Bates, ainda mais poderosa com barba) como a voz da razão, acalmando os ânimos aqui e ali, o já citado “Garoto Lagosta” como o galã revoltado em busca de seu lugar ao sol e, do lado de fora do circo de horrores, uma rica senhora (Frances Conroy) e seu filho (Finn Wittrock) que aparentemente não devem nada no quesito excentricidade.

A cereja desse bolo circense não poderia ser outra: Twisty, o palhaço (John Carroll Lynch). Muito se falou do vilão, um tanto se mostrou durante a divulgação. Agora, acho que podemos dizer com propriedade que o cujo é o diabo em pessoa. Parabéns aos figurinistas e maquiadores que deram vida aos pesadelos de milhares de pessoas. E ao ator que, por baixo de todas essas camadas de tinta e pano, apavora basicamente com grunhidos e olhares. Como é possível algo tão batido como um palhaço do mal parecer tão diferente a esse ponto da dramaturgia televisiva? Não sei… Mas parece.

 

Twisty-Clown

 

Como se não estivesse bom, ainda somos presenteados com uma catarse inesperada: Usando da licença poética, vemos Elsa cantar “Life On Mars ?” de David Bowie (lançada em 72) em uma cena musical nonsense que contextualiza pontos do episódio e define o tom. Quando vejo, já fui fisgado, o circo já está armado e as atrações estão ali.

Meus ingressos estão comprados para o resto da temporada.

 

Elsa-Life-on-mars

 

Observações:

– Melhor cena do episódio sem dúvida foi Bette dizendo à mãe que queria ver Cantando na Chuva em um glorioso TECHNICOLOR! OH GLÓRIA!
– O que aconteceu em Alabama?
– Sexo, bizarrice e horror sempre foram o Mix básico de AHS, mas a orgia dos monstros regada a ópio rompeu barreiras.
– O palhaço dá muito medo, mas “Meep, The Geek” arrancando a cabeça de uma galinha com a boca, para mim, foi o ponto alto do terror.
– Como esperado, aparecem várias referencias a “Freaks” (clássico de 32) na série. Rolou alguns “One of us”, só faltou a musiquinha.
– Revelação interessante no final do episódio. Jessica Lange dará um adeus bonito à série.


Pedro Matteu

Além de séries, apaixonado por cinema, HQ's, Stephen King e livros de dragõesinhos.

Jaguariúna/SP

Série Favorita: Game of Thrones

Não assiste de jeito nenhum: Grey's Anatomy

×