Séries que não contrataram roteiristas mulheres ou POC em 2011-2012

E por que é importante saber dessa estatística do título?

Como disse na blogagem coletiva pela eliminação da discriminação racial, é importante para qualquer pessoa se ver representado em programas de televisão e para expor os pontos de vista das minorias nas histórias – e, convenhamos, a gente só tem a ganhar com mais tramas a serem desenvolvidas. Essa é uma questão que está sendo debatida nos Estados Unidos e a Alyssa Rosenberg, do Think Progress, escreveu um artigo bem interessante sobre o tema baseado em um relatório do Writers Guild of America West, o sindicato que representa os roteiristas de filmes, programas de TV, rádio e novas mídias da costa oeste dos EUA.

Posto a tradução abaixo, mas quem quiser ler no original, pode clicar aqui.

Shonda Rhimes e alguns atores de suas séries Grey’s Anatomy, Private Practice e Scandal.

“O relatório de 2013 do Writers Guild of America West sobre o staff de televisão, a análise da organização sobre quem foi contratado para para escrever os programas da televisão americana durante a temporada de 2011-2012, foi publicada e, como de costume, os resultados sobre a porcentagem de mulheres e pessoas de cor [ou seja, não caucasianos] como roteiristas não foi animadora. Dos 1722 roteiristas que escrevem para 190 programas, 519 ou 30,5% deles são mulheres e 269 delas são pessoas de cor [people of color ou POC em inglês]. Para as mulheres, isso é 5% a mais do que a temporada de 1999-2000, como o relatório diz “nessa progressão, levará 42 anos até que as mulheres – cerca de metade da população dos EUA – alcance uma representação proporcional de empregos nos bastidores da televisão”. E para as pessoas de cor, o aumento da porcentagem é misturada: roteiristas asiáticos e latinos aumentaram 2,9% desde 1999-2000, mas o número de afro-americanos teve um crescimento mais lento no mesmo período, indo de 5,8% para 6,5% de todos os escritores. Se a porcentagem de roteiristas afro-americanos continuar a mesma (0,63%), levará 87 anos para os negros terem a mesma representação na equipe de roteiro que tem na população do país.

Parte da razão desses números serem tão frustrantes de ver é que só precisamos de alguns programas para fazer a diferença. Como o relatório mostra, “até o recente crescimento de dramas multiculturais como Grey’s Anatomy e Scandal [ambos criados por Shonda Rhimes] não havia séries dramáticas que tinham uma massa crítica de minorias em papéis principais ou como roteiristas”. Se todos os 55 programas que não contrataram nenhuma pessoa de cor em 2011-2012 tivesse contratado uma pessoa de cor, a representação do roteiristas de cor na televisão aumentaria 3%. E temos vários exemplos para mostrar que não é impossível encontrar mulheres e pessoas de cor para ocupar qualquer vaga de emprego. 50% dos produtores executivos da MTV, 43,5% dos produtores executivos da CW e 38,5% dos produtores executivos da ABC são mulheres. 13,3% dos produtores executivos da ABC são pessoas de cor, um número significantemente liderado, novamente, por Shonda Rhimes. 55% dos roteiristas do BET [Black American Television, canal voltado ao público afro-americano] são mulheres e 95% deles são pessoas de cor. Claramente há mulheres e pessoas de cor disponíveis e querendo trabalhar na televisão, se alguém quiser contratá-los.

Ou, como a atriz, roteirista e ativista Marlo Thomas disse quando perguntei a ela como encontrou roteiristas mulheres para o That Girl, num tempo em que a televisão era ainda mais masculina e branca: “bem, você procura por elas. Você chama os agentes e fala ‘quais roteiristas de comédia que você conhece que são mulheres? Estamos procurando por mulheres para escrever That Girl’. Nós vamos aos agentes dos roteiristas. Alguém pode ver um nome no programa de outra pessoa e dizer que [o programa] é muito bom. Mas quando colocamos um anúncio desses para os agentes, eles mal podem esperar para conseguir trabalho para os roteiristas”.

É uma dica que 19 programas que não contratam mulheres em 2011-2012 e 55 programas que não contrataram pessoas de cor durante o período podem levar em consideração. É preciso notar que a falta de diversidade na sala de roteiro não define a qualidade ou falta de representatividade na tela. Mike White, que escreveu todos os episódios da primeira temporada de Enlightened [leia as nossas primeiras impressões da série], criou um dos retratos mais complexos e solidários a uma mulher que já existiu na televisão. E Breaking Bad, que não contratou nenhuma pessoa de cor, criou um dos papéis mais sutis e complexos de um homem de cor na televisão da última década. Mas só porque homens brancos podem acertar em papéis femininos e de pessoas de cor não significa que essas minorias são irrelevantes – só diz que o padrão de homens brancos escrevendo esses papéis deveria ser mais alto. A lista de programas que não contrataram mulheres ou pessoas de cor na temporada 2011-2012 dá uma ideia clara de quais roteiristas estão acima de suas próprias experiências de vida e quais estão precisando de uma nova perspectiva na sala de roteiro:”

Séries de TV que não contrataram mulheres durante a temporada 2011-2012