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Mad Men – 7×08 Severance

Por: em 6 de abril de 2015

Mad Men – 7×08 Severance

Por: em

Quase nove meses se passaram desde Waterloo e os anos 70 finalmente chegaram à série da AMC, mas poucas coisas mudaram. Como sempre, Mad Men concentrou seus holofotes em Don Draper, que resolveu se entregar aos “maus costumes” que tanto tentou esconder até aqui. A bebida ainda é parte da rotina, assim como os cochilos entre os compromissos e os relacionamentos parecem mais efêmeros.

Não é de se estranhar que os desvios de Draper tenham se tornado sua vida. Em Waterloo, Don recuperou seu posto na empresa, ficou milionário com a fusão e recebeu a visita do fantasma de Bert cantando que “the best things in life are free“. Ironicamente, não sobrou mais de Don do que status.

Don não parece estar preocupado com sua decadência moral escancarada. Seu trabalho, por exemplo, não tenta ser inteligente e usa do óbvio que é vender casaco de pele com modelos pouco vestidas. Seu passado, que antes era tratado como segredo de estado, é hoje usado para entreter moças em um restaurante. O brinco perdido de Megan é jogado para trás sem nenhum problema. Não há nada a perder, por isso, não há nada com o que se preocupar.

mad-men-don-draperAo chegar em seu apartamento, Don acende e apaga as luzes rapidamente. Prefere o escuro, sinal de quem não está acostumado com a própria presença.

Os fantasmas continuam a assombrá-lo. Desta vez, Rachel Katz reaparece com mensagens mais sutis do que Bert. “You missed your flight” diz o fantasma de Rachel para Don usando uma das peças de pele do casting lembrando de quando Don tentou convencê-la a ir para Los Angeles e começar uma nova vida. Rachel era só uma desculpa para a fuga da realidade, ela sabia disso e recusou a oferta dizendo “You just want to run away. You’re a coward!”. Mas Rachel foi a única, naquele momento, capaz de desafiá-lo.

Outros escapes amorosos foram propostos por Don e realizados com relativo sucesso. O casamento com Megan, uma pessoa mais leve e livre do que ele, talvez fosse a fuga da realidade que ele sempre quis. Porém, seu segundo casamento terminou de forma tão desastrosa quanto o primeiro e muito por culpa dele. Quando ele vai para a ‘cerimônia de sétimo dia da morte’ de Rachel, a irmã dela, surpresa com a presença de Don, trata de lembrá-lo: “she lived the life she wanted to live”. O mesmo vale para ele.

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Porém, um escape amoroso não é para qualquer um. Peggy tenta seguir o mesmo caminho do seu ‘mentor’ nesse episódio, mas não obtém sucesso.

É engraçado observar as decisões de Peggy porque elas mostram as contradições da personagem. Mathis oferece um encontro para ela com seu cunhado e para convencê-la acrescenta “he has a car”. Provavelmente, ele imaginou que alguém bem sucedido como ela teria algum efeito no coração da chefe. Mas para Peggy, o interesse não está no outro e sim nela. Stevie só consegue conquistar seu interesse depois que ele a descreve como “girl who doesn’t put up with things” e completa lembrando que Mathis diz que ela é “funny and fearless”. 

Peggy sempre lutou para provar que ela não é “aquele tipo de garota” e ser reconhecida por isso é importante. O fato do passaporte dela estar na agência só mostra como ela necessita urgentemente de uma viagem para Paris. Peggy precisa de um escape.

Porém, se entregar a uma viagem não significa entrar no ‘grupo das mulheres que acreditam nesse tipo de fuga romântica’ e esse parece ser o grande embate para a personagem. Ela acredita que o jeito “new fashioned”, que ela tentou diversas vezes, é a razão para os relacionamentos não terem dado certo e por isso, ela não deve transar no primeiro encontro ou deve embarcar nessas viagens amorosas. Um pouco antes no encontro Stevie pergunta: “What am I supposed to do? Send it back like a prima donna? So I can either be a jerk and send it back or eat it and look weak?”. Peggy não responde, mas no fundo esperava que esse homem soubesse o que fazer nesse tipo de situação e soubesse o que fazer em qualquer tipo de situação.

Peggy se comporta, muitas vezes, como uma desesperada romântica em busca do príncipe encantado, mesmo não sendo uma. Espero, que aos poucos, ela descubra que a saída não é necessariamente essa.

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Essa atitude estereotipada que ainda rege as atitudes de Peggy refletiram no jeito que ela julgou Joan logo que elas saíram da reunião. Joan representa, pelo menos na cabeça de Peggy, “aquele tipo de garota”, que geralmente pode apelar para as “artimanhas femininas” para conquistar o que quer.

O corpo de Joan nunca foi uma desvantagem e analisando a trajetória dela até aqui é fácil julgá-la, afinal ela transou para conquistar o cargo que ocupa hoje. Mas naquele cenário, ela não foi respeitada exatamente por isso. Porém, não há como fugir dessa situação. Por isso, é interessante que ela também busca alívio em seu corpo e mostra poder ao usá-lo. A cena mais poderosa do episódio é quando ela está fazendo compras e tem o prazer de recusar descontos.

Quando Peggy sugere que ela não devia se importar com essa situação porque “You’re filthy rich. You don’t have to do anything you don’t want to” é um pouco doloroso. Diferente de Don, Joan está no melhor momento da sua carreira, quer se arriscar e ser respeitada pelo trabalho competente que está desenvolvendo.

Ken é outro que está buscando, um pouco na marra, respeito. O episódio foi uma montanha russa de emoções para, mas o que foi encarado como “sinal de Deus”, que finalmente iria libertá-lo para dedicar sua vida à escrita, virou um “sinal do inferno” para Roger e Pete. É o começo da vingança.

 

Outros comentários:

  • O que dizer do bigode do Roger e do Ted?
  • Is that all that is?  de Peggy Lee é a música que toca no fim do casting. A música fala sobre alguém tão desiludido com o amor que a bebida é o único conforto. Nada é aleatório!
  • No sonho de Don com Rachel, Ted abre a porta, mas quem fecha é o Pete. Isso é interessante porque, Ted e Pete são dois opostos!

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New Business é o próximo episódio de Mad Men e será transmitido no dia 12 de abril. Enquanto isso, contem para os Apaixonados o que acharam desse episódio?

 

 

 

 

 

 


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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