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Dead Like Me – Quando a vida após a morte vira série

Por: em 31 de outubro de 2010

Dead Like Me – Quando a vida após a morte vira série

Por: em

Há seis anos ia ao ar o último episódio de Dead Like Me, série exibida no canal Showtime, criada por Bryan Fuller. Fuller, aliás, nunca obteve muito sucesso com suas séries. Wonderfalls teve apenas uma temporada enquanto Pushing Daisies foi aclamada quando estreou mas cancelada por grande queda na audiência. Dead Like Me não foi muito diferente!! Lançada em 27 de Junho de 2003, a série teve 29 episódios em duas temporadas e frequentemente passa batida pelos fãs de seriados. Mas para quem, assim como eu, conhece a história, acompanhou e viveu cada minuto de Dead Like Me, ela será para sempre lembrada.

A HISTÓRIA

Georgia Lass (Ellen Muth), mais conhecida como George era filha de Joy e Clancy Lass e irmã mais velha de Reggie. Por ser mais madura do que os jovens de sua idade, George desenvolveu alguns sintomas de sociopatia, e não aproveitava a vida, odiando a todos, sendo grossa e mal educada, nunca deixando ninguém se aproximar, principalmente algum garoto. Depois de largar a faculdade no primeiro semestre, George tenta encontrar um emprego após a mãe pressionar o suficiente. É na agência de serviços temporários Happy Time que ela arranja um trabalho e logo na primeira hora de almoço George Lass é morta!! Morta aos 18 anos atingida por um assento sanitário da estação espacial russa Mir que havia se desprendido.

Para sua surpresa, George se viu apenas há alguns passos do lugar de sua morte, nada de luzes, anjos ou nada parecido com céu. Ao invés disso, ela foi recebida por Rube Sofer e Betty Rhomer, dois grim reapers (ceifeiros) que estavam ali para ajudá-la em seu novo trabalho: ser uma deles!! Dead Like Me apresenta a vida após a morte em duas formas: existem os grim reapers, pessoas que já morreram mas andam na Terra, com aparência física diferente para os demais humanos, que tem como emprego ceifar, ou seja, tirar a alma das pessoas que estão prestes a morrer para que elas não sintam nenhuma dor. Cada grim reaper tem uma cota de almas a coletar, que pode ser de uma a bilhões e eles não tem ideia de quantas são. Quando acontece da alma de uma pessoa ser a última, o grim reaper pode então ir para o céu, enquanto a última alma coletada fica no lugar dele para trabalhar. E esse era o destino de George.

Dead Like Me conta a história de George em sua nova vida. Ela trabalha em um grupo de grim reapers de Seattle, cuja repartição cuida de Influências Externas, ou seja, mortes por acidentes, homicídios ou suicídios. Como ela precisa ficar na Terra para fazer seu trabalho, George recebe nova identidade e passa a ser conhecida como Millie no lugar onde trabalha. Os grim reapers não recebem salário ou nada do tipo, são obrigados a viver como pessoas comuns, que trabalham, ganham dinheiro, pagam contas, precisam de casas para morar, roupas para usar e comida para comer. Sua única útil regalia é regenerar rapidamente de qualquer machucado. É como Millie que George volta a trabalhar para a Happy Time e sua nova vida a muda completamente.

Ao longo da série vamos acompanhando George se ajustando a vida após a morte, fazendo amizades com seu grupo e ainda visitando a família, algo que ela deveria ser proibida de fazer, porque os Lass devem seguir em frente sem sua filha. Cada episódio vemos avanços na personalidade de George, que passa a ser mais acessível e simpática, percebendo os erros da antiga vida. Ao mesmo passo que ficamos conhecendo mais da vida dos outros personagens, também nos apresentam diferentes aspectos do universo dos grim reapers e das chances que temos em vida e não sabemos aproveitar.

Dead Like Me conta com uma narradora, que é a própria George, interferindo em diversas cenas para narrar algum acontecido. A movimentação de câmera é um dos aspectos mais interessantes e que chama atenção por ser tão bem feita. As cores são mais fortes e tudo é mais bonito, algo comum em séries de Bryan Fuller, e o diálogo é rápido e bem escrito, com referências culturais e um fantástico humor negro, famoso em séries do canal Showtime. As mortes não são bonitas e nada é um conto de fadas. A série mostra a realidade e a fantasia da vida após a vida. É impossível não se apaixonar.

OS PERSONAGENS – GEORGE

Já falei bastante da vida de George, mas o interessante mesmo é acompanhar sua evolução. É fácil odiá-la, pois seu temperamento e sua personalidade a transformam em um ser complicado de conviver. Mas em sua nova chance George se renova, faz amigos e tenta viver a melhor vida possível. Nem tudo são flores, já que ela bate na mesma tecla inúmeras vezes, contestando a autoridade do líder do grupo de grim reapers, e constantemente visita escondida sua família e interfere em momentos importantes como no divórcio dos pais. Claro que eles não sabem que aquela garota é a filha deles, pois sua aparência física é diferente para eles, mas seu espírito ainda é o mesmo e acaba passando sensações estranhas para a mãe e a irmã.

George é carente, e até quando tenta encontrar um amor ela acaba sem sorte. Como eles não envelhecem, não podem criar laços emocionais, então são proibidos de namorar ou fazerem amigos, o que deixa ainda mais nervosa a já rebelde garota.

OS PERSONAGENS – O GRUPO DOS GRIM REAPERS

Rube Sofer (Mandy Patinkin) é o chefe da repartição de Seattle. Morto em 1927, ele recebe a lista com o nome dos mortos por uma figura desconhecida. Então ele escreve em um post-it amarelo a inicial do nome e o sobrenome completo; o horário aproximado da morte e o local onde acontece, então entrega um post-it para cada grim reaper todos os dias. Rube tem linguajar antigo e acaba virando uma espécie de pai para George, a quem ele chama de peanut, o apelido que ele dera para sua filha.

Daisy Adair (Laura Harris) é minha personagem preferida. É relocada para o grupo quando Betty desaparece, e logo de chegada, é odiada por todos. Bela e fascinante, Daisy é por vezes arrogante e egocêntrica, afirmando que foi atriz e que morreu no set de gravação de E O Vento Levou… o que ficamos sabendo ser mentira, já que Daisy morreu de asfixia em um incêndio em 1938. Egoísta ao extremo, Daisy não se preocupa em roubar artefatos das pessoas cujas almas tirou e afirma ter tido relacionamentos sexuais intensos com famosos como Clark Gable e Charlie Chaplin, mas tudo isso é apenas uma fachada para uma mulher sozinha, que nunca foi amada por ninguém, e que apesar de seu jeito, acaba sendo amada por seu grupo.

Mason (Callum Blue) é de longe o mais engraçado da série. Morto em 1967 após perfurar sua cabeça com uma furadeira, Mason é alcoólatra e tem problemas com drogas, mas é uma pessoa extremamente alegre e simpática, virando um irmão mais velho para George. Originalmente de Londres, Mason fala com sotaque e acaba se apaixonando por Daisy, outra grim reaper do grupo. Ele rouba tanto dos vivos como dos mortos, nunca arranja emprego e vive de bicos.

Roxy Harvey (Jasmine Guy) é aquele típico personagem rude com um grande coração. Roxy foi a verdadeira inventora da polaina mas acabou sufocada em 1982 por uma amiga que queria os direitos da polaina para ela. É policial e durona, mas que está sempre pronta para ajudar George quando ela precisa. Roxy tem muito respeito pelos seus dois trabalhos, tanto como grim reaper, como policial e é a favorita de Rube.

OS PERSONAGENS – A FAMÍLIA LASS

Joy (Cynthia Stevenson) é a mãe de George, uma mulher forte mas que nunca se deu bem com nenhuma das filhas. Frequentemente batia de frente com George e sua vida desanda após a morte da filha. As vezes acaba sendo rude, mas é devido a sua natureza neurótica e sua infelicidade e insatisfação com a vida que vive.

Clancy (Greg Kean) é o pai, professor de inglês e mais apegado a filha do que Joy. Ele e George eram inseparáveis na infância da garota, mas sua personalidade a separou do pai. Sofre mais com a morte da filha e tenta voltar para os braços de Joy, que o rejeita constantemente.

Reggie (Britt McKillip) é igual a irmã, inteligente e madura, mas não só nas coisas boas, pois não se dá bem com a mãe e ignora todos e tudo a sua volta. Ignorada completamente por George até sua morte, Reggie fica aficionada com a morte da irmã, pensando e acreditando (corretamente) que George ainda está por perto. Seu relacionamento com a mãe só piora a medida que fica cada vez mais presa nas coisas da irmã.

OS PERSONAGENS – OS GRAVELINGS

Os gravelings são criaturas que provocam a morte das pessoas cujas almas os grim reapers coletam. Eles não matam as pessoas, mas são os responsáveis por causar os acidentes ou levar alguém a matar outra pessoa. Pessoas comuns não conseguem vê-los, apesar de um esquizofrênico ter visto um no episódio 1×07. Os grim reapers conseguem enxergá-los de relance antes das mortes acontecerem. Os gravelings possuem um dia de folga por ano, onde ficam perturbando os reapers e quebrando lápides no cemitério. Por flashbacks ficamos sabendo que George viu gravelings em duas ocasiões em sua infância, uma delas na qual eles deixaram ela viver.

OS PERSONAGENS – SECUNDÁRIOS

Delores Herbig (Christine Willes) é a secundária mais principal da série. Sem Delores, Dead Like Me não seria a mesma. Ela é a chefe de Millie (George) na Happy Time e vira uma espécie de amiga-mãe-conselheira da garota. Seu gato Murray é sua paixão e ela tem até um site onde as pessoas pagam para vê-la fazendo afazeres diários, como lavar a louça. Como outros personagens na série, Delores é infeliz e sozinha, procurando por relacionamentos duradouros.

Dou gargalhadas cada vez que Crystal (Crystal Dahl) aparece na série. Ela é a recepcionista da Happy Time e totalmente estranha. Crystal parece saber mais da vida após a morte, visto que há indícios de que ela é capaz de ver uma alma que Daisy leva no escritório. Outros indícios são que ela viu George como ela é realmente (no Halloween os grim reapers precisam usar máscaras pois é o único dia do ano que eles podem ser vistos pelos humanos como realmente são). Além disso, Crystal ajudou os grim reapers diversas vezes quando precisavam de ajuda, embora nunca tenham esclarecido completamente na série.

Kiffany (Patricia Idlette) é a garçonete que atende os grim reapers na lanchonete Der Waffle Haus, o local de encontro do grupo em todos os episódios. Ela adora os clientes, principalmente os grim reapers e parece saber sobre eles, já que escuta todas as conversas sobre mortes, coleta de almas e regeneração. No dia das Bruxas não pareceu assustada quando os viu com a aparência física real. Leal e simpática, Kiffany adora George e Rube, seus dois melhores clientes.

Ray Summers (Eric McCormack) é um produtor de reality show que se interessa e se envolve com Daisy. Nenhum dos outros reapers gosta dele, pois é grosso e estúpido com Daisy. Uma vez quando bate nela, Mason interfere e acaba matando Ray, que vira um graveling maligno, e só deixa Daisy em paz quando George coleta sua alma.

Charlie (Spencer Achtymichuk) é um garoto que morreu em 1997. As crianças que morrem e viram grim reapers recebem trabalhos para coletar a alma de animais e um de seus trabalhos é a coleta da alma de J.D., o cachorro que George dá a irmã Reggie. PS: o cachorro que “interpreta” J.D. é o mesmo que viria a fazer Digby, o cão de Ned em Pushing Daisies.

Betty Rhomer (Rebecca Gayheart) é uma grim reaper que foi morta em 1926 após pular de um penhasco e frequentemente usa um linguajar de sua época. Inquieta, Betty sente necessidade de saber mais e mais sobre tudo, principalmente sobre a vida após a morte e o que acontecem com as almas quando elas vão para a luz. Vira amiga de George, mas deixa a série logo em seu início após ir junto com uma alma para dentro da luz. Ela é substituída por Daisy.

O CANCELAMENTO

Apesar de criada por Bryan Fuller, o diretor deixou a série após os 5 primeiros episódios, dizendo que o clima de trabalho era terrível. Fuller anunciou que foi a pior experiência em sua vida profissional, contando que nos bastidores o clima era de guerra e que seus supervisores ficavam cortando cenas que ele considerava de grande importância para a série. Fuller ainda falou da falta de profissionalismo e que a Showtime fez bem ao cancelar a série, percebendo que os problemas só aumentariam e que a qualidade da série acabaria se perdendo. O motivo principal do cancelamento foi a baixa audiência citada por trabalhadores da Showtime. Entretanto, produtores executivos chegaram a declarar que a audiência de Dead Like Me era três vezes maior que a média do primetime do canal.

O FILME

A MGM decidiu produzir um filme que poderia reviver a série, e em 17 de Fevereiro de 2009, Dead Like Me: Life After Death foi lançado diretamente em DVD. A história se passava 5 anos após o término da série e por motivos conflitantes de trabalhos, o roteiro sofreu mudanças extremas. Mandy Patinkin, o intérprete de Rube não assinou contrato e outro chefe, interpretado por Henry Ian Cusick (o Desmond de Lost) assumiu o lugar de Rube. Laura Harris, a Daisy, também não pode atuar devido a sua série Women’s Murder Club e ao invés de retirarem a personagem, contrataram outra atriz para interpretar Daisy. A atriz foi Sarah Wynter, e Daisy perdeu todo o seu brilho e charme sendo interpretada por uma atriz diferente. Os outros personagens como George, Mason, Roxy, Joy, Reggie e Delores retornaram no filme, que serviu como um final para a série, apesar de todas as diferenças.

A ABERTURA

A abertura de Dead Like Me é frequentemente comentada e geralmente entra na lista de melhores aberturas de séries. Ela capta perfeitamente o humor negro da série. Os grim reapers originais, os que nós chamamos de Morte, usam capas pretas e foices para coletar as almas e são eles que estrelam a abertura. Ela mostra esses grim reapers vivendo entre os humanos normalmente, indo a academia, jogando basquete, lavando roupa ou trabalhando. É exatamente isso que acontece na série, sem as fantasias, é claro. A música é divertida e agita ainda mais essa bela abertura.

POR ONDE ANDAM

A estrela de Dead Like Me, Ellen Muth nada fez de importante após dar vida a George, o que é uma pena, visto que Muth teria muito para mostrar interpretando personagens com outras personalidades. Por Dead Like Me, Muth foi indicada a melhor atriz nos prêmios Saturn e Satellite, mas não levou nenhum. Mandy Patinkin é, provavelmente, o ator mais famoso do seriado. Vencedor do Emmy de 1995, Patinkin recebeu sucesso recente no seriado Criminal Minds onde interpretou Gideon nas duas primeiras temporadas.

Laura Harris tentou outras duas séries após Dead Like Me. Ambas duraram uma temporada de 13 episódios com Harris sendo parte do elenco regular. Ela interpretou a advogada Jill Bernhardt em Women’s Murder Club e mais recentemente a geóloga Zoe Barnes em Defying Gravity. De importante em séries, Callum Blue interpretou Alex na 1ª temporada de Secret Diary of a Call Girl; Sir Anthony Knivert na 1ª temporada de The Tudors e atualmente pode ser visto em Smallville como Zod.

Recentemente Jasmine Guy pôde ser vista na 1ª temporada de The Vampire Diaries como a avó bruxa de Bonnie; enquanto Cynthia Stevenson trabalhou em 27 episódios de Men In Trees como Celia Bachelor, 13 de Surviving Suburbia como Anne Patterson e pode ser vista atualmente em Life Unexpected como Laverne, mãe de Cate e avó de Lux.

Se você é fã de séries de fantasia com um ótimo humor negro, vale a pena assistir Dead Like Me, uma série leve e fascinante, que infelizmente acabou cedo no dia 31 de Outubro de 2004 com um episódio de dia das bruxas. E falando nisso, hoje é dia de pedir doces nas casas dos outros. Feliz Halloween para todos vocês.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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