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Homeland – Vale cada minuto!

Por: em 18 de dezembro de 2011

Homeland – Vale cada minuto!

Por: em

Esse post se divide em duas partes. Primeiro comento a série como um vale cada minuto, para aqueles que nunca viram e desejam saber sobre o que se trata, portanto é spoiler free. A segunda parte é para aqueles que estão esperando a season finale, onde teorizo e comento os rumos da 1ª temporada e seu final, ou seja, está repleto de informações sobre o enredo.

Todo fã de TV tem um canal preferido. Do qual assiste a maioria das séries, ou mesmo gênero. Sou assim com o Showtime. Sou apaixonado pelas dramédias do canal, e gosto da proposta fiel e não menos irônica, que eles assumem à realidade de diversos problemas. O que mais me chama atenção é a constante tensão psicológica aplicada nos seriados do Showtime. Mesmo as mais cômicas possuem um personagem com uma grande carga dramática no quesito psicológico.

Quando li a sinopse de Homeland, rapidamente pensei “poxa, mais uma história para celebrar o orgulho ferido americano após o 11/09, mostrando como eles são heróis e como os vemos erroneamente”. Acontece que bastou apenas o piloto…apenas o primeiro episódio para eu estar preso a trama de Homeland, que não se preocupa em não mostrar a sujeira que pode ser a política, não só de seu país de origem, mas do mundo como um todo. Cheio…recheado de carga psicológica; atuações esplêndidas; surgiu a melhor estreia de 2011.

Para quem ainda não está assistindo, Homeland é uma adaptação do seriado israelense Hatufim, que conta a história do Sargento Nicholas Brody e da agente da CIA, Carrie Mathison. Em uma missão no Iraque, Carrie descobre que um prisioneiro de guerra americano foi convertido, e que agora está trabalhando com a Al-Qaeda para planejar um atentado terrorista aos Estados Unidos. Já Brody, foi dado como morto um tempo depois de desaparecer em uma missão, também no Iraque, em 2003. Após oito anos, o sargento é encontrado vivo, e levado para os Estados Unidos como um herói nacional que sobreviveu aos abusos físicos e emocionais do terrorismo. Com a informação que tem em mãos, Carrie liga os pontos e deduz que Brody é o tal prisioneiro convertido, que voltou para acabar com seu país.

Esse é o plot básico de Homeland. Porém, a série vai muito além. Com um roteiro inteligente e ágil, passamos a maior parte do tempo tentando entender aqueles personagens. Pistas são colocadas aqui e ali, mas não sabemos se Brody realmente se converteu; ou se toda confusão é apenas parte da mente perturbada de Carrie, que tem problemas psicológicos. A tensão é tão bem feita que uma das melhores cenas que eu vi nesse ano foi em uma conversa dos personagens Brody e Carrie durante um final de semana na casa de campo da família dela. Toda a direção dos atores e a edição da cena, estiveram perfeitos. Porém, não é só com esses dois personagens que passamos aperto. Claro, a série se dá muito bem pela atuação de Claire Danes e Damian Lewis.

Danes está formidável. Sua atuação está longe de tudo o que eu imaginava para uma mulher perturbada que trabalha para o governo. Foge de qualquer clichê, qualquer piloto automático ou área de conforto. Carrie é capaz de tudo para provar que suas teorias estão certas, então ultrapassa inúmeras linhas, entupindo-se de segredos tanto para a família, colegas de trabalho e o próprio Brody, o que deixa a personagem extremamente tensa. Danes passa essa tensão com tanta maestria que não chega a parecer interpretação em nenhum momento. A atriz construiu tantas camadas para Carrie que ela é completamente instável. As ações da personagem são arriscadas e sem julgamentos, o que torna tudo mais ágil e explosivo, pois não sabemos seu próximo passo. Sabemos que toda série precisa ter elementos surpresas, mas com Carrie e Brody como personagens, Homeland cria um ar de suspense psicológico a cada episódio.

Tão bom quanto Danes, está Damian Lewis, no papel do sargento Brody. Ao passo que vamos conhecendo sua história, é difícil não simpatizar, mas ao mesmo tempo, não se aterrorizar com a vida do personagem. Por lembranças, ficamos sabendo de algumas coisas que aconteceram durante os oito anos em que Brody esteve como prisioneiro da Al-Qaeda e de como ele reage ao estar de volta ao “mundo normal”. Os medos, os pesadelos, o pânico na tensão corporal de Brody são tão bem interpretado por Lewis, que até sua respiração ofegante tentando ser controlada merece créditos. O retorno ao dia-a-dia, como nem saber o que é You Tube, é bem mostrado em Homeland. A família Brody é outro trunfo da série. Os filhos são ok, mas Jessica, a esposa, está sensacional sendo interpretada por Morena Baccarin, que sofre ao esconder segredos, ao mesmo tempo que está feliz em ver o então ex-marido, vivo. Jessica parece prestes a desmoronar em certos momentos, e em alguns realmente o faz, como em uma cena íntima específica entre ela e Brody, com uma atuação emocionante e melancólica de Morena.

No ambiente da CIA, ainda conhecemos mentor e amigo de Carrie, Saul, a quem Mandy Pantinkin dá vida. O ator é excelente, e a série não precisa de diálogos excessivos para expressar os sentimentos de Saul, pois Patinkin passa tudo pelo olhar. A série vai trabalhando as teorias de Carrie e seus problemas psicológicos interferindo no âmbito profissional e pessoal; enquanto acompanhamos a vida de Brody e sua família, nos deixando presos na cadeira para saber se ele realmente está trabalhando para a Al-Qaeda. Política e romance se intrometem no meio de toda a trama de espionagem, conspiração e suspense, deixando tudo ainda melhor. Não é a toa que a série está concorrendo a três WGA e três Globos de Ouro, incluindo melhor série e atores para Danes e Lewis.

Nesse domingo, dia 18, será exibido o 12º e último episódio da primeira temporada de Homeland, que terá 90 minutos de duração. A série já garantiu uma 2ª temporada através dos altos níveis de audiência e aceitação universal da crítica especializada. Passe sua tarde assistindo os episódios e corra para ler a parte seguinte desse texto, que contém severos spoilers:

Agora a conversa é com vocês atualizados com Homeland. Essa finale deve ser desesperadora, afinal, quem irá parar Brody e Walker? Quais são as reais intenções de Abu Nazir com a conversão dos dois? O que sabemos realmente é que a jogada psicológica com Brody foi excelente. Vê-lo naquela tortura, ser forçado a matar o amigo Walker – ele pensava mesmo que havia feito isso – e então ser recebido de braços abertos por Nazir. Sair daquele desconforto causa um alívio tão grande, que não importou para Brody quem o tirava de tal miséria, mesmo que tenha sido quem o colocou nela para começo de história. Você não quer mais sofrer, e após tantos abusos, é bom estar limpo, sem dor, numa cama, com comida. Mas a jogada de Nazir foi ainda mais inteligente quando fez Brody se apegar ao filho Issa. Claro, o atentado veio dos Estados Unidos para tentar acabar com Nazir, mas e se o terrorista já sabia sobre o ataque e entregou seu filho para a morte? São somente especulações, mas não sabemos até onde eles estão dispostos a ir para alcançarem seus objetivos. O fato é que coincidência ou não, a morte de Issa e a mentira esfarrapada do vice-presidente americano de que as imagens eram falsas, incitaram a raiva de Brody, que acabou sendo o estopim para toda a vontade de se vingar de seu país.

Onde ele pretende explodir a bomba que estará usando? Não imagino a 2ª temporada continuando sem Brody e sua família, então não consigo pensar em um cenário em que ele tenha sucesso como homem-bomba. Até porque existem diversas variáveis. Ele pretende matar o vice-presidente em algum comício político? Será que com toda a segurança, ninguém suspeitaria da bomba, que estufaria mais o personagem? E temos Dana, que já estava fuçando no “presente” de Jessica. Ela e o namoradinho estão achando Brody muito estranho, e por mais que eu ache essa suspeita de Dana um pouco repentina, acredito que fará bem a série e pode ser o que “salvará” Brody.

O presidente quer usar o lugar no aeroporto de qualquer forma. Claro, Walker não conseguiria mais atirar do telhado daquela casa, pois diversos policiais estariam ali, mas será que ele conseguiria se dar bem na missão, ou a CIA conseguirá pegá-lo antes de tudo? Tudo pode se complicar, afinal Carrie está mais perturbada do que nunca. E sério pessoal, que atuação perfeita de Claire Danes. Agora sabemos enfim o que ela realmente tem: transtorno bipolar, uma condição séria, que precisa de tratamento, ou pode levar até o suicídio quando a pessoa se encontra nas fases mais depressivas da doença. O transtorno expressado por Danes é digno de qualquer premiação. Desde a obsessão com a caneta verde, até o desespero final ao saber que está fora da operação; a atriz esteve impecável. Como Estes sabe da doença, ela deverá se desligar da CIA, e não faço ideia dos atos que ela pode cometer agora que estará mais revoltada e perturbada que nunca. Já imaginaram se ela resolve ajudar Brody? Não consigo dizer que isso é impossível. O transtorno bipolar leva a pessoa a tomar decisões irracionais, ou completamente diferentes das que ela tomaria se estivesse medicada.

Porém, se Saul for capaz de resolver todo o enigma dos motivos de Nazir e das missões através do quadro de Carrie, ela pode sair por cima. Ao ver o que ela é capaz de fazer – até mesmo salvar o país – Estes pode permitir que Carrie continue na CIA. Não lembro se citaram datas da época que Issa foi morto no Iraque. Mas imagino que seja em 2009, que significa a parte amarela do quadro de Carrie, a fase de luto de Nazir, que o fez tomar todas essas decisões ainda mais radicais. Tudo faz sentido, pois Carrie comentou algo com Brody e ele entregou o romance dos dois para a CIA. Ele sabia que ela estava perto de algo importante, então é melhor tirá-la do mapa. E a pergunta que não quer calar, quem é a pessoa que contou a Walker sobre o encontro na praça? Existiram teorias de uma Carrie com dupla personalidade, algo que já caiu por terra. Então quem? Saul? Todos desconfiam que o personagem esconda alguma coisa…sua perturbação com o polígrafo; o problema com a esposa, enfim. Seria Saul um traíra? Qual o papel de Jessica e até mesmo Mike nessa season finale?

Homeland termina sua temporada esta noite e eu não poderia estar mais ansioso. Quais suas teorias?


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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