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I Am Cait: a transformação televisionada

Por: em 3 de agosto de 2015

I Am Cait: a transformação televisionada

Por: em

“Am I going to do everything right? Am I going to say the right things? Do I project the right image?” Essas são as primeiras perguntas que Caitlyn Jenner faz no primeiro episódio de I am Caitdocumentário/reality show produzido pelo canal E!, que fez sua estréia no dia 26 de julho nos Estados Unidos e no dia 02 de agosto no Brasil.

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A preocupação de Caitlyn com a opinião pública é evidente nessas três perguntas e também durante todo o primeiro episódio. E não é à toa. Das revistas de fofocas à capa da Vanity Fair, a transformação de Caitlyn Jenner tem sido um assunto muito explorado pela mídia. Mesmo com todo cuidado e respeito que muitos (infelizmente, não todos) jornais, revistas e portais de notícias tomaram com a transição, a mudança de uma pessoa trans ainda é um assunto complicado para a mídia mainstream. Com I am CaitCaitlyn assume a autoria da sua própria história.

Caitlyn reconhece que está em uma posição privilegiada e não nega em nenhum momento a responsabilidade que tem com a comunidade trans“I have a voice and there’s so many trans people who do not have a voice. I can’t speak for them, because everybory has their own experience. But I am an expert on my story“.

Mas os momentos mais tocantes do episódio não são aqueles em que Cait retrata sua própria vida, mas quando ela se abre às experiências e problemas dessa comunidade. Durante o discurso no ESPYs neste ano, Caitlyn contou que antes ela não conhecia nenhuma transexual, ela teve que passar por isso sozinha e isso fez essa jornada se tornar incrível e educacional.

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Identidade de gênero pode ser um assunto difícil de discutir sem pesquisar um pouco ou se comprometer com um novo vocabulário e novas ideias sobre identidade e gênero. Por isso, além de uma responsabilidade com a comunidade, I am Cait se compromete um pouco e por necessidade com a educação dessas “novas” ideias.

Para conversar com sua mãe, Esther, e com suas irmãs, Pam e Lisa, Caitlyn chamou uma conselheira para explicar algumas situações, como o fato que transgênero não é uma fase ou algo que pode ser curado e que pronomes são muito importantes. Mesmo assim, Esther não é corrigida quando diz “He’s still Bruce”, para mostrar o apoio à filha, e usa “he” em vários momentos. Até mesmo Caitlyn ainda se refere a si como “Bruce”, principalmente quando ela fala sobre o passado. Não é fácil, como Esther admite em um momento, mas é uma discussão necessária e que deve ser feita na televisão. A jornada de Caitlyn está sendo de aprendizado para ela, família e agora para nós também.

Em entrevista com James Corden, Laverne Cox, a nossa amada Sophia em Orange is the New Blackafirmou que não tinha como Caitlyn passar por essa transformação fora das câmeras e que ela está fazendo isso da maneira apropriada. Mas o mais importante que Laverne disse é que a visibilidade que ela e que Caitlyn têm mostra diversidade e representação da comunidade trans na mídia.

Por isso, é importante ter I am Cait, Orange is the New Black, Transparent e outras séries que assumam essa responsabilidade em retratar pessoas trans sem esteriótipos.

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Mesmo assim, é importante lembrar que I am Cait é do E!, então é tratada, principalmente na construção dos episódios, como se fosse uma outra franquia de Keeping Up with the KardashiansPor isso, Kylie Jenner, a filha mais nova de Caitlyn, aparece para dar um abraço no pai e aproveita para colocar apliques no cabelo dela. Não por acaso, Kylie tem uma linha de apliques desde o ano passado. Kim Kardashian West e Kanye West também fazem uma breve aparição no episódio para dizer algumas palavras inspiradoras, mas também para mostrar um tênis e dar um check no closet de Caitlyn.

O que mais incomoda, é que a aparência de Caitlyn é mais importante do que o que ela diz em vários momentos. Quando ela está conversando com a câmera, são as mãos e unhas que recebem foco. E assim, como qualquer Kardashian/Jenner, o tempo que ela passa na frente do espelho e escolhendo uma roupa é bem grande.

I am Cait tenta encontrar equilíbrio entre entretenimento, educação e militância, talvez esse ponto nunca seja alcançado, mas o importante é o caminho de aceitação e apoio e o discurso de como viver a vida com autenticidade, verdade e amor que está presente em todo momento.

E vocês? Já assistiram I am Cait? Conte nos comentários para os Apaixonados o que achou do reality!

 


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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