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[Maratona] Battlestar Galactica – 3ª Temporada

Por: em 6 de maio de 2013

[Maratona] Battlestar Galactica – 3ª Temporada

Por: em

Nesta nossa divertida maratona, já conversamos sobre a minissérie e sobre as duas primeiras temporadas. Se você ainda não conferiu os outros textos, você encontra todas as informações sobre a maratona e os links para as reviews aqui. Vale a mesma regra de sempre: Se você ainda não assistiu a 3ª temporada, não leia o texto. Assista e depois volte para entrar na discussão conosco. Fique a vontade para comentar, pois assim podemos discutir tudo com mais profundidade e vocês podem me contar as suas impressões sobre a série. Lembrem-se sempre que há pessoas lendo o post que ainda não assistiram a 4ª temporada, então seja legal e não solte spoilers nos comentários. Mas tudo que aconteceu até o último episódio da terceira temporada está liberado! Sentem-se confortavelmente e vamos falar sobre a terceira temporada de Battlestar Galactica.

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season premiere da temporada foi composto de dois episódios, Occupation Precipice. A temporada anterior acabou em um momento crítico. Os cylons mudaram de estratégia e novamente estão vencendo a guerra contra os humanos. É impressionante como muita coisa mudou desde o começo da série. O salto no tempo é grande, sendo que no início desta temporada nos encontramos no 134º dia da ocupação cylon.

Os cylons parecem seguir uma lógica um pouco estranha. A ocupação está acontecendo porque a maioria dos cylons decidiram que a chacina contra os humanos havia sido um erro. Então ao invés de matar todo mundo, criaram um cenário distópico. Eu até poderia criticar a falta de sentido da situação, mas se pensarmos bem no assunto, perceberemos que os humanos provavelmente não agiriam muito diferente se tivessem a oportunidade.

A temporada passada começou a trabalhar um pouco mais o lado dos cylons, mostrando-os mais de perto. Nesta temporada, a história se aprofunda mais e os cylons deixam de ser apenas os vilões super poderosos para terem personalidade. Se você voltar para a primeira temporada, perceberá que na época nós só conhecíamos os cylons através da visão dos humanos (com algumas exceções). Agora a situação mudou. Um personagem que mostra muita força logo no primeiro episódio é o John Cavil, o Número Um. Ele é extremamente cético, sarcástico e louco para cometer genocídio. 

As grandes mudanças na história da série ajudam a manter a trama interessante. Neste momento, não é mais uma grande guerra declarada, como era no início. Agora a situação envolve mais política. O que reprime os humanos não é mais o medo do ataque súbito e sim o medo causado pela opressão. Talvez a situação de dominação psicológica atual seja pior do que a da guerra, em que o perigo da dizimação da espécie era iminente. Neste início de temporada, podemos perceber claramente a evolução de todos os personagens. Até Tigh, que não é um personagem que eu gostava nas temporadas anteriores passa a ser interessante. Por alguns momentos eu realmente acreditei que a execução dos prisioneiros planejada pelos cylons e assinada por Gaius realmente aconteceria.

O terceiro e quarto episódios da temporada são chamados Exodus. Neste ponto, Galactica coloca em ação o plano de resgate dos humanos em Nova Caprica. Como na maioria dos episódios duplos, o primeiro serve para estabelecer o cenário e o segundo acontece toda ação. Depois de um resgaste muito bem construído, os humanos deixam Nova Caprica, voltando ao formato da série em que estávamos acostumados. Mas as coisas estavam longe de voltarem a ser como eram antes.

Em Collaborators, é hora de julgar os crimes de guerra. Agora mais distantes dos inimigos, os sobreviventes em Galactica começam a julgar e condenar a morte aqueles que colaboraram de alguma forma com os cylons, em especial aqueles que formavam a polícia humana em Nova Caprica. Foi criado o Círculo, um grupo formado por seis pessoas para decidir quem eram os culpados durante o tempo de ocupação cylon. Não sei se o Círculo é a melhor forma de se lidar com a situação. Me pareceu que a maioria dos membros só queriam culpar alguém para conquistar sua vingança. Pessoalmente, admiro a atitude de Roslin em oferecer perdão coletivo.

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Em Torn, os Cylons decidem que a Terra será o novo lar da espécie. Muito conveniente, considerando que os humanos buscam a mesma coisa. Como agora temos uma visão privilegiada da vida dos cylons, pudemos aprender novas coisas sobre os inimigos da humanidade. Um conceito que nos foi apresentado neste episódio é o de projeção. A primeira coisa que pensei quando Six explicou como funcionava a projeção foi: “Minha nossa, Gaius é um cylon!”. 

Acompanhar a nave cylon é uma experiência muito interessante. Toda a espécie parece ser intensamente conectada. Fiquei extremamente fascinada pelo Híbrido. Ao mesmo tempo que há muitas diferenças entre as duas espécies, parece que os cylons tem a tendência de se aproximar de seus criadores. Quanto mais o tempo passa, mais céticos e desunidos eles ficam. Seguindo seu próximo discurso, mais distantes de Deus eles se tornam com o tempo.

Seguindo a trilha que supostamente leva à Terra, os cylons foram infectados por uma doença, aparentemente deixada pelos homens da 13º Colônia, há muitos anos atrás. Os cylons da Nave Base tomaram uma decisão que os humanos já tomaram várias vezes. Abandoná-los para morrer. Galactica, sempre a um passo atrás dos cylons, chegam no local e encontram as naves inimigas mortas. Esta, é claro, é uma informação fantástica para os humanos. Eles tem em suas mãos a possibilidade de acabar de uma vez por todas com a ameaça. O problema é que isto implica cometer genocídio. Parece que depois de tudo que aconteceu, nem mesmo os humanos conseguem argumentar que os cylons não passam de torradeiras. Mesmo assim, foi decidido que o ataque biológico seria realizado, mas este foi impedido por Helo.

O oitavo episódio, chamado Hero, trouxe uma história fechada envolvendo Bulldog, um piloto que saiu em uma missão com Adama antes do ataque. Pessoalmente, achei a trama um tanto desnecessária. O episódio serviu como filler da temporada, já que a história foi concluída no próprio episódio.

Unfinished Business lidou com as frustrações dos personagens. Mas tudo que consegui pensar durante o episódio é que Starbuck Apollo deveriam ter superado o passado já faz muito tempo. A relação dos dois é completamente disfuncional. Os dois não funcionariam juntos nem se os dois fossem solteiros. Só para reforçar a teoria de que D. foi extremamente boba de ter trocado o Billy por Lee. Gosto dos dois personagens, mas acho que os dois são muito imaturos em algumas situações.

Achei esta etapa da temporada um pouco enrolada demais. Claro que teve ótimos momentos, mas no geral, demorou demais para acontecer algo de real importância. Gaius na nave cylon estava definitivamente mais interessante do que os acontecimentos em Galactica, principalmente quando a história começou a dar atenção ao fato de ainda não conhecermos os outros cinco modelos humanoides.

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Em The Eye of JupiterChief Tyrol encontrou o Templo dos Cinco no planeta em que estavam coletando alimentos. O Templo seria mais uma pista que a 13ª Colônia deixou para apontar o caminho para Terra. A história volta a desenrolar a partir deste episódio, com a disputa entre humanos e cylons pelo Olho de Jupiter. A disputa em busca do Olho aumenta ainda mais o misticismo em torno do caminho para a Terra.

As conexões entre o Deus dos cylons e os Deuses dos humanos ficam mais interessantes com o passar do tempo. A forma em que cada pessoa, cylon ou humana, lida com as coisas que não são facilmente compreendidas é algo especial nesta série. D’anna ficou fascinada pelas verdades encontradas entre a vida e a morte e com a identidade dos Últimos Cinco. Por causa disto, ela causou um desconforto entre seu povo, o que levou ao encaixotamento de todas as cópias de seu modelo.

Em Taking a Break From All Your Worries temos Gaius de volta a Galactica, com o comando da nave e a presidência tentando extrair informações sobre os cylons. Gostei bastante do episódio, especialmente porque RoslinAdama Gaius são brilhantes. Adama Roslin usam métodos drásticos para conseguir que o prisioneiro fale e não há como negar que foi fantástica a cena em que Roslin grita e ameaça a jogar Gaius no meio do espaço. Gaius demostra seu habitual conflito interior, especialmente nos momentos em que está drogado e não tem como negar seus sentimentos. São momentos como esse que tenho certeza que nenhum outro ator conseguiria interpretar o personagem com a maestria de James Callis.

O décimo quarto episódio, The Woman King, trata do racismo que acontecia contra o povo de Sagittaron. Em um momento do episódio, o médico chega a dizer que o ódio contra tal povo é tão grande que quase alcança o nível de ódio contra os cylons. Tivemos um certo destaque para Karl Agathon. Acho que ainda não comentei com detalhes o que penso sobre o personagem. Ele é provavelmente a pessoa mais teimosa da série. Ele é certinho ao ponto de ser irritante, mas gosto muito dele. Admiro sua coragem, mesmo quando ele é muito inocente para ver as consequências em um plano maior. É muito interessante que haja um personagem na série que não tenha um senso de moral “cinza”. Helo sabe o que acredita ser certo e leva isto muito a sério.

A Day in the Life nos forneceu um olhar mais profundo sobre o Almirante Adama. Em seu aniversário de casamento, ele permite que a memória de sua falecida esposa venha a tona. Por meio dela, conseguimos saber mais sobre os sentimentos de Adama. O personagem é extremamente bem construído e coerente. Ele é uma pessoa muito fechada, mas ao mesmo tempo, muito sentimental. Rígido consigo mesmo, ele tende a se culpar por praticamente todos os problemas ao seu redor. Adorei os exercícios de memorização. Um bom chefe sabe os nomes das pessoas que o servem e reconhece todas as funções, independente de qual seja.

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Faltando apenas cinco episódios para a conclusão da temporada, temos Dirty Hands,que novamente prova que Gaius sempre será uma pessoa de grande influência. Mesmo preso, ele conseguiu publicar um livro chamado “Meus triunfos e meus erros – por Gaius Baltar”Gaius foca nas grandes massas, algo que aconteceu muito pouco na série até então.

A maioria dos personagens importantes da série são pessoas nascidas em colônias ricas. Isso significa que se a situação está ruim para eles, imagine para os pobres. As reclamações dos trabalhadores da refinaria são muito válidas e o governo estava negligenciando estas pessoas. Sabemos que a situação é de guerra, mas não há como viver desta forma por muito tempo. Podemos perceber como esta sociedade é organizada. A divisão social e cultural é bem definida, o que leva ao racismo exposto em The Woman King.

Em Maelstrom descobrimos de onde vem toda a loucura de Kara. Ela definitivamente tem motivo para ser um pouco desajustada, mas é exatamente isto que a levou a ser tão sensível com o plano espiritual. Esta conexão que ela tem com Leoben, junto com as suas visões, são de extrema importância para o andamento da série a partir de agora, sendo imprescindível para encontrar a Terra, como vemos no season finale. Tentaram nos fazer acreditar que Kara estava morta, mas eu não comprei esta história. Foi criada uma trama muito grande em torno de seu destino para que ela simplesmente morresse sem nenhuma conclusão.

The Son Also Rises trouxe como convidado o excelente Mark Sheppard, interpretando o advogado de GaiusLampkin é, sem dúvida, um personagem interessante. Advogados na ficção tender a ser amados e odiados ao mesmo tempo. Cleptomaníaco e mentiroso, o advogado consegue ter um certo chame em seu discurso pomposo. Lee nunca pareceu ser muito seguro de sua vocação para a carreira militar. Apesar de ser um bom militar, ele sempre se sentiu ofuscado por seu pai. Lampkin percebeu isto e usou a insegurança combinada com o luto de Lee para montar seu caso de defesa de Baltar.

O episódio duplo, chamado Crossroads finaliza a terceira temporada. Neste, temos o tão esperado julgamento de GaiusEstranhamente, o perdão oferecido por Roslin não se estendeu a Baltar. Provavelmente porque ele era o presidente na época da ocupação.

Realmente, não acho que Gaius teve muita opção naquela situação. Se ele não cooperasse, outra pessoa faria o serviço. Não que ele seja uma pessoa maravilhosamente inocente, mas me parece um pouco contraditório o fato de Gaius ser considerado por grande parte da população o único culpado pela ocupação em Nova Cáprica. Foi exatamente este o argumento que Lee usou para salvar a pele do cientista.

Confesso que a terceira temporada não é a minha favorita, apesar de ser muito boa. Comparando com as outras temporadas, esta é a que menos gosto. Claro que, assim como todos os outros seasons finales, o cliffhanger é simplesmente fantástico. Quanto mais próximos da Terra os humanos se encontram, mais fortes ficam as visões de alguns personagens e mais os acontecimentos se aproximam das profecias.

A maior surpresa foi a revelação de quatro dos cinco modelos humanoides restantes. Definitivamente, de todas as pessoas que suspeitei desde o início da série, não imaginava que estes quatro fossem cylons. O grande mistério agora é saber o que eles farão com esta informação. Os últimos segundos do finale são de tirar o fôlego.

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Esta foi review da 3ª temporada de Battlestar Galactica. Peço desculpas pelo atraso, não consegui publicar o texto ontem. Os personagens estão cada vez mais próximos da Terra e nós estamos cada vez mais próximos do final desta maratona. No primeiro domingo de junho teremos a review da quarta e última temporada. Vocês estão prontos para chegar ao finale desta obra-prima?

P.S.: Como comentário final, preciso dizer que Adama e Roslin formam o melhor casal desta série.


Keyla Mendes

Uma paulista vivendo em Minas esperando pacientemente o momento de sair para conhecer o mundo. Ou, quem sabe, o universo... Tudo depende de um certo Doutor e sua cabine mágica.

Lavras / MG

Série Favorita: Joan of Arcadia

Não assiste de jeito nenhum: Séries médicas

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