Em 2002, quando a internet no Brasil ainda engatinhava, surgiu um blog, o Mothern – As incríveis aventuras de 2 garotas que já pariram, que visava, segunda as próprias autoras Juliana Sampaio e Laura Guimarães, encarar a maternidade com mais leveza e bom humor.
De 2002 pra cá muita coisa aconteceu. O blog virou um livro, o Mothern: Manual da Mãe Moderna, e o livro virou série no GNT, a primeira série de dramaturgia produzida pelo canal a cabo (uma parceria com a produtora Mixer).
Nunca ouviu falar? Só conhece pelo nome? Não tem problema, nós te apresentamos àquela que é, sem exageros, a melhor série produzida em solo brasileiro de 2006 pra cá. Mothern estreiou no final de 2006 com o episódio O Nascimento da Mothern, no qual conhecemos as quatro amigas: Beatriz, Mariana, Luiza e Raquel, enquanto acompanhamos o parto e a transformação de Bia em mais uma mothern, a última do grupo a finalmente experimentar a maternidade. E é uma pergunta de Bia, ainda no hospital, que deixa claro o tom da série: “Porque vocês não me contaram?”. Afinal, todo mundo fala das coisas sérias e bonitas de se ter um filho, mas esquece de avisar que a mãe fica acabada, que a barriga não vai embora depois que o filho nasce, e que junto com o bebê sai uma gosma nojenta! Pois é, parir é punk.
São três temporadas, cada uma com treze episódios que tratam de temas importantes relacionados a mães, filhos e relacionamentos de uma forma leve, descontraída e tantas vezes engraçada. Não é preciso ser mãe pra gostar (e cá estou eu como prova), afinal, antes de sermos mães, ou pais, todos somos filhos. E é assim que nos identificamos com grande parte das experiências vividas por essas mães modernas.
O elenco, na época da estreia, era completamente desconhecido do grande público, já que as quatro protagonistas são oriundas do teatro, o que contribui (e muito) na qualidade da série. Hoje a divulgação seria um pouco diferente, já que um dos maridos das motherns é Rafinha Bastos, nacionalmente conhecido graças ao CQC. Quem também acabou ficando famosa foi a melhor atriz mirim do elenco original: Klara Castanho, que esteve na Globo em Viver a Vida, como uma promessa de vilãsinha que o Ministério Público (oportunista como sempre) não deixou acontecer.
Mais o maior destaque do seriado é mesmo o excelente quarteto protagonista.
Chefe de cozinha, dona de restaurante e mãe solteira (ou quase isso), Mariana cuida da criança mais fofa da série sozinha. Sua filha Bel (Klara Castanho) tem cinco anos e muita personalidade, o que acaba tornando sua mãe um pouco refém dos caprichos da menina. Ainda na primeira temporada conhecemos João, namorado de Mariana que conquista todo mundo, inclusive a Bel.
Bia é arquiteta e mãe de primeira viagem, e é com o seu parto que a série começa. Ela é casada com o Zé (Alexandre Freitas) e está aprendendo a ser mãe com o Filipe , um bebê fofo (Miguel de Azevedo Marques) que parece filho do vizinho! Das quatro motherns, Beatriz é provavelmente a que tem menos parafusos no lugar, e suas nóias encluem maluquices como “porque meu filho não sorri?” ou “meu filho só tem uma pinta minha!”.
Luiza é a segunda mulher do Léo (Otávio Martins) e juntos eles tiveram a Nina (as gêmeas Giovana e Giulia Ramos). Quase sempre junto com os dois está Martim (Pedro Henrique Lemos), fruto do primeiro casamento de Léo, que Luíza trata como um filho. Claro, com algumas dificuldades com a mãe do garoto, afinal ela é a madrasta!
Raquel, publicitária, é a representante da família clássica: mãe, pai e dois filhos. Seu marido Marcelo (Rafinha Bastos) é piloto de avião e vive mais longe de casa do que deveria. Laura (Pietra Pan) é sua filha mais velha mas com apenas três anos, e Pedro (Enrico Damaro) o caçula de dois… Já dá pra imaginar a confusão que crianças tão pequenas são capazes de aprontar, não?
Todos os episódios começam com algum depoimento de um sociólogo, psicólogo, etc. E como é de se imaginar, alguns são extremamente interessantes, como os do filósofo e doutor em Educação Mario Sergio Cortella, e outros (poucos) são extremamente chatos. Nada que o botão de flashforward não resolva.
Até o ano passado o GNT ainda reprisava a série. Hoje, Mothern passa no novo canal da Globosat, o Viva, aos sábados e domingos, às 18:30. Mas pra quem não tem o tv a cabo, no Youtube, você encontra grande parte dos episódios, principalmente da primeira e segunda temporadas. É o jeito, já que infelizmente só foi lançado o DVD da primeira temporada, com apenas dez episódios escolhidos como “os melhores”, bastante subjetivo não?
Pra terminar, faço minhas as palavras de Otávio Martins, o Léo, em seu blog. Ainda não viu? Assista. É uma das melhores coisas feitas em TV no Brasil.
A seguir você confere o primeiro episódio, que como em todo começo de série, ainda era um pouco cru. Daí em diante a série só evoluiu.
O Nascimento da Mothern
Curiosidades: