Impenetrable. Essa é a palavra escrita embaixo do nome da Steel Mountain Corporatiotion no letreiro da entrada da base de dados. Simples e direta, a palavra é intimidadora. Como entrar em um lugar que é impenetrável? Como destruir uma empresa que é protegida por esse lugar?

Desde o primeiro episódio, Mr. Robot mostrou que é sobre falhas. Em todos os “trabalhos paralelos”, Elliot explorava as fraquezas humanas. O dono do café que gostava de pornô infantil, o namorado da psicóloga que era casado… Os episódios seguintes acrescentaram complexidades à essas falhas ao analisar as pessoas a partir de bugs e daemons, logo o eps1.43xpl0its.wmv não podia ser diferente.

Exploit é um pedaço de dados ou uma sequência de comandos que tomam vantagem de um defeito para causar um comportamento acidental em um computador. Então, para entrar na fortaleza da Evil Corp, Elliot precisava fazer o que fez tão bem até aqui: explorar as vulnerabilidades, que no caso da Steel Mountain são as pessoas que trabalham lá. “People still built this place, if you can hack the right person, all of the sudden you have a piece of powerful malware. People always make the best Exploits“, explica Elliot na van antes de entrar na empresa.

Então, o time da FSociety elegeu as vítimas. Para o nível 1, Elliot precisava enganar Bill Harper, sales associate que iria levar o hacker para um tour pela Steel Mountain. Para o nível 2, Wendy Gallagher, customer service supervisor, que faltou do trabalho e foi substituída por Trudy Davis. Assim, Elliot poderia instalar o raspberry pi no sistema de controle de temperatura da empresa e sair de lá pronto para a segunda parte do plano.

Desta vez, o trabalho de Elliot era um pouco mais complexo do que está acostumado. Ele se passaria por Sam Sepiol, um daqueles tech billionaires, e Mr. Robot, Romero e Mobley estariam na van para ajudá-lo com o que fosse necessário.

Apesar do comportamento esquisito e anti-social, Elliot nunca teve dificuldades em hacker as pessoas. Talvez, por causa desses problemas, ele tenha até se tornado melhor. Isso é mostrado muito bem quando ele explora Bill Harper. Solitário e carente, Bill se esforçaria muito para Elliot gostar e aprovar o trabalho dele. Elliot sabia disso e abusa dessa fraqueza. “If you died, would anyone care? Would they really care? Maybe they’d cry for a day. But let’s be honest no one would give a shit…  That’s who you are. That’s what you are. You’re nothing.“

O discurso de Elliot para Bill é incrivelmente doloroso. Em grande parte, por causa do olhar fixo e sem piedade de Rami Malek, que mais uma vez nos entregou uma atuação irretocável, para o funcionário. Mas outro detalhe importante dessa cena está no enquadramento. Uma das marcas de Mr. Robot é enquadrar Elliot e os outros personagens no canto da imagem, o que dá um toque cinematográfico para a série. Nessa cena, esse enquandramento deixa as expressões de Elliot em evidência.

Por falar em marca… A dupla personalidade do protagonista não deixou de ser assunto hoje. Mas a abordagem de Sam Esmail pode ter mudado um pouco minha opinião sobre a existência de Mr. Robot.

Esmail provavelmente sabe que a audiência da série entendeu a ideia de que Mr. Robot pode ser uma criação da mente de Elliot, mas isso não impede o criador de brincar com essa possibilidade. Nesse episódio, ao mesmo tempo que Mr. Robot se torna mais ativo e protagonista em vários momentos, ele orienta e fica dentro da cabeça de Elliot durante toda a operação na Steel Mountain até Tyrell chegar. O contraste entre o que Mr. Robot fala à Elliot e do que o hacker decide falar é gritante. Mr. Robot é muito mais agressivo que o seu possível criador, mas diz tudo o que é necessário para ele agir. Mr. Robot existe quando Elliot precisa que ele exista, quando ele se sente inseguro e precisa de apoio.

Outro contraste que vale a pena discutir é do tom de voz e da velocidade quando Elliot está falando com Shayla e com qualquer outra pessoa. Ele confia e se abre para ela de uma forma que ele não faz com ninguém, nem com Mr. Robot.

Voltando ao assunto do episódio, apesar da facilidade de Elliot em explorar as vulnerabilidades humanas, ele não tem como evitar quando ele será explorado, afinal “people are always people”, como Mobley nos explica muito bem antes de enganar Trudy Davis com uma mensagem falsa do marido. Talvez por isso, Elliot conhece muito bem seus “defeitos de segurança”: I don’t like being outsite, I like morphine too much, I’m talking to you right now and you don’t exist. Mesmo assim, ele sempre acaba de alguma forma dentro dos planos de Tyrell Wellick. 

Tyrell é um dos personagens mais interessantes de Mr. Robot. Ele é a representação perfeita da ambição, do homem que vai fazer de tudo para chegar onde quer. E ele até tem uma parceira perfeita para seus crimes. Porém, o mais importante é que ele não mente sobre seus desejos e finge ser outra pessoa. Ao convidar Elliot para entrar na Evil Corp, Tyrell admitiu o que queria. Ao sentar ao lado de Scott Kwoles (Brian Stokes Mitchell), CTO da Corporação, ele afirmou que não é uma pessoa para se confiar. “If I were you, I wouldn’t even let me in the house”, disse ao CTO durante jantar.

Então, é difícil imaginar que todo cuidado dedicado por Tyrell e por sua esposa durante jantar com Scott e Sharon (Michele Hicks) não foi direcionado à Elliot e suas possíveis intensões.

Tyrell viu apenas o óbvio. “I know you framed Terry Colby… Your father worked at Evil Corp before he died … I just wanted to know your weakness, and now I do. Revenge. How ordinary… But even extraordinary people, and I believe you are, are driven by human banalities, and unfortunately we are all human. Except me, of course.” A motivação está correta, mas Terry Colby não é nem o começo do plano de Elliot e da FSociety.

Dessa forma, Elliot teve tempo para instalar o raspberry pi e sair vivo da Steel Mountain para descobrir que o Dark Army pulou fora do plano e para desespero de Darlene, deixou a FSociety sozinha com a bomba na mão. E como não há nada ruim que não pudesse piorar, Mr. Robot resolveu substituir um drama por outro e o ex namorado/fornecedor de drogas de Shayla, Fernando Vera, resolveu sequestrá-la.

Outros comentários

• Em um dos títulos dos artigos que estavam na busca de Bill, Sam Sepiol é chamado de “o novo Zuckerberg”. Imagine o desconforto de Elliot em ser eleito o próximo fundador da empresa que ele odeia tanto.
• Fiquei pensando em como o Instagram do Bill parece com o meu… será que devo me preocupar?
• Depois de instalar o CD na AllSafe, Angela terminou com Ollie, que deve perder o emprego em breve também, e voltou para a casa do pai. Lá, ela descobriu que é mais pobre do que imaginava porque o pai deve mais de $ 25000 para a Evil Corp. Então, ela decide correr e termina o episódio estrategicamente localizada entre dois caminhos. Mas sinceramente, Angela não tem para onde fugir!
• Será que o Dark Army saiu do plano porque Angela instalou o CD na AllSafe?

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