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Narcos

Por: em 28 de agosto de 2015

Narcos

Por: em

A Netflix vem se especializando em nos deixar ansiosos. Ansiosos pela nova temporada de House of Cards. Ansiosos pelos novos projetos do Universo Marvel. Ansiosos pela estreia da “nova série que todo mundo vai comentar”. E em setembro essa série tem nome: Narcos.

O projeto ambicioso de José Padilha (diretor e produtor de Tropa de Elite) vem cercado de grandes expectativas, sobretudo aqui no Brasil, graças ao seu protagonista. Wagner Moura vive  o colombiano Pablo Escobar, que entre 1979 e 1993 despontou como um dos maiores nomes do contrabando e do tráfico internacional – principalmente de cocaína.

Realismo mágico é definido como o que acontece quando uma situação realista altamente detalhada é invadida por algo que é estranho demais para acreditar. Existe um motivo para o realismo mágico ter nascido na Colombia.

É com essa frase que a série começa, deixando claro que nem tudo que acompanharemos nesses dez episódios encontrará seu retrato fiel na história. E quem se importa? É sempre bom lembrar de distinguir documentários de obra de ficção pautadas na realidade, e Narcos faz questão de lavar as mãos sobre essa questão antes mesmo do primeiro frame.

Toda a introdução do primeiro episódio gira em torno da invasão dos Estados Unidos pela cocaína vinda da Colômbia. Se, na década de 70, a maior preocupação da polícia norte-americana era a maconha, essa situação logo mudaria com a chegada de Pablo Escobar aos negócios. Pablo começou sua carreira na ilegalidade bem longe das drogas, tendo dominado o mercado negro de bens de consumo durável muito antes de entender o potencial da cocaína.

Se Wagner Moura foi a melhor opção para o papel, é difícil dizer. Talvez o ideal fosse mesmo a escalação de um ator colombiano. Para nó, brasileiros, que conhecemos e admiramos o trabalho do ator, é fácil torcer e comemorar sua conquista, mas e se fosse o contrário? Alguém gostaria de ter um grande personagem da história brasileira interpretado por um colombiano? Claro, somos todos latinos, mas até que ponto essa usurpação de nacionalidade é correta na hora de dar vida à personalidades tão marcantes na história de um povo?

Mas, no frigir dos ovos, o que importa é: o baiano Wagner Moura está ótimo como Escobar. O ator segurou seus maneirismos,  mudou bastante a voz e conseguiu esconder o sotaque (se não o brasileiro, pelo menos o baiano – e digo isso com a propriedade de quem compartilha com Wagner a mesma terra), além de estar trabalhando a postura de uma maneira que o faz parecer mais gordo. E toda essa caracterização é bastante importante principalmente devido às escolhas narrativas da série, que mostra a cara do verdadeiro Escobar logo no abertura, trazendo outras fotos clássicas em momentos chaves da trama. Embora seja uma opção compreensível, a alternância de Pablos acaba quebrando a quarta parede e nos lembrando, mais do que gostaríamos, de que aquilo é uma série e aquele é um ator interpretando um personagem.

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O resto do elenco também está afinado, apesar de Boyd Holbrook, que interpreta o policial narrador da história, ainda não ter mostrado a que veio. Já os atores que mais prometem ainda não tiveram tempo suficiente no ar: Pedro Pascal e Luis Guzmán, de origens, respectivamente, chilena e porto riquenha, integram um dos projetos mais internacionais da Netflix (não podemos esquecer de Sense8). Entre outros nomes, o diretor de fotografia Lula Carvalho completa a equipe  de brasileiros, e repete a dobradinha já clássica com Padilha (os dois trabalharam juntos até mesmo em RoboCop).

O ritmo do primeiro episódio também é uma aula de edição à parte, seguindo muito da cartilha que Padilha aprendeu tão bem em Tropa e tem se mostrado uma das suas marcas registradas. Os 57 minutos passam voando e, quando menos se espera, já estamos interessados naquela história e, sobretudo, querendo mais dos seus personagens.

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Se a série conseguirá apresentar mais nove episódios assim, só o resto da temporada dirá, mas estamos esperançosos.

E se você é como a gente e também gostou bastante dessa estreia, pode acompanhar as reviews da série por aqui. Encaramos uma maratona e vamos postar, de hoje até terça-feira, duas reviews por dia. Tá na dúvida se seus amigos já viram e quer ter um lugar seguro (sem spoilers!) pra comentar? A gente se encontra nos comentários.


Cristal Bittencourt

Soteropolitana, blogueira, social media, advogada, apaixonada por séries, cinéfila, geek, nerd e feminista com muito orgulho. Fundadora do Apaixonados por Séries.

Salvador / BA

Série Favorita: Anos Incríveis

Não assiste de jeito nenhum: Procedurais

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