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O que aconteceu com Hannibal?

Por: em 29 de agosto de 2015

O que aconteceu com Hannibal?

Por: em

Hannibal - Sorbet

Para começar este post, preciso fazer uma revelação. Não gostava de Hannibal. Quando a série estreou, assisti uns dois episódios e larguei. E já explico: sempre fui fascinada pela série de Thomas Harris , mas a conheci primeiro através dos filmes. E, por isso, Dr. Lecter foi construído no meu imaginário como Anthony Hopkins. Quando li os livros, pensava no Hannibal como ele. Por esse motivo já fui assistir à série cheia de ressalvas, e Mads Mikkelsen (Hannibal Lecter) não me convenceu de cara. Então desisti. Meu irmão vivia me dizendo como era a melhor coisa da televisão no momento e eu não dando o braço a torcer. Aí a primeira temporada foi pro Netflix e fiz aquela maratona marota. O resultado vocês já podem imaginar… Como pude desistir dessa maravilha??

E agora, após três temporadas, seremos obrigados a dizer adeus ao incrível vilão. A tristeza pelo cancelamento de Hannibal é tão grande que parei de assistir à terceira temporada para guardar os episódios, pretendo assisti-los em doses mais homeopáticas do que um por semana. Mas não adianta ignorar, o fato é que acabou. E por que acabou?

Nós, os viciados em séries, estamos cansados de saber que são os canais a cabo que fabricam as obras primas da televisão, enquanto que os abertos ficam mais na superficialidade. Personagens e enredos densos não combinam com TV aberta. Este é o primeiro problema de Hannibal: ser uma série da NBC.

Diferente dos canais pagos, a TV aberta não tem tanta autonomia. A começar pela necessidade de manter altas audiências. Apesar de ser um sucesso de crítica e possuir um dos mais vorazes fandoms, infelizmente, a audiência de Hannibal sempre foi baixa nos Estados Unidos. O que não seria um problema caso fosse transmitida pela HBO, por exemplo. Mas para a NBC é um problema real.

Diante da baixa audiência, para a segunda temporada, o canal resolveu mover a série para a noite de sexta-feira. Muitos jornalistas americanos acusaram a NBC de descaso por essa decisão, pois é de conhecimento geral que séries são jogadas para as sextas para morrer. É muito difícil algo vingar nesse dia. O segundo descaso veio quando os executivos do canal decidiram adiar a estreia da terceira temporada, empurrando-a para compor o quadro das séries de verão. Hannibal como série de verão? A estação que se traduz em praia, sombra e água fresca? Não faz muito sentido.

Só que nem tudo é culpa da emissora. A baixa audiência é um fato e, neste caso, a culpa é do público. Não quero dizer que o público tenha obrigação de assistir, não é isso, a culpa é no sentido de achar que a massa não está preparada para digerir algo tão subversivo.

Hannibal - Sakizuke

Hannibal é controversa até para os padrões dos canais pagos. Assim sendo, talvez empurrá-la para o grande público seja forçar a barra. Aqueles que estão acostumados com séries leves, sem grande complexidade e conteúdo explícito, chocam-se com as cenas absurdamente impactantes.

Vemos ao mesmo tempo coisas horríveis e maravilhosas. Horríveis perversões e assassinatos gráficos; maravilhosa fotografia e direção de arte destas mesmas perversões e assassinatos. Até os mais acostumados com esse tipo de temática, vez ou outra, desviam o olhar da tela – é muito forte para assistir. Mas é igualmente bonito. Essa dualidade exige maturidade ficcional.

É uma pena, pois precisamos de mais obras primas como Hannibal para saborear.


Fernanda Faria

Adora fazer nada, mas faz tudo ao mesmo tempo. Viciada em séries de tudo quanto é tipo, guarda um espacinho maior no coração para as de temática transgressora. Precisa de uma bela pitada de humor pra viver.

São Paulo - SP

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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