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Orange is the New Black – 2×07 Comic Sans

Por: em 5 de julho de 2014

Orange is the New Black – 2×07 Comic Sans

Por: em

É difícil dizer que um episódio de Orange is the new Black é ruim, mas Comic Sans é o que mais se aproxima disso nesta temporada. O flashback de Cindy é um dos mais fracos e apenas a ação em Litchfield consegue prender a atenção do espectador, principalmente de quem estava sentindo falta do destaque de Piper.

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Depois de passar cinco episódios criando alianças, manipulando, preparando o terreno e posicionando as peças da operação, Vee enfim consegue iniciar a produção e o comércio de cigarros na prisão. Ela faz com que suas garotas acreditem que aquele “trabalho” está relacionado à realização pessoal, respeito, poder – coisas que elas nunca tiveram, muito menos dentro da cadeia. Mas o discurso motivacional se mostra apenas uma arma de manipulação quando Cindy começa a receber mordomias pelos cigarros e é punida por isso. Elas estão apenas sujando as mãos enquanto a “chefe” fica com todo o lucro.

Dentro e fora da cadeia, Cindy sempre faz tudo do seu próprio jeito, arranjando uma forma de tirar vantagem de todas as situações e sem muita empatia pelos outros. Ela é inconsequente no trabalho, na forma de agir e até mesmo com a criação de sua filha, que acredita ser sua irmã caçula. Apesar de engraçada Cindy não desperta simpatia com atitudes tão egoístas e é até agora o único caso em que o flashback “queima” a personagem em vez de criar uma identificação com o público.

Percebendo que Larry poderia estar dificultando seu trabalho mais do que ajudando, o repórter consegue falar diretamente com Piper para pedir que ela investigue a situação financeira da penitenciária. Mas ele, assim como a maioria das pessoas livres, não se preocupa com a integridade física e psicológica das detentas ou com a falta de estrutura do local, ele quer apenas mais uma pauta de desvio de dinheiro público, no maior estilo “Diga não à corrupção”. Piper não compactua com isso e deixa claro que não vai arriscar sua pele  apenas para deixar os “cidadãos de bem” revoltados com o que andam fazendo com seus impostos.

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E é a partir disso que ela ganha ainda mais motivação para levar adiante seu “Clarin do Xadrez” e conta com a ajuda de Morello, Daya e Flaca. As reuniões de pauta e o processo de criação da primeira edição do jornalzinho foram os melhores momentos do episódio, especialmente com a Daya usando seu talento como cartunista para driblar a censura e fazer piada com a administração. Piper também consegue fazer um agrado ao publicar a entrevista com Caputo, o que é uma boa forma de conseguir mais confiança – e consequentemente liberdade.

E por falar em Caputo, ele estava especialmente revoltado depois da fuga de Jimmy e criou uma absurda cota de ocorrências para as detentas. É claro que esse tipo de atitude não colabora em nada, apenas deixa o ambiente muito mais tenso para todos, ainda mais considerando que a tal fuga foi praticamente acidental e que as detentas não tem culpa pelas falhas de segurança da prisão. Ele foi especialmente rígido com Fischer, apenas porque estava mordido após ter sido desprezado pela colega.

Bennett consegue se livrar da chantagem das latinas mandando Maritza para a solitária. Elas estavam erradas de chantagea-lo daquela forma, mas não dá para tirar a razão da Daya quando ela diz que a decisão de não se prevenir veio dele, e que ele tem poder para se proteger, enquanto elas são completamente vulneráveis em todos os sentidos. O casal se gosta e já protagonizou muitas cenas fofas, mas a relação deles é cada vez mais difícil e não deve sobreviver por muito tempo.

Além do seu jornalzinho, Piper também esteve presente em outro arco neste episódio, o da sua relação com Jimmy. Piper – ou melhor, Roberta – acompanhou de perto as dificuldades da idosa em viver ali e foi testemunha da sua “soltura por compaixão”. Chega a ser irônico darem este nome a uma verdadeira sentença de morte a uma mulher naquelas condições. Eles não tinham estrutura para cuidar de alguém com as necessidades de Jimmy e a solução mais prática e barata é deixa-la nas ruas, onde não teria a menor chance de sobrevivência.

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O maior erro de Comic Sans foi investir na história de Cindy e não na de Jimmy. A despedida da personagem seria ainda melhor aproveitada com um flashback de sua vida antes de Litchfield. Apesar disso, o episódio teve seus bons momentos ao mostrar o início das “operações” que vinham sendo preparadas até aqui, como a venda dos cigarros e a edição do jornal. E vocês, curtiram?


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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