Mingling Its Own Nature With It apostou em um ritmo um pouco mais lento que o de seus antecessores. Apesar da leve pisada no freio nas cenas de ação, o volume de novas e importantes informações continua alto, e acompanhar todos os detalhes da trama ainda exige uma boa dose de atenção e, por que não, de ceticismo, para desviar das pistas falsas que eventualmente aparecem.
Acompanhada por Felix e Kira, Sarah tentou uma fuga repentina da polícia, da DYAD e dos Proletheanos, mas é claro que isso não iria funcionar por muito tempo. A órfã é uma especialista em desaparecer no mundo e escapar de situações difíceis, ainda que precise encontrar soluções ilícitas, mas quando percebeu que precisaria expor a filha a este tipo de vida, não conseguiu levar o plano adiante.
Quando ela premeditadamente vai até a casa de Cal, mas esconde sua motivação de Felix, acaba enfraquecendo a relação com o irmão. A revelação de que o dono da casa é o pai de Kira faz com que ele se sinta enganado tanto sobre a origem da sobrinha quanto pela escolha supostamente aleatória daquele lugar para passar a noite. Felix envolveu-se em diversas situações de perigo por Sarah e não pensou duas vezes antes de fugir com a irmã, de fato parece injusto que ela ainda esconda qualquer tipo de segredo dele.
Apesar disso, ainda não dá para confiar 100% na afirmação de que Kira é filha de Cal. Sarah precisava de alguém para ajudá-la com a menina e talvez ele seja apenas uma pessoa em quem ela confia para essa tarefa. O casal tem química, mas é pouco provável que a história com Paul tenha ficado completamente para trás e um triângulo amoroso não parece se encaixar no momento tumultuado da série.
O desentendimento entre Felix e Sarah não deve durar muito, mas veio no tempo certo para que o artista pudesse marcar presença no musical de Alison. Como se não bastasse ser uma atriz competente e versátil, Tatiana Maslany ainda consegue ser afinada! As cenas de Alison sempre são um alívio para a tensão dos outros núcleos. Estrelar um musical em homenagem a uma mulher que ela indiretamente ajudou a matar ao mesmo tempo em que descobriu que seu marido é um monitor não poderia dar certo. Completamente ignorada por todos aqueles com quem ela poderia contar, a dona de casa continuou sua saga de divas do cinema e desta vez incorporou Judy Garland, recorrendo à explosiva combinação de álcool e pílulas e dando a Blood Ties um final tragicômico completamente inesquecível.
Investigando a própria doença, Cosima descobre um indício do que pode ser a causa da infertilidade das clones. Quão perturbador é fazer a autópsia de um corpo completamente idêntico ao seu? O desconforto da cientista começou no momento em que ela assistia às gravações do diário de Jennifer e foi crescendo conforme ela e Delphine dissecavam o corpo da clone morta. Apesar de criticar a ingenuidade de Jennifer, em algum momento ela deve ter imaginado se sua vida não seria mais fácil se ela não tivesse plena consciência do que ela é e do que a espera.
E, é claro, tivemos um pouco mais de Helena. Muito pouco, diga-se. Helena é a clone mais bem construída da série e o momento mais maduro de Tatiana Maslany em cena. Além de aparecer pouco, a “sistra” de Sarah está em uma fase bastante passiva nas mãos da seita bizarra que a cerca. É claro que não se pode esperar muito de alguém que praticamente ressuscitou há poucos dias, mas fica a expectativa para que ela volte logo à sua melhor forma.
O núcleo dos Proletheanos só não é o mais desinteressante da temporada porque existe Angie e sua tentativa fail de descobrir alguma coisa sobre as clones. A seita causou um grande impacto na primeira sequência da season première, mas suas motivações e objetivos ainda são confusos. Núcleos de fanáticos-religiosos-psicopatas já estão bastante desgastados na ficção e apenas Grace parece um elemento discordante – e por isso mesmo interessante – além de Helena por ali.
E eu disse que Orphan Black deu uma leve pisada no freio nas cenas de ação esta semana, não que elas ficaram de fora. Os últimos minutos de Mingling Its Own Nature With It foram tão eletrizantes quanto os dois primeiros episódios da temporada. A aparente paz de Sarah durou muito pouco e ela e Kira foram encontradas por Daniel. Obrigada a deixar a filha para trás com Cal, Sarah recebe a confirmação sobre a veracidade do projeto LEDA momentos antes de se envolver em um grave acidente na estrada e nos deixar com um incrível cliffhanger.
Espaço para teorias conspiratórias é o que não falta neste momento. O passado de Cal, os planos para Helena, as pesquisas de Cosima, tudo pode render grandes revelações. Por enquanto os elementos estão sendo apresentados em uma espécie de caos e cada clone segue um caminho completamente diferente, mas a convergência é inevitável e pelo ritmo acelerado desta temporada, ela não deve demorar muito a acontecer.
