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The River

Por: em 10 de fevereiro de 2012

The River

Por: em

Quando li sobre a série, lá atrás na época que cobrimos a Comic-Con, fiquei com uma vontade bem grande de assistir esse show que prometia aliar Lost e Atividade Paranormal, em meio ao Rio Amazonas. O nome de Spielberg estava envolvido também, logo as chances de termos uma produção de qualidade estavam cada vez mais altas, fora que o vídeo promocional intrigava o espectador a assistir a aventura dessa família em busca do seu patriarca. Pois bem, cá estou eu após assistir tanto o primeiro, quanto o segundo episódio, para dizer que me frustrei profundamente com uma hora e vinte minutos de uma série que parece não saber o que está fazendo, além de usar de artifícios que beiram o ridículo. Não sou fã do gênero terror, mas estava disposto a levar sustos quando me propus a ver essa série – pena que, nesse caso, meus sustos se transformaram em risadas a cada coisa tosca que a série mostrava em tela. Os absurdo foram tantos, que nem mesmo Lost e sua rolha gigante são dignos de comparação.

O episódio piloto, intitulado ‘Magus’, foi ruim. Pouco apresentou seus personagens, logo jogou-os em meio a trama principal e o estilo de filmagem logo cansa. Sim, eu sabia que a série seguiria um estilo documentário, mas isso não me faz gostar dessa abordagem, muito menos ter que aceitá-la em todo o tempo de série. Para quem não sabe, a série basicamente é sobre um homem que tinha uma série de TV onde mostrava aventuras dele na selva, acompanhado por sua esposa e filho. Um dia, em uma dessas aventuras em meio a Amazônia, ele e sua tripulação desapareceram. As buscas persistiram por seis meses, mas nada de encontrarem vestígios dessas pessoas, dando então todos por mortos. Só que, misteriosamente, o sinal do transmissor de Emmet (o desaparecido) volta a funcionar nos últimos dias, renascendo a esperança de então viúva Tess. Os produtores do antigo programa, pensando no produto que poderiam vender, aceitam acompanhar Tess nessa viagem a Amazônia, desde que ela convencesse seu filho Lincoln a ir também e que tudo fosse devidamente filmado. Assim começa a aventura desses personagens na selva.

Subestimar a inteligência do público é uma coisa que me irrita bastante. Então alguém me explica por favor como que em um único dia, eles conseguem achar o tal do barco onde estavam a tripulação do show e a guarda marinha não achou em SEIS MESES? Pois é. Mas não para por ai. Quando eles acham o tal do barco, a gente tem o retorno de um querido dos fãs de Lost. Sabe quem veio dar um passeio na Amazônia? Monstro de fumaça, meus caros. E sabe do que mais? ELE FAZIA EXATAMENTE OS MESMOS BARULHOS. Gente, por favor né. Fiquei tão bravo quando vi isso que me desconcentrei do resto da série. Mesmo artifício, só que com personagens toscos e uma situação completamente nada a ver. O monstro saiu de uma droga de um casulo ou seja lá o que for aquilo e agora está sedento por sangue. De certo o mostro de fumaça se adaptou as tendências da nova década e virou um vampiro. Na real, não tem como levar uma série dessa a sério. As cópias descaradas de outras produções ou clichês batidos eram tantos, que a cada passo dos personagens, você já podia imaginar o que ia acontecer a seguir.

Então eis que o mostro de fumaça volta para sanar sua sede de sangue e ataca a tripulação agora a bordo do Magus. Ai a Tess, querendo uma resposta, age que nem uma maluca, gritando para que o monstro a atacasse e deixasse nela uma resposta. E ELE DEIXA. Sim, o monstro, que supostamente é um dos antigos amigos de Emmet, é bonzinho e esquece sua sede de sangue para responder as dúvidas de Tess. Ah isso porque eu esqueci de comentar algo importante: esse monstro que sai do casulo estava trancafiado em uma sala soldada, que quando aberta revela várias macumbas, só para caracterizar bem a população local do rio Amazonas. Bom, fato é que passamos o episódio inteiro desconfiando que Lena, a tal filha do câmera, sabe de coisas demais e, afinal, ela realmente tinha um grande contato com Emmet, coisa que permanece sem solução (eu chutaria que ela é filha dele), revelando gravações do cara com situações muito estranhas. E o cliffhanger do episódio é descobrir que o segurança da tripulação sabe de algo que não quer que ninguém tenha acesso. Sem contar claro a cena entre mãe e filho, aonde ele chega a brilhante conclusão que sim, existe mágica no mundo lá fora.

Começa então ‘Marbeley’ e a sucessão de erros continua implacável. A filha do mecânico engole um mosquito que magicamente faz com que ela incorpore o Emmet, isso aparentemente. Dai, ela sai andando pela embarcação e dá até um sorrisinho danado para as câmeras. Depois de conversar com Tess, a mulher toma a decisão de sair em busca do marido pela selva. Paro e pergunto: se o marido estava em espírito ali no corpo da menina, como que ela ainda acha que ele está vivo? Ok, eles decidem sair da embarcação e ir atrás de rastros do Emmet, como se isso fosse uma brilhante idéia. Nesse momento eu realmente lembrei de Lost, quando todos caminhavam em meio a selva e me fez sentir falta daquela série que apesar dos seus erros, soube construir uma boa trama ao longo dos anos.

E não, não estou sendo exigente demais com The River, seu jeito de contar é diferente, seus personagens são diferentes e nem esperava que fosse igual, porém é inegável a falta de qualidade no roteiro e acredito que até mesmo os fãs do gênero irão concordar com isso. Eles apelaram demais em situações que beiraram o ridículo. Tudo bem estão todos caminhando pela selva, quando vêem uma menina. Só que a menina é um macaco com uma cabeça de boneca. Desculpa, mas nesse momento eu parei de levar a sério qualquer coisa que eles tentavam contar e comecei a rir. Tive que dar um pause no player, porque eu não conseguia parar de rir do macaco-boneca. E isso nem foi o pior, depois de encontrarem a árvore de oferendas, a câmera foca em uma boneca e ELA VIRA O PESCOÇO. Depois, o câmera num surto por imagens bombásticas desafia os espíritos e, então, A BONECA PISCA. Sim Brasil, Chuck, o boneco assassino e toda a sua família estão de volta.

Mas ai vem a melhor parte. A lenda do Rio Amazonas: uma menina morreu afogada lá e agora buscava companhia. E era para essa menina espírito a árvore de oferendas. Só que, Lincoln encontra na árvore seu ursinho de pelúcia e decide pegar de volta, afinal ele só deve ter uns quase 30 anos na cara (formado em medicina, tem no mínimo 25). Ai surge um problema: a menina espírito do rio Amazonas fica possessa dele ter pegado o ursinho da sua árvore e resolve se vingar levando Tess para o fundo do rio. Nessa sequencia, eu ainda to lutando com a minha mente para decidir o que foi pior: o espírito bravo pelo ursinho ou as risadinhas satânicas ao fundo, acompanhadas de sussurros dizendo ‘mama’. Foi ridículo aquilo. A mulher foi levada para o fundo do riacho lá, que aparentemente não dava para se afogar e depois aparece na cova da mãe da menina espírito. Tudo sem lógica, sem explicação e todo mundo aceita como se fosse normal. E o final do episódio, mostra todos voltando ao barco, onde a menina cospe o mosquito e para de ter contato com o sobrenatural e depois descobrimos que a tal Lena tem uma marca, que deve ser algo relacionado com toda essa loucura que os roteiristas se propuseram a contar.

Personagens tontos, trama sem noção alguma, um pano de fundo babaca. The River não acertou no seu tom e passou vexame nessa sua estréia fraca e pouco cativante. Nem o pavor que se propôs a despertar nos espectadores conseguiu, o que aumenta a lastima de muitos. Serão somente oito episódios e eu sou capaz de ver somente pra saber quão longe eles irão com essa loucura, mas não esperem por nada genial. Posso claro estar errado e a série dar uma guinada surpreendente nos próximos episódios, mas acho difícil isso acontecer visto esse lamentável início. Deixo vocês com o vídeo promocional do próximo episódio e quero saber se vocês tiveram a mesma opinião que eu sobre essa estréia da ABC.

Agora é a vez de vocês, soltem o verbo! Até mais!


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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