Essa semana foi veiculada pela emissora AMC a season premiere da quarta temporada de Breaking Bad. Uma das séries mais aguardadas dessa summer season, trouxe nesse episódio muita tensão sobre o futuro de Jesse e Walter, e uma nova perspectiva a ser trabalhada na quarta temporada.
É impossível não elogiar uma série como Breaking Bad, bem escrita, bem executada, sucesso de público e crítica e com ótimos atores. Nessa season premiere, assistimos a um episódio escrito por Vince Gilligan, criador da série, que também já dirigiu alguns episódios anteriormente.
O episódio começa com um flashback, mostrando a felicidade de Gale ao abrir caixas de equipamentos para o laboratório de 8 milhões de dólares de Gus. A ironia dessa cena inicial é memorável, algo que Breaking Bad sabe usar com maestria: Gale e Victor, juntos, organizando um laboratório que em alguns meses será o motivo de suas mortes. O fato de um objeto – o estilete, box cutter – costurar (na verdade cortar) as cenas mais importantes do episódio mostra o quanto os detalhes são fundamentais na construção da trama. Além do objeto que deu nome ao episódio, também nessa cena é mostrado o caderno de anotações do laboratório que Gale mantém e que foi encontrado em sua casa pela polícia no final do episódio. Provavelmente esse caderno vai ser motivo pra muita história nessa temporada.
Voltando ao presente, temos a confirmação do cliffhanger deixado na season finale da terceira temporada: Jesse realmente matou Gale, Victor não chega a tempo para impedir, mas chega a tempo para encontrar Jesse ainda atônito no carro. A interpretação de Aaron consegue ser ainda mais incrível por se manter sem reação por todo episódio. Jesse não consegue pensar no próximo passo, por nunca ter matado alguém antes, ele ainda acreditava não ser um bad guy, e agora essa última barreira foi quebrada.
Victor, além de chegar muito tarde a cena do crime, se sente seguro a ponto de aterrorizar Jesse e Walt mostrando que também sabe como operar as máquinas do laboratório e conhece todas as etapas da fórmula de Walter. É possível alguém ficar calmo ao assistir alguém fazendo em sua frente a única coisa no mundo que ainda o mantém vivo, justamente por ser o único que sabe fazer? Se Victor sabia a fórmula desde o início, então a morte de Gale foi em vão? Todas essas perguntas e o terror da morte, praticamente certa, toma conta de Walter.
Hank e Marie vivem uma fase muito difícil. Hank parece estar viciado em comprar pedras pela internet, e Marie está cada vez mais sobrecarregada por causa da demora na recuperação do marido. A cena de interação entre o casal, em que Marie ajuda Hank a ‘fazer número 2’, mostrou um pouco da terrível rotina que os dois estão enfrentando, e da exasperação de Hank diante das limitações de seu corpo. Hank preso a uma cama vai fazer muita falta nessa quarta temporada. Se ele melhorar logo, ou se os roteiristas derem um jeito de fazê-lo trabalhar, de cadeira de rodas, com certeza quem sai ganhando somos nós, fãs de Breaking Bad.
Skyler começa a mostrar que também é espertinha. Mente que foi roubada, que tem problemas cardíacos e aproveita o choro de Holly para comover o chaveiro, a ponto dele abrir a casa de Walter para elas, mesmo sem ter a documentação necessária para isso. Skyler também se dá conta do transtorno que o carro de Walter pode lhe causar estando estacionado na frente de sua casa, e leva-o em outra rua. Finalmente a esposa chorona e reclamona se transformou nessa leoa interessada em preservar sua família e o dinheiro que Walt penou para juntar pensando nela.
Saul está completamente apavorado, e não poderia ser diferente. Ele busca por escutas ou câmeras em sua sala, não atende ninguém em seu escritório, e liga de um telefone público para Skyler, tentando convencê-la de que ele não sabe de nada do que está acontecendo entre Walt, Gus e Jesse. Depois da revelação de Mike, na temporada passada que ele trabalhava também para Gus, e não só pra a Saul, é totalmente justificada a paranóia do advogado/trambiqueiro.
Victor se exibe, Walter tenta achar falhas nos passos que Victor segue, até que Gus finalmente chega. A tensão da espera por Gus durante todo o episódio foi construída com perfeição. A cada troca de cena a espera pela presença de Gus só aumentava a ansiedade sobre as atitudes que ele tomaria. Durante dez minutos, Gustavo Fring, interpretado por Giancarlo Esposito, no mais completo silêncio, entra no laboratório, olha bem a cena que tem diante dele, escuta as reclamações de Walter e os argumentos de Victor enquanto troca de roupa, procura calmamente por algo que possa usar, até que encontra o box cutter. É difícil assistir a uma cena longa e tensa como essa sem se sentir agoniado. Confesso que no momento em que Gus se aproximou de Jesse, acreditei que ele fosse de fato acabar com ele de uma vez. Logo depois, Gus toma uma atitude não exatamente esperada, mas que garante a continuidade da série, afinal sem Walter e Jesse não existe Breaking Bad: Gus escolhe matar Victor, seu silêncioso e fiel escudeiro, e manter Jesse e Walter vivos. Mas até quando?
Jesse e Walter discutem – vestidos com a mesma roupa: tenis vermelho, calça jeans branca, camiseta do Kenny Roggers marrom – em uma lanchonete sobre o que farão, e Jesse fala sua opinião sobre a relação deles com Gus:
If I can’t kill you, you‘ll sure as shit wish you were dead.
Com uma season premiere dessas, e com esse time de profissionais incríveis, eu aposto todas as minhas fichas nessa quarta temporada. Até semana que vem!
