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Damages 3×13 – The Next One’s Gonna Go In Your Throat (Season Finale)

Por: em 21 de abril de 2010

Damages 3×13 – The Next One’s Gonna Go In Your Throat (Season Finale)

Por: em

Damages Patty Hewes

Na primeira temporada de Damages, Ellen perguntou à Patty se ela se arrependia de tudo o que tinham feito pra conseguir derrubar Frobisher pelos seus crimes. A resposta veio apenas na season finale, no mesmo local onde as duas protagonizaram o final dessa terceira temporada. Com uma resposta elaborada, pomposa, carregando uma tonelada de mentiras sobre seu suposto arrependimento, Patty mostrava ali uma falsidade digna de entendermos todas as atrocidades que a adovgada cometia pra cumprir seu trabalho. Agora, em The Next One’s Gonna Go In Your Throat, a mesma doca serve de palco pra que Ellen quase que repita a pergunta de 2 anos atrás. Afinal, vale a pena? Se as alucinações de Patty no decorrer dessa incrível temporada já não servissem de prova pra sua atordoante amargura, a resposta em forma de silêncio nos últimos segundos do episódio nos mostram o quão mal Patty se sente (pelo menos naquele momento) por escolher sua carreira ao invés da filha.

E por mais triste que seja o provável cancelamento de Damages, convenhamos… Tem melhor final do que esse? Todas as histórias de todas as temporadas estão completamente amarradas. Driblar as expectativas e trazer mais uma trama no nível desses 3 últimos anos é até possível, mas será que é realmente necessário? Não quero chegar numa 4ª temporada gritando igual Patty desesperada pela morte do Tom. I TOLD YOU NOT TO GO THROUGH WITH THIS, I TOLD YOU TO STOP IT! Ok, nunca que Damages me deixaria desse jeito, mas tem tanta série boa espalhada aí pelo universo… Deixa Damages terminar tranquila no seu auge, e passemos pra próxima. Mas, calma, não agora. Ainda tem um episódio inteiro pra ser discutido e comentado aí embaixo.

Primeiro, não achei o episódio PERFEITO. Se essa review acabasse indo pro Super Sunday com certeza eu daria nota máxima, só que tem algumas coisas que eu já li em críticas de temporadas passadas, que só agora chegaram a me incomodar um pouco. Tipo: o desfecho do acidente de carro. Toda a situação fez sentido, não pareceu forçado nem nada… Mas os roteiristas brincaram a temporada inteira com algo que no final não tinha metade da relevância da história principal. Ou seja, os caras se aproveitaram do estilo de narrativa pra criar uma tensão que nem sempre é correspondida no final das contas. É como se eu contasse pra todo mundo que fiquei milionário. Na hora ia ser mó empolgação, mas quando perguntassem COMO eu ganhei tanta grana, a empolgação ia embora porque, na verdade, eu roubei tudo da bolsa de uma velhinha. A comparação é besta, eu sei, mas até que faz sentido, porque por mais que o roteiro tenha nos “enganado” colocando Michael dentro do carro, a história ainda conseguiu ser interessante. Mesma coisa com a velhinha. O jeito de eu ter ficado milionário pode ter sido mesquinho, mas a história do meu roubo pode acabar se saindo interessante também… Ou não. Eu admito, vai… A comparação foi uma merda.

Damages Leonard Winston

Sobre os Tobin, tirando o fato de que a morte de Marilyn aconteceu do mesmo jeito que eu reclamei no parágrafo acima, o desfecho da família foi excelente. É incrível como Louis, Joe e Marilyn o tempo inteiro tomaram as decisões mais egoístas do mundo, mas sempre tentando justificá-las pelo ‘bem’ dos outros. A bagunça generalizada da família serviu de base pra que Lenny se saísse como o único por cima na situação. Melhor do que cair no moralismo barato mostrando que todos os envolvidos no caso acabaram mortos ou presos, Damages foge das conclusões simplistas, em preto-e-branco, sugerindo um final “feliz” pra Lenny, que cumpriu o acordo da maneira que mais o convinha — entregou as provas que incriminavam os Tobin, foi imunizado, mas guardou o dinheiro pra si e fugiu sabe-se lá pra onde. Aprendam, crianças: com inteligência, sorte e rancor no coração, o crime às vezes compensa.

Mas com burrice, azar e uma tremenda cara-de-pau, é bem provável que tudo acabe não dando muito certo mesmo. Frobisher que o diga. Arthur contou pra um cara que ele mal conhecia os seus segredos mais obscuros. Arthur tentou justificar sua vida miserável com doações a instituições que ele nem sabe o nome. Arthur caiu nas mãos de Wes. Timothy Olyphant, por sinal, mostrou como é um ator que sabe bem o que faz. O personagem dele em Justified é completamente diferente de Wes, e tão bem interpretado quanto. Mas voltando ao assunto do ‘crime às vezes não compensa‘, quem também acabou se dando mal foi a mulher de Michael. Coitada, o convívio com o namorado a fez acreditar que a sogra tinha a mesma inteligência do garoto.

Patty foi cruel, mas todas as atitudes que ela toma em relação ao filho são consequências diretas de todo o sofrimento que ela passou com Julia Hewes. Por ter forçado propositalmente o próprio aborto, Patty nunca deixou que NADA chegasse perto de atrapalhar o “bom desenvolvimento” do segundo filho. Acontece que a visão angustiada pelo que ela fez em 1972 ofusca completamente todo seu senso de julgamento, o que a leva a machucar o moleque muito mais do que ajudar. É essa dor que Michael tenta retribuir ao causar o acidente. Mas a batida mal arranha Patty… Sua dor materna não funciona com Michael. A dor sempre ficou presa ao passado, presa à Julia, presa ao cavalo e presa a Decker — que nunca se mostrou relevante à trama da temporada, porque, na verdade, todas as aparições dele eram apenas produto da cabeça de Patty.

Damages Ellen Parsons

Já Ellen, sempre vendida pela série como contraponto à personagem de Glenn Close, nunca se mostrou tão diferente de sua antiga chefe. Ellen sempre funcionou mais como aprendiz de Patty. Com a mesma ambição profissional, mas jovem o suficiente pra fugir dos erros que a mestre não escapou de cometer. Revendo a cena final da primeira temporada que eu comentei lá no começo, o que se vê é uma Ellen muito mais imatura do que a personagem que terminou a série. Ela agora já aprendeu com os acertos — e, principalmente, com os erros de Patty. Ela agora sabe que vale a pena, mas que há um limite pra isso. Se não houver, são danos — damages — pra todos os lados. Pra quem ganha e pra quem perde.

Nós ganhamos com esse episódio excepcional. Perdemos com o iminente fim da série.

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P.S.: Ótima participação de Zeljko Ivanek, voltando como o fantasma de Ray Fiske.


Guilherme Peres

Designer

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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