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Dexter – 6×12 This is the Way the World Ends (Season Finale)

Por: em 21 de dezembro de 2011

Dexter – 6×12 This is the Way the World Ends (Season Finale)

Por: em

E a temporada mais inconstante e mal construída de Dexter consegue chegar ao fim de uma maneira… interessante. Não diria que tivemos um season finale de tirar o fôlego, que redimiu todos os erros da temporada. Na verdade, se comparado aos outros finais, This is the Way the World Ends não traz consigo força o suficiente para deixar seus espectadores sem fôlego e apresenta-se como um retrato do que foi esse ano pra série: Inconstante, apostando em soluções fáceis, ignorando plots como se não existissem, com o adendo do cliffhanger que, como os produtores prometeram, mexe com toda a estrutura de Dexter como série e de Dexter como personagem.

Até eu, que tanto critiquei os rumos que estavam sendo tomados, estou ansioso pra ver onde tudo isso vai dar. Excetuando a morte da Rita, nenhum outro ano se encerrou deixando pontas e, mesmo naquela ocasião, o negócio não era tão incerto como agora. Lá, Dexter teria que lidar com a morte de um dos seus “pontos de escape”. Aqui, ele vai ter que lidar com a vida de outro.

Com uma vida que agora vai virar totalmente de cabeça pra baixo. Depois de tantos passos em falso que a série deu ao longo dos últimos 11 episódios, chegou a ser um pouco surpreendente pra mim que eles seguissem adiante com a cena final. Deb agora sabe. Ela pode não saber  que ele é um serial killer, mas sabe que ele é um assassino. E sabe por que viu com os próprios olhos, não porque alguém lhe contou. É claro que uma descoberta tão grande vai mexer com a vida da personagem. O modo como ela vai escolher lidar com o fato de seu porto seguro ser um assassino é, provavelmente, o que irá ditar o começo da 7ª temporada, que deve continuar exatamente de onde paramos.

O que tira um pouco o impacto da revelação é todo esse sentimento mal resolvido que a Deb, de uma hora pra outra, resolveu descobrir que tem. Por mais que a série tente justificar isso na cena com a psiquiatra onde a Deb diz que descobriu que realmente amava o irmão, ainda não dá pra engolir essa história direito. Supor que 2 episódios seriam suficiente pra mudar todo o modo com o qual uma relação foi construída em 6 anos é de uma ingenuidade monstruosa. O caso aqui não é a relação ser incestuosa, não é a Deb e o Dexter não compartilharem o mesmo sangue, é que não faz o menor sentido com a trajetória da série. É algo que parece ter sido decidido da noite para o dia, como um subterfúgio pra manter o programa no ar por mais dois anos. Por exemplo, a cena em que ela se defronta com ele sem camisa, o abraça e fica confusa sobre o que dizer foi absolutamente constrangedora.

E eu já disse e torno repetir: Se a Deb esconder o segredo do Dex por amor, vai ser provavelmente uma das maiores decepções da minha vida seriadística. Não era necessário um plot desses para justificar uma possível atitude dela em favor do irmão. Antes do episódio passado, a construção do relacionamento dos dois seguia excelente. A Deb entender que ele era seu porto seguro, sua base de sustentação, era necessário, pra que quando ela se visse diante do dark passenger, o momento tivesse o impacto esperado.

É uma revelação pela qual nós esperamos há seis anos e que deveria ter acontecido no season finale da 5ª temporada. Mas não adianta chorar o passado, agora é seguir em frente com o que nos foi dado e o cenário é este: Deb sabe. E eu tô curioso pra ver como isso vai se desenrolar. Chega a ser irônico que a temporada que eu menos gostei de acompanhar e que mais me fez torcer o nariz seja a que me deixou mais ansioso pelo retorno.

Outra história que eu espero continuidade no retorno, mas não faço ideia se acontecerá, é a do Louis. Honestamente, essa temporada já descartou tanto plot que eu não me surpreenderia se esse foi mais um, o que seria uma pena. Ainda acredito que há o que render nessa trama, quero entender porque ele enviou a mão do ITK pro Dexter e até que ponto essa fixação por jogos e (aparentemente) por serial killers pode estar relacionada à trama do seriado.

Quanto ao restante do episódio, algumas coisas me agradaram e outras me fizeram torcer o nariz, como foi em toda a temporada. Depois de seis anos de série, é claro que algumas coisas não me incomodam mais (como por exemplo o Dexter ser salvo por um barco que apareceu do nada), mas tem outras que não dá pra ignorar, como o Dex entrar SOZINHO no local onde está desenhado o rosto dele, enquanto todo mundo espera pacientemente do lado de fora o  tempo exato para ele deformar a figura.

Um dos pontos positivos desse ano (sim, apesar da minha decepção, eu consigo enxergá-los) foi o aprofundamento da relação do Dexter com o Harrison. Percebam que assim que ele chega em terra firme, seu primeiro pensamento é o filho. É ver se ele está bem, cuidar do garoto. E o desespero estava estampado no rosto dele quando descobriu que o Travis tinha seqüestrado o menino. Foi bem interessante toda a relação que a série fez com leão/cordeiro/predador. Dexter é um predador. E eu tenho muitos motivos pra acreditar que, no fim das contas, o Harrison também vai ser um.

O confronto com o Travis seguiu a linha previsível, mas eu não acredito que alguém esperasse algo diferente. Dexter escolheu o caminho mais fácil a temporada inteira e eu me surpreenderia se, no season finale, isso assumisse contornos diferentes. Como fanático religioso que o Travis era, nada mais natural que Dexter conseguisse ludibriá-lo usando argumentos também religiosos.

Como eu disse, considero essa como a temporada mais instável de Dexter. Começou bem, com toda a mistura dos conselhos do Sam (Mos Def certamente entrou pro hall de coadjuvantes inesquecíveis da série) com o nascimento do DDK, mas em algum ponto os roteiristas perderam a mão e começaram a andar em círculos. O debate da existência ou não do Gellar ganhou uma dimensão que não deveria e acabou desgastando e muito a trama central do ano. Os coadjuvantes continuaram com histórias fracas, houve muito desperdício de plot (sim, eu ainda estou inconformado com a estagiária loira ou com a volta do Rudy e do Jonah, que poderiam render bem mais do que renderam) e esse plot final do sentimento da Deb continua soando implausível pra mim.

Torço muito por uma recuperação. Adoro Dexter, considero a 1ª e a 4ª temporada duas das melhores seasons que já vi na vida, Michael C Hall e Jennifer Carpenter são dois atores maravilhosos e que só melhoram com o passar do tempo e eu realmente quero que a série tenha um final decente. Com a descoberta da Deb e a renovação para os quase que certos dois últimos anos da série, eu não consigo deixar de acreditar no show e torcer pra uma melhora e um fôlego criativo. E em outubro do ano que vem, estarei novamente ansioso, esperando por mais um ano e acreditando que ele será excelente.

Meu muito obrigado a todo mundo que acompanhou os reviews da temporada aqui comigo. Acreditem, foi muito gratificante escrever sobre e debater com vocês os rumos, mesmo quando eles não me agradaram. Um feliz natal e um excelente 2012 pra todo mundo. E que venha a 7ª temporada.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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