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House – 8×02 Transplant

Por: em 12 de outubro de 2011

House – 8×02 Transplant

Por: em

“Where are we going now?

Where do we go?

‘Cause if it’s the same as yesterday

You know I’m out

Just so you know.”

House não deixou a peteca cair no segundo episódio de sua oitava temporada e mostra que a estratégia de colocar o protagonista na cadeia por uns tempos realmente deu uma revitalizada na série – e eu fico feliz em poder dizer isso. O problema é que a solução encontrada pelos roteiristas para tirar o show do marasmo criativo e para contornar a ausência de Cuddy não funcionará a longo prazo, e quando o PPTH pós-salto temporal não for mais novidade, a série encontrar-se-á na mesma situação em que estava na temporada passada – a não ser que eles consigam deslanchar uma nova storyline suficientemente interessante antes que isso aconteça.

David Shore, a princípio, não me pegou com esse plot twist da prisão. Primeiro, porque era um ambiente que House já havia visitado (Fools For Love / Que Será Será) e segundo porque as promessas anteriores de “mudar tudo” na série não foram cumpridas, servindo apenas como desculpas para bons arcos episódicos. Tudo nos leva a crer que, eventualmente, as coisas vão voltar ao normal também desta vez, como indicou o fim deste episódio, mas a passagem de um ano já deu indicações de que os roteiristas estão realmente se levando a sério desta vez: se a história não é suficiente para mexer na estrutura de House, ao menos pode proporcionar à série um recomeço promissor.

Mas isso vai depender dos próximos episódios, e nem tudo nesta temporada me agrada. Me decepcionei com o início deste episódio pela maneira atropelada e inverossímil como House foi trazido de volta para o hospital: se o fato dele nunca ser demitido, por mais que aprontasse, já era um prato cheio para os haters, sua readmissão após um incidente que pode ser interpretado como uma tentativa de assassinato não entra na cabeça nem do fã mais inveterado. Aliás, House conseguindo praticar medicina novamente depois do que fez já é uma forçação de barra deslavada. Mas a função do episódio foi essa: trazer House para seu antigo ambiente. Sala, bolinha e sidekick inclusos no pacote.

Falando nisso, House reconquistando Wilson pela enésima vez não me empolgou muito, não. Quando vi o oncologista dizendo “não somos mais amigos” no promo, já revirei os olhos. Dentro do episódio, a história realmente não foi conduzida da maneira mais original – Wilson já havia dado um soco em House durante uma alucinação em No Reason e eu posso jurar que já ouvi um diálogo semelhante ao da cena do DNR na série -, mas rendeu boas cenas – My Heart Will Go On, Wilson vegetariano, “eu não gosto de você“, etc. – e não foi uma completa perda de tempo. House agora é isso: é bacana, mas não é mais a mesma coisa. Ou você se contenta com o que a série tem a oferecer de bom a partir de agora ou você para de assistir.

A (futura) nova duckling me agradou, mas tenho algumas ressalvas. A personagem é simpática, é fofinha (o pai levando comida para ela foi um daqueles raros momentos singelos de House que quase sempre funcionam), é original, mas… não rolou. Quando eu via ela andando pelos corredores do hospital, cuidando dos pulmões, interagindo com os outros personagens, etc. eu me sentia assistindo a Uma Cilada Para Roger Rabbit; como se ela fosse caricata demais para se encaixar em uma série tão sóbria. A atriz é ótima, mas prefiro-a fazendo comédia (apesar de gostar de Paper Heart). Não vejo ela durando e preferia a Masters de volta – apesar da personagem ter sido criada para uma participação temporária, não seria a primeira vez que os roteiristas trairiam algo que estabeleceram previamente. Aliás, o nome dela é Chi Park – e não, eles não dizem o nome dela no episódio.

O caso do episódio foi muito interessante, mas medicamente incabível até a raiz. Aquela imagem bonitinha dos pulmões parecendo duas gomas de mascar pulsantes em uma caixa de vidro é impossível; não dá pra manter um pulmão vivo fora do corpo sem sangue e fluídos. Além disso, radiação para tratar pneumonia eosinofílica não seria uma opção sábia, pois poderia matar os pulmões (mais pareceres médicos, em inglês, aqui). Para uma série que, em suas primeiras temporadas, tinha um cuidado obsessivo pera verossimilhança de seus casos, esses erros são motivos de lamento e indicadores da queda de sua qualidade. A paciente de Wilson também não conseguiu me despertar simpatia. Entretanto, gostei do House indo pessoalmente investigar a casa do paciente, da edição da cena em que ele usa a parede de vidro como quadro de diferenciais e da tensão criada pela corrida contra o tempo (não lembro de um episódio “time counts” que eu não tenha gostado).

O final do episódio, ao som de Yesterday Was Hard On All Of Us, música cujo um trecho encontra-se no início da review, foi muito bom. Me lembrou outros finais épicos, como aqueles que contaram com o hino da série, You Can’t Always Get What You Want (cinco, ao todo) e me ajudou a ver o episódio de uma ótica mais positiva: apesar de saber que Transplant representou uma volta à estaca zero, isso me traz mais esperança do que revolta.

A qualidade deste episódio pode até ser uma unanimidade entre os telespectadores (pelo menos foi o que eu senti lendo alguns fóruns americanos), mas o problema é o que virá depois disso: e quando a fonte secar? E quando a prisão de House deixar de render boas histórias? Quando Wilson responsabilizou House pela morte de Amber, cortou relações com ele, mas duas temporadas depois os dois estavam em uma disputa infantil envolvendo galinhas e labradores. Depois de sua rehab, House parecia curado de seu vício por Vicodin, mas hoje sai por aí se drogando como se aquela storyline nunca tivesse acontecido. O relacionamento com Cuddy prometia transformar House, hoje em dia a personagem nem está mais na série e ele é o mesmo bastard de sempre. Para onde é que a gente está indo agora? Em que situação os roteiristas vão colocar o personagem para que a série tenha fôlego para uma possível nona temporada? House na clínica veterinária ou House em Fairytopia? É esperar para ver quem vai falar mais alto: o cuidado de Shore com o seriado e seus telespectadores ou o apego a sua galinha dos ovos de ouro.

Assista ao promo do próximo episódio:

Leia a review do episódio anterior


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

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