Então, algum tempo se passou desde o final da 5ª temporada de Mad Men e já começamos no período entre natal e ano novo. De alguma forma as coisas progrediram, foram em frente, e questões importantes da temporada passada foram deixadas de lado pelo menos por enquanto. Don cedeu à tentação de ter um novo romance? Como Megan passou da propaganda à uma série de TV?
De forma estranha começamos com a narração de Don de um trecho do Inferno de Dante, e depois disso ele realmente nos incomoda nesse início ficando em silêncio por tanto tempo. Só pronunciou umas mínimas palavras quando estava no bar com o Dinkins, o cara do exército. E mesmo assim ele falou muito pouco. Don é uma pessoa eloquente, mas está claramente abalado será que ainda pela morte do Lane, por remoer sua vida passada? Porque todo esse silencio? Dinkins conseguiu deixa-lo emocionado, com uma frase que resumia muito o que estava acontecendo com Draper no momento.
“Eu acredito que o que vai, volta. Um dia eu vou ser um estranho no paraíso, um dia eu vou ser o homem que não consegue dormir e fala com estranhos.”
Se ficamos durante um tempo pensando no que significava o pôster da temporada, com Don olhando para si mesmo por cima do ombro, acho que essa é a resposta. Tudo o que vai, volta. Don sempre se afastou máximo possível do seu passado, sempre seguindo em frente. Sempre que aparecia algo para lembrar quem ele é, ameaçando o seu pequeno paraíso ele dava um jeito de mandar pra longe, de contornar a situação para não ter que lidar com sua outra vida. Mas tudo sempre volta, ele continua sendo essa pessoa contraditória e hoje nem sei mais se ele tenta se encontrar, como eu achei nas primeiras temporadas. Acho que ele é perdido, e agora parece que a morte o atrai.
Don continua sendo o centro de tudo em Mad Men e é a vida dele que vemos na maior parte do episódio. Esses lampejos de imaginação que ele tem, os medos todos trancados em algum ligar. Acho que ele gosta da Megan porque ela parece ser livre, não tem nenhum arrependimento, aproveita as coisas como são. Betty não era assim, era bonita e melancólica, mas Megan é bonita e leve, e todo início de temporada fazem questão de mostrar isso. No início da 5ª temporada ela começou cantando Zou bisou bisou, nesse dançando no Hawaii. Acho que é felicidade e capacidade de aproveitar a vida que causa a atração no Don, algumas vezes nesse episódio ele olha pra ela com admiração, as vezes com descrença. Não sei se o casal dura ainda muito tempo, Don não é muito capaz. Se o casamento ainda dá certo é porque a Megan segura tudo junto, sabe dos segredos e guia o Don, ela é a personalidade brilhante do casamento.
O que me leva à pergunta: Como será que ela conseguiu o papel na série? Foi por seus méritos ou teve ajuda do Don? O fato é que ela está muito feliz com o trabalho e começa a ser reconhecida na rua, sua participação está aumentando e não sabemos até onde ela irá, e como o sucesso dela vai afetar o Don.
Mas o que gosto mesmo em Mad Men é como sempre trabalham as diferentes personalidades femininas da série, as vezes até deixando a vida do Don de lado. Tivemos muito da Megan em cena hoje, assim como a Betty, que é o oposto da atriz. Betty estava realmente preocupada com aquela menina, que era o retrato dela mesma. Betty leva jeito pra tratar com ela, e demonstra essa preocupação, vai atrás da menina, que perdeu a mãe (assim como ela) e descobriu que já era velha demais para perseguir seus sonhos (assim como Betty). Acho que mesmo na casa abandonada ela tem dó dos meninos que estão lá. Ela seria uma boa pessoa se não se importasse tanto com aparências, se não inventasse tanto problema para si mesma. Será que os cabelos pretos são uma mudança dessa superficialidade? Talvez ela queira mesmo mudar, não ser mais a mulher “loira de olhos azuis” da carteira de motorista (Por falar nisso, ela continua uma péssima motorista. Será que isso vai ser mais um problema no futuro?). Será que ela vai aceitar (ou começar a) que a vida muda e é muito mais do que aparências?
Cadê a Joan? Senti muito falta de ver como ela está se saindo como sócia da agencia. Foi bom ver que a agência realmente conseguiu crescer, adquiriu o andar de cima, e sei que grande parte disse é devido ao trabalho da Joan, mas será que os seus sócios estão respeitando isso? Tá certo que a porcentagem que ela tem é pouca, mas ela tem direito a voz na sociedade e o sacrifício que ela fez foi muito grande. Mas os homens, aquelas pessoas com as quais ela trabalha, não são – e não estão nem perto de ser – valorizadores do trabalho feminino. Acho que ela teria oportunidade de aparecer quando o Roger manda sua secretaria falar com ela. Mas da Joan só vimos um belo conjunto roxo para tirar foto.
Um dos medos que eu tinha com essa nova temporada era ver pouco da Peggy já que ela está fora da agencia. Mas foi muito bom saber que os escritores não vão diminuir a importância da moça e agora podemos ver duas agencias, quem sabe competindo (e eu vou torcer sempre pela Peggy)? Ela teve o destaque merecido e que queríamos ver nesse episódio. Deu um orgulho vê-la chefiando uma equipe, convencendo o cliente a lhe dar tempo, que a solução que ele criou não era nada adequada, que ela sabe o que está fazendo. Ela amadureceu muito, merece o cargo que está ocupando e provou isso com o trabalho, com uma solução ótima num prazo apertado. Ela é boa em crises e sempre foi, mas ainda está deslocada na casa nova. Ela conhecia muito bem a equipe da sua velha agencia, fez amizades e claro que vai sentir falta. Mas nada que um telefone não possa ajudar.
Eu levei um susto quando vi o Don chegando no escritório, entrando na sala dos escritores e todos eles de barba, por um momento achei que eram uma equipe completamente nova! Achei muito engraçado. Mas mais engraçado é ver o Roger fazendo terapia. Ele é outro que está tentando se encontrar. Sempre foi pouco desconectado do trabalho, talvez por ter dinheiro, não sei. Mas ele é uma pessoa que está mudando muito também, buscando algo, um significado, não quer só deixar uma conta para alguém pagar quando morrer. Já era hora dele cair na real e crescer um pouco. Uma pena que isso tenha que vir com tantas mortes, mas ele sofreu um pouco e já era hora de sentir alguma coisa. E a morte veio pra assombrar ele e o Don, não é mesmo? Que deu um vexame num momento tão impróprio que foi até cômico pela reação do Roger.
Mad Men está só começando e tenho certeza que muitas coisas boas nos aguardam.
Se você leu essa review até aqui, obrigada! Quero saber agora o que você achou do excelente retorno de Mad Men, que sempre nos deixa pensativo, descobrindo detalhes e confabulando sobre a vida dos personagens. O que acham que vai ser da Betty, do Don, da Peggy? Eu sei que Peggy vai brilhar, mas isso significa que o Don vai entrar em decadência?
