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Private Practice – 6×13 In Which We Say Goodbye (Series Finale)

Por: em 24 de janeiro de 2013

Private Practice – 6×13 In Which We Say Goodbye (Series Finale)

Por: em

Depois de uma temporada tão boa, com episódios mais do que especiais para os personagens, as expectativas para esta series finale estavam altas. Fugi de todos os spoilers e tudo o que eu sabia era que a Naomi voltaria para uma participação especial e teríamos um casamento (Addison e Jake, como foi dito no episódio anterior).

Se tivéssemos este episódio no meio da temporada, poderia ser até um pouco acima da média, mas por ser uma series finale, deixou a desejar. Quase todos os arcos estavam fechados neste ponto, teríamos de ter um drama para aguentar os 40 minutos, mas honestamente pensei que o casamento destes médicos aconteceria somente na metade final do 6×13.

Não esperava essa história toda com Naomi e Sam voltando a ficar juntos. E é aí que as coisas começaram a desandar, porque não fazia sentido algum os dois voltarem ou se casarem. Foi uma forçada enorme dos roteiristas. Como bem observou o Alexandre, praticamente jogaram fora tudo o que aconteceu entre Naomi, Sam e Addison, quando os dois últimos começaram a namorar, jogando junto grande parte da história da Addie na série, já que se separaram porque o Sam não queria ter mais filhos. Mas agora, para se encaixar no roteiro, ele subitamente quer? Não dá para engolir essa de ele aceitar mais um filho porque é o “amor da vida dele” e que eles tinham que ficar juntos no fim.

Para piorar a trama, também tem o fato de as coisas foram tão corridas que não deu tempo de nós, como telespectadores, assimilarmos e aceitarmos a volta do casal como algo verossímil. Só ficou parecendo que queriam trazer a Nay de volta porque ela fazia parte do elenco original. Como ela mesma disse, os dois tiveram um ponto final, ela estava com o Fife (que aprendemos a amar, somente para ele ser dispensado com uma desculpa qualquer) e o Sam estava contente com a Stephanie.

Outras histórias também não foram muito bem desenvolvidas, mas serviu para podermos nos despedir de todos. A Addison teve um bom momento no monólogo inicial e final na frente da câmera, como se estivesse falando com a gente, relembrando bons momentos da personagem. Foi uma graça ela estar quase surtando esperando pela Nay para poder casar e o Jake tendo a filha como “padrinho”. Eu devia ter notado antes que a Angela retornaria, porque tocaram no assunto na adoção do Henry e ele estava aberto, mas era algo com tão pouca importância para o geral que achava mesmo que isso não aconteceria. Jake e Angela tomaram um tempo enorme de tela, mas embora não tenha me comovido, é compreensível que demoraria um tempo para um pai tão protetor entender que a filha está feliz com um homem mais velho e ele é bom para a menina.

Charlotte e Cooper, que costumam ter ótimos momentos, foram apenas coadjuvantes. Não que tivesse muito mais a fazer além de cuidar das crianças. Foi bacana ver uma inversão do papel tradicional de “mãe que cuida dos filhos enquanto o pai vai trabalhar”, mesmo que por algumas cenas. Só que como tudo foi meio atropelado, a Charlotte nem teve tempo de explicar o porquê de não querer contratar uma babá, além do trato de ela voltar ao hospital enquanto o Cooper e o Mason cuidam da casa. Se o Cooper estivesse reclamando de uma criança, até valeria rolar os olhos, mas são três e toda ajuda é bem vinda.

A Amelia, como em quase todos os episódios, ficou em terceiro plano, só servindo para algumas boas frases – como comparar a Miranda a ela mesma no casamento – e para mostrar que o namoro com o James vai muito bem e os dois eventualmente irão casar.

As melhores histórias ficaram para Sheldon e Violet. Depois do primeiro casamento do episódio, achei que o drama seria mesmo focado na morte da Miranda, mesmo sabendo que a Shonda tinha prometido um final feliz para todo mundo. Não seria justo o Sheldon perder a namorada para o câncer a essa altura, não depois de termos torcido tanto para ele encontrar uma pessoa ótima.

Não consegui deixar de relacionar o que o Sheldon e a Miranda passavam com o filme Amor, um dos grandes favoritos ao Oscar 2013. Sem spoilers, a diferença é que no filme as coisas são mais sutis e a mulher aceita que o marido tome conta dela. Me peguei pensando se a Shonda tinha assistido a esse filme e se inspirado quando escreveu as cenas finais do psiquiatra, com o discurso no parque.

A Violet foi a única que terminou sozinha e considero isso muito bom. Pelo rumo das coisas, poderia dizer que a Shonda acha que uma pessoa só é feliz se tiver um namorado ou marido e isso não é verdade para muita gente (eu inclusive). É gratificante ver alguém nas artes sendo feliz somente consigo mesmo, sem necessariamente precisar de uma “cara metade”. A Violet em especial precisava de um tempo sozinha para poder se centrar, depois de todo o trauma que passou com o quase roubo do filho e a morte do Pete, seria precipitado colocar o cara da livraria junto dela, por mais que ele seja legal. Uma pena que o padrão da Shonda ainda parece pensar que um ser humano só é feliz de verdade se tiver uma família (e não me refiro àqueles que te colocaram no mundo, mas aquela que você poderá formar).

Para encerrar, a Violet teve como paciente a Holly (Sarah Ramos, mais conhecida como a Haddie de Parenthood), que era a personificação dos fãs de Private Practice e, convenhamos, de qualquer outra série do coração. A Holly estava se consultando com a Violet há cinco anos anos, mas ela estava relatando o aniversário de seis anos da morte dos pais e namorado (as nossas seis temporadas), estava na hora de parar com as sessões e dizer adeus. A Sarah esteve ótima, incorporou direitinho muito do que pensamos nesta temporada em especial. Tudo o que a Holly disse para a Violet quando estava indo embora traduz muito do que eu queria fazer com algumas séries super queridas.

– Como você se sentiu?
– Um pouco culpada, porque não me senti bem em ver que eu esqueci deles. E então fiquei aliviada.

Esta e outras ótimas falas da terapia resumem bem o que eu senti várias vezes quando uma série que eu acompanhava e amava por tantos anos acabou. Isso quando anunciam uma última temporada e os roteiristas têm tempo de encerrar os arcos abertos de forma decente e não quando a série é cancelada entre temporadas e ficamos com aquele cliffhanger horrível (alô, Drop Dead Diva e Veronica Mars!). Se termina desse jeito, demoro para superar.

Quando vi todos os médicos reunidos em um canto da cozinha e o Cooper entrando todo tagarela, podia jurar que a Amelia ia anunciar uma gravidez, por mais brega que isso ficasse. A Violet começou a explicar o conteúdo do segundo livro, estando na cara que ele se chamaria “Private Practice”. Como prometido, todo mundo teve o seu final feliz e a última cena, com a câmera se afastando enquanto eles debatiam na cozinha, mostrou que a vida é um trabalho em progresso e ela continua.

Shonda Rhimes, obrigada por ter nos apresentado a tantos personagens bons, a tantos anos cheios de altos e baixos e ter feito uma linda homenagem nesta temporada. Os erros que você cometeu estão quase perdoados – não esqueci que você tem outra série que amo em andamento e tudo pode acontecer. E também muito obrigada a todos que acompanharam as reviews até aqui. Nos vemos em outras histórias!


Bianca

Feminista interseccional, rata de biblioteca, ativista, ama filmes, séries, cultura pop e BTS. Twitter sempre vai ser a melhor rede social.

São Paulo - SP

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: Lost

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