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The Walking Dead – 1×02 Guts

Por: em 8 de novembro de 2010

The Walking Dead – 1×02 Guts

Por: em

Em seu segundo episódio The Walking Dead prova de uma vez por todas que é uma série muito mais do que simplesmente zumbis, mantém o suspense e as fantásticas cenas de ação, mas pode deixar os fãs dos quadrinhos um pouco chateados.

Por que os fãs de quadrinhos podem ficar chateados? Porque a ação desse episódio nunca existiu realmente. Sim, Rick foi salvo por Glenn, mas Glenn sozinho. Aliás, essa foi uma ideia legal, porque o próprio garoto afirmou que foi a primeira vez que saíram em grupo. Nos quadrinhos, Glenn sempre ia a até a cidade sozinho para pegar suprimentos. O que mais foi diferente? Todo o resto da história claro, visto que nunca existiu essa trama de o grupo ficar preso na loja e precisa fugir. Merle Dixon, T-Dog, Morales, Jacqui? Nunca existiram na trama original. Os únicos personagens daquele grupo que ficou preso na loja que realmente existem nos quadrinhos são Rick, Glenn e Andrea. Mas depois de assistir o episódio inteiro, eu me pergunto: essas mudanças pegaram mal?? Não!!

Afinal de contas, toda a ação de fugir dos zumbis, ir ao esgoto, usar os carros para fazer alarde, deixar a chave das algemas cair…tudo isso ali valeu a pena e foi muito bem colocado no episódio. Até porque a série estabeleceu um vilão que não acontece, nem existe até a edição 12 dos quadrinhos que compreendem a 1ª temporada. Merle Dixon é um cara que adoramos odiar, e por mais desumano que seja deixar o cara algemado lá no prédio, sabíamos que o grupo iria correr mais perigo com ele solto do que preso. E meio que fica na cara que essa não foi a última vez que vimos Dixon. T-Dog e Morales foram outras adições interessantes a trama. O trio, junto com simpático Glenn foram um trio de alívio cômico necessário para toda série dramática que trate de um tema tão tenso como The Walking Dead. Lendo os quadrinhos é praticamente impossível não simpatizar com Glenn, e digo que além de Rick e Shane, Glenn é o personagem mais bem traduzido dos quadrinhos para a tv. O ator Steven Yeun caiu como uma luva e sua cena dirigindo no final do episódio abriu um sorrisão na minha cara após todo aquele suspense. Já a tal de Jacqui só serviu para, do nada, lembrar que trabalhava no zoneamento da cidade e ajudar na trajetória do esgoto.

Já li em vários locais fãs reclamando das diferenças dos zumbis dos quadrinhos para a série. Em Guts soubemos que eles sabem usar pedras para quebrar vidros, conseguem escalar portões e se movem incrivelmente rápido quando vão atrás de suas presas. Nos quadrinhos os zumbis são mesmo mais burros, por assim dizer. Eles não percebem que pegar pedras e bater no vidro facilitará a entrada em locais ou nem sabem como escalar portões. Porém, essa é uma mudança extremamente necessária. Afinal, qual seria a ação se eles não fossem rápidos para perseguir os sobreviventes ou se não pudessem entrar em algum lugar porque são tapados demais? The Walking Dead centra nos personagens, isso é claro. A série fala sobre o desenvolvimento dramático na vida de diversas pessoas após o mundo ter sido “invadido” por zumbis. Tanto que cena nojenta com zumbi, Guts não teve tanta. Eles são o pano de fundo para o desenrolar da trama principal que é a vida daquelas pessoas que tentam sobreviver, focando em seus desejos, medos, sonhos e…porque não, romances. Mas apesar disso, não teria graça se os zumbis fossem mesmo apenas pedaços de carne que não pudessem assustar, por isso acho que essa transformação é totalmente válida para o estilo da série.

Mas como eu já disse, mesmo sendo uma série sobre pessoas, não significa que não existam cenas nojentas com zumbis. E é aí que entra a ideia de Rick de se “fantasiar” de zumbi para poder andar entre eles. O mais legal? É que essa cena REALMENTE EXISTE nos quadrinhos. Foi nojento ver Rick e o grupo esquartejar aquele zumbi e sim…praticamente tomar um banho de seus restos, com direito a mãos e pés, além de tripas e pedaços de intestino ao redor do pescoço!! Adorei muito mesmo ver essa parte dos quadrinhos em ação na série. Enquanto Rick e Glenn andavam entre os zumbis eu mal esperava que a chuva caísse, o fedor deles passasse e a ação começasse de vez!! Foi muito válida a cena que antecede as machadadas no zumbi, com Rick pegando a carteira do morto-vivo e mostrando que ele era igual eles. Outra pessoa que tentava sobreviver a correria da vida, com paixões, sentimentos e humanidade…algo que é fácil perder em um mundo no qual estão vivendo, e pudemos ver isso com Merle Dixon, que não passa de crápula que não se importa com ninguém. Eles precisam de coragem para se adaptar a esse mundo e cometer atos como a cena do esquartejamento, mas precisam manter a cabeça erguida e a humanidade que ainda lhes restam, ou do contrário, serão iguais aos zumbis.

Apesar de em diferentes situações, a série vai mostrando algumas coisas que realmente existem no original, como Rick ajudar o pessoal, e nesse caso, Andrea a usar uma arma. Aliás, adorei a caracterização da personagem. Laurie Holden funciona muito bem como Andrea. A atriz conseguiu mostrar bem o que a personagem é: durona e batalhadora, servindo e ajudando sua comunidade com bravura e sem problema em matar, mas conseguindo manter sua parte humana e sua moralidade. Quanto ao grupo do acampamento, também temos prós e contras. Não gosto mesmo do jeito que estão mostrando Lori. Praticamente transformaram a personagem em uma vadia que “se importa” em tirar a aliança para poder fazer sexo com o melhor amigo do marido que eles pensam estar morto!!. Isso acontece nos quadrinhos? Sim, claro, o romance de Lori e Shane realmente existe, mas fica claro desde o começo que Lori o faz com praticamente os dois pés atrás, e não do jeito que foi mostrado na cena inicial desse episódio. Lori é uma personagem muito importante, então espero mesmo que com os próximos acontecimentos ela comece a mostrar mais os motivos de ser adorada pelos fãs. Já Shane é realmente Shane. Faz o que é preciso para manter seu grupo a salvo e ama Lori, mas não mostraram muito mais dele na série. Gostei de ver Amy novamente e seu nervosismo com a demora da irmã Andrea voltar, e claro…Dale. O cara é muito gente boa e se preocupa com o pessoal do acampamento, e a série já foi deixando isso bem claro nesse episódio. Só fiquei me perguntando onde Glenn está indo já que mostraram o personagem saindo de Atlanta no final.

Como eu disse, as mudanças foram 90% positivas para a série, e apesar dos fãs mais fervorosos dos quadrinhos não aprovarem, elas acabam sendo necessárias para sua adaptação na tv. Mal posso esperar pelo reencontro de Rick com sua esposa e filho, e claro, com Shane. E ah, os fãs podem comemorar, visto que o canal AMC já renovou a série para uma 2ª temporada, dessa vez com 13 episódios ao invés de 6!!

P.S.: O objetivo das comparações com os quadrinhos nesta review servem por três motivos: 1) Para mostrar aos fãs que a série pode ser realmente muito boa sem seguir fielmente a trama original. 2) Um alerta aos fãs mais fervorsos das HQ’s de que certas mudanças são necessárias para uma adaptação da história para a televisão, que é uma forma de entretenimento diferente. 3) Como curiosidade e devaneios pessoais em certos momentos…coisas de fã.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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