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The Walking Dead – 2×08 Nebraska

Por: em 16 de fevereiro de 2012

The Walking Dead – 2×08 Nebraska

Por: em

The Walking Dead dá continuidade a sua temporada com firmeza em Nebraska, episódio sólido, bem estruturado e intenso, que além de trabalhar a repercussão dos acontecimentos de Pretty Much, já engata novas storylines de objetivos muito bem definidos, ainda que controversos.

Poucos zumbis, bastante drama, ação, desenvolvimento dos personagens e de seus relacionamentos, um bom ritmo  e  situações que, mesmo que não sejam estritamente necessárias, mostram-se caminhos críveis e interessantes para se conduzir pontos importantes da trama. Seria essa a fórmula que The Walking Dead deveria seguir no restante da temporada? O fato é que ela funcionou em Nebraska.

A morte de Sophia foi a situação mais original, impactante e densa que The Walking Dead já nos apresentou em sua curta história. Quando a reação do público ao morno desempenho da série já beirava a indiferença, veio o arrebatador Pretty Much e trouxe de volta aquele drama impressionante e promissor que nos foi apresentado no piloto.  Nebraska tinha a responsabilidade de lidar com essa bomba, retomando uma temporada que não era nenhuma unanimidade. Vacilar agora custaria caro para a série no que diz respeito à avaliação dos críticos, ainda que a audiência continue altíssima e que a terceira temporada já esteja garantida. Se com o 2×07 ela ganhou um voto de confiança, seu retorno precisava reafirmar seus méritos, selar sua mudança de postura em relação a sua trama e mostrar para onde ela iria a partir daqui. Acredito que, mesmo que tenha repetido alguns erros da primeira metade da temporada, esse episódio cumpriu com o prometido, e lembrou-se de algo básico que vários de seus antecessores pareceram ter se esquecido: entreter.

As reações à abertura do celeiro foram bastante previsíveis, mas isso não incomodou. O seriado fez o que era mais seguro, e fez bem – a cena da filha de Hershel sendo atacada pela mãe, por exemplo, é exatamente o que esperamos dele. Foi dramática, intensa, goreThe Walking Dead em sua melhor forma. Quanto aos outros, ninguém esperava que o Daryl fosse se tornar um bom moço de uma hora para a outra, portanto não considero a reação explosiva dele um retrocesso, mas gostaria de continuar acompanhando o processo de adequação dele ao restante do grupo. Carl mostrou ter preocupações parecidas com a de seu pai, como se estivesse começando a se sentir também responsável pelo grupo, e não apenas alguém que precisa ser protegido, sendo este mais um efeito benéfico da morte de Sophia (quanto mais personagens bad ass e menos chorões, melhor). Mas acredito que a Carol merecia bem mais do que ficar arrancando mato. Esta é provavelmente a única chance que eles terão de melhorar a personagem, de fazer o público se interessar por ela, e eles estão desperdiçando-a. Eu quero gostar dela, mas os roteiristas não facilitam. Eles ainda devem abordar o luto dela por mais alguns episódios, e espero que eles caprichem.

The Walking Dead não tem a aptidão necessária para ser um drama “cabeça”, desses da HBO. Falta sutileza, falta um roteiro mais trabalhado… não acontece. Nem por isso, a série não nos leva, a seu modo, a refletir, a sentir o quanto a realidade de seus personagens é pesada. Às vezes, ela faz isso com uma certa dose de humor, como na cena em que o braço de um zumbi cai da picape, sinalizando o absurdo da situação, e às vezes usa de uma sinceridade bruta, como no comentário de Andrea: “Nós enterramos aqueles que amamos e queimamos os outros“. Acho interessante essas distinções que os personagens estão aprendendo a fazer: quando uma pessoa é infectada, ela deixa de ser seu amigo ou parente e passa a ser um inimigo que precisa ser abatido. Após isso, ela volta a ser um ente querido cujo corpo merece o respeito de uma cerimônia fúnebre convencional. Eles tentam não perder aquilo que os torna humanos, a não simplesmente sobreviver, e para isso procuram os meios mais simples, ainda que não os mais saudáveis.

O foco do episódio foi a falta de perspectivas dos sobreviventes em frente a essa nova velha realidade de desesperanças. Alguns apostavam suas fichas no resgate de Sophia, outros na recuperação dos walkers, ou em Fort Benning… após essas ilusões terem se dissipado e em face ao grande ressentimento criado entre o grupo de Rick e a família Greene, o que sobra? A partir daí, a série já iniciou novas tramas que parecem bacanas, mas ainda decepcionantes em frente ao que a HQ nos proporcionou após o arco Hershel. Provavelmente, a filha de Hershel foi infectada pela mãe (e todos sabem como isso acaba: tiro na cabeça e choradeira) e mais provavelmente ainda, Lori perdeu o bebê, o que difere dos acontecimentos dos quadrinhos (e todos sabem como isso acaba: choradeira). Tá que a ideia de acompanhar a Lori tricotando sapatinhos e tendo enjoos matinais não me empolgava, mas essa storyline é importante na graphic novel. E o pior foi a maneira como a encerraram: por que Lori ficou tão preocupada com Rick se ele tinha saído há menos de uma hora (ele e Glenn não demoraram mais que isso para encontrar Hershel, e Lori saiu da fazenda antes de Tony e Dave entrarem no bar)? Por que ela se arriscaria tanto, a ela e ao bebê, se nem demorando demais Rick estava? E por que trazer a gravidez de Lori para a série, afinal, se ela não daria em nada? The Walking Dead precisa de um objetivo (algo mais forte do que zonas seguras que são mencionadas vez ou outra), senão tudo fica parecendo encheção de linguiça.

Quanto aos três nomes da temporada, Shane chega muito perto de ser caricato com sua atitude “faço o que tenho que fazer”. O personagem vai de um extremo ao outro (briga com Dale, pede desculpas para Carol, explica seu ponto de vista para Rick, mostra-se impulsivo e insensível em seguida…), e ao invés de despertar no telespectador a ambivalência de um anti-herói, ele simplesmente parece bipolar. Conduzir o personagem da maneira como eles decidiram fazer nesta temporada exige mais cuidado.

Hershel foi muito bem aproveitado no episódio. Sua reação convenceu, seu posicionamento fez mais sentido (“vocês vieram como uma praga!“) e simpatizar com o personagem ficou mais fácil. Também achei plausível ele ter responsabilizado Rick em seu acesso de raiva, sendo ele, ainda que desacreditado, o líder e representante do grupo de sobreviventes que desiludiu a Hershel e a sua família tão cruamente. Acredito que, depois de Rick ter matado Tony e Dave, que pretendiam invadir a fazenda, Hershel vá reconsiderar sua decisão de expulsá-lo.

Não acho que esses assassinatos vão pesar na consciência de Rick. Ele é um policial, matou para se defender… não vejo muita coisa saindo daí, por mais que a série tenha uma inclinação para dramas fáceis. Mas é claro que as participações de Michael Raymond-JamesAaron Munoz tiveram um propósito, e eu acredito que tenha a ver com o que Rick ouviu de Jenner (quem leu a graphic novel deve estar pensando o mesmo que eu).

Nebraska não foi totalmente livre de equívocos, mas mais acertou que errou. Enquanto algumas situações estão estagnadas e outras trilham caminhos pouco inspirados, o episódio nos dá uma luz no fim do túnel, tanto ao começar a preparar o terreno para a saída dos sobreviventes da fazenda (o que já não era sem tempo), através do impasse entre Glenn e Maggie, quanto ao insinuar um assunto que os fãs de longa data da franquia esperavam há muito. Mesmo sem um retorno brilhante, The Walking Dead não fez feio em seu primeiro inédito do ano. Já os próximos episódios, pela corrente de eventos que este iniciou, podem tanto ser muito bons quanto cair novamente no ritmo insosso e nas tramas bobas da primeira metade da temporada.

E vocês, gostaram do episódio? Acham que Lori perdeu mesmo o bebê? E a filha de Hershel, foi mesmo mordida?


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

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