Countdown pode não ter tido o mesmo ritmo alucinado de On The Fence, mas foi veloz ao seu próprio estilo, soube dispor cada peça no lugar que lhe cabia no roteiro e organizou tudo para que, em janeiro do ano que vem (pois é!), a série faça um retorno triunfal da sua excelente season three. Até aqui, eu não tenho nenhuma crítica feroz à temporada. O tema dela foi muito bem delimitado e vem sendo desenvolvido com maestria, por parte de todos os envolvidos no show. Matt Bomer está melhor do que nunca, a química entre todo o elenco só melhora a cada episódio e o texto vem conseguindo costurar todos os pontos sem falhas. Um trabalho exemplar.
Prova disso é que mesmo lançando mão de um recurso repetido, a série consegue se sair bem. E aqui eu não tenho como não começar falando do final do episódio. Terminar o summer finale com o destino de um personagem em jogo é algo que a série já fez na temporada passada (quando o episódio antes da pausa foi concluído com um tiro no Mozzie, lembram?), mas que funcionou novamente em Countdown. O seqüestro da Elizabeth injeta um novo gás à história e pode detonar emoções fortíssimas no retorno. Aposto que nada vai acontecer a ela, mas mesmo assim minhas mãos tremeram ao saber o que havia se decorrido ali. A situação por si só já cairia como uma bomba na vida do Peter, mas ele ainda traz consigo um “bônus”.
Os que se detiveram – ao menos por um segundo – no olhar que o Peter lançou ao Neal na cena final viu a confusão maluca de sentimentos que começou dentro da mente do agente. Ele sempre desconfiou de que o Neal estivesse envolvido no roubo do tesouro, mas agora ele ouviu isso da boca do Keller e juntou 2 + 2. Eu não consigo imaginar o rumo que a relação dos dois vai tomar de agora em diante – porque já ficou claro o quanto o Peter se apegou ao Neal e como vai ser difícil para ela tomar qualquer atitude. Aquele olhar final era um olhar que ia da raiva até o medo, passando pela frustração da traição e pela incredulidade… Muito, muito bom.
O que piora – mais ainda! – a situação é que, agora, o Neal já tomou sua decisão. Ele escolheu o Peter ao invés do Mozzie. Preferiu continuar com a sua vida de agente do FBI e ignorou o quão rico poderia ficar se levasse adiante o golpe do submarino. Não acredito que o Mozzie vá realmente embora – talvez o seqüestro da Elizabeth tenha relação com isso. Não quero crer que vão prender o personagem por agora. O que eu falei na semana passada, sobre a nova fase dark dele, ficou ainda mais claro aqui, quando ele decide dar as costas ao seu amigo de anos e fugir com toda a arte. Eu não culpo o Neal por escolher ficar com o Peter, mas também não dá pra culpar o Mozzie. Nenhum dos dois está correto ou errado; cada um tomou a decisão que julgou ser a certa e, agora, vai ter que aprender a lidar com isso.
A participação do Agente Kramer – mentor de Peter – foi sem dúvida alguma um dos pontos mais fortes em Countdown e que ditou todo o ritmo que o episódio tomou. A investigação do Degas, o desespero do Neal ao ver que ganhou outro perseguidor… Tudo isso contribuiu para a formação de um clima de tensão psicológica que se prolongou por boa parte do capítulo e que foi o seu maior atrativo. O retorno da Agente Matthews veio para contrastar com isso e dar um pouco de leveza a toda a situação – o que também funcionou muito bem.
A trama toda da recuperação do Degas foi bacana, apesar de trazer alguns elementos um tanto quanto exagerados, como a bazuca que Neal e Mozzie usaram para tentar resgatar a arte vendida. Outra coisa que me intrigou foi o Peter realmente imaginar que poderia prender o Neal naquele elevador/sala/whatever sem mais nem menos. Burke trabalha com o Caffrey há 3 anos… Era de se esperar que o Neal daria seu jeito de fugir e depois retornar ao local como se nada tivesse acontecido. Eu achei também que o Peter desconfiaria de que o Neal era o responsável pela falsificação do Degas, mas no fim das contas eu acho que isso é algo que será abordado nos episódios do ano que vem.
Prever o próximo fácil ficou difícil. O Peter é um personagem construído de forma instável e é quase impossível imaginar como ele vai agir de agora em diante. Se a Elizabeth não estivesse seqüestrada, eu apostaria facilmente que ele imprensaria o Neal na parede e lhe arrancaria a verdade. Mas com a esposa em perigo, eu acho que ele acabará fazendo um jogo duplo ou algo do tipo, com medo do que o Keller possa fazer com a El. O que me deixa mais triste nessa história toda é que ele provavelmente nem imagina que o Neal escolheu não fugir, em detrimento de sua antiga amizade com o Mozzie e de seu passado criminoso, e provavelmente não acreditará quando o mesmo lhe contar.
Vem chumbo grosso por aí. Janeiro, pode chegar logo, por favor?