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Scream Queens

Por: em 25 de setembro de 2015

Scream Queens

Por: em

Ok, vamos começar partindo do seguinte fato: Scream Queens é péssima. É tão ruim, que comecei a pensar qual o sentido de investir tanto em elenco e propaganda para uma produção assim porque, sério, é BEM ruim. Ela fica entre “Pânico” e “Todo Mundo em Pânico”, talvez sendo um pouco melhor que este último por, até agora, ser menos nojenta e apelativa. De resto, você já sabe: horrível. Mas… respirando fundo, e abrindo um pouco a mente, cheguei à seguinte conclusão: existem algumas séries que não podem ser analisadas pela literalidade de suas cenas e de seu enredo; séries em que é preciso ir mais além para encontrar algum sentido no que pode parecer apenas um monte de besteiras. Scream Queens é um destes casos.

Garotas Scream Queens

À primeira vista, a série é absurdamente estúpida. À segunda vista também, mas isso é proposital e merece um pouco mais de crédito do que parece (lembrando de abrir a cabeça, galera!).

Vamos lá: Kappa Kappa Tau é uma irmandade universitária famosa pela maldade e mesquinhez de suas participantes, principalmente da presidente do clubinho, “Chanel 1”. Rejeitando todas que não se enquadrem em seu padrão de popularidade e beleza, Kappa Kappa Tau se vê obrigada a aceitar a candidatura de qualquer garota do campus, após a reitora da universidade assim determinar. Irritadíssima com a idéia, “Chanel 1” se vê ligada a todas aquelas meninas que despreza após um dos primeiros acontecimentos marcantes. Vemos também alguns integrantes de uma irmandade masculina, tão mimados e arrogantes quanto as garotas – você já odeia todos de cara, vai por mim. À partir daí, surge um serial killer que está atrás destes estudantes. O assassino também manda seus recados a quem quer que se intrometa na proteção das garotas e na investigação do caso. Ainda não sabemos seus motivos e todos são suspeitos. Universitários mortos, um assassino com máscara assustadora: típico slasher. Basicamente, é isso. Mas vamos analisar um pouco melhor:

Kappa Kappa Tau Scream Queens

O público alvo de audiência são, sem dúvida, os adolescentes. Percebemos isso pelo enredo e pelas críticas nada sutis, mas principalmente pela escolha do elenco. Meses antes do lançamento de Scream Queens, as redes sociais estavam lotadas de jovens enlouquecidos pela estreia, mal podendo esperar para ver seus ídolos na tela: Emma Roberts (American Horror Story, Pânico); Lea Michele (Glee); Nick Jonas (Jonas Brothers); Ariana Grande (iCarly); Abigail Breslin (Pequena Miss Sunshine); Diego Boneta (90210); Jamie Lee Curtis (Sexta Feira Muito Louca); Keke Palmer, Skyler Samuels, Glen Powell, Niecy Nash, entre outros.

Após tanta espera, a série chegou, tendo sua estreia no Brasil transmitida pela FOX, simultaneamente à estreia nos EUA, às 00h do dia 23/09 (Horário de Brasília). O interessante é que já nas primeiras cenas, críticas escancaradas à sociedade surgem por meio situações absurdas, e entendemos então o principal ponto de Scream Queens: alfinetar de forma ridícula e estupidamente direta diversas atitudes comuns e reprováveis. Nesse ponto, lembra muito Os Simpsons, porque o que temos aqui é algo bem nessa linha. Entendo até que o assassino seja, na verdade, uma simbologia para a tentativa de matar hábitos e sistemas superficiais e perversos.

Nick Jonas- Scream Queens

Algumas críticas marcantes: a necessidade do jovem comum de exibir em redes sociais sua vida, antes mesmo de realmente vivê-la (ou salvá-la, no caso); a frieza do egocentrismo; as inseguranças de quem diminui o outro para se sentir melhor; a hipocrisia social (em certo momento, é dado a entender que uma irmandade de rapazes conhecida por detestar gays é inteira composta por gays “no armário”); os absurdos da burocracia (como no caso da segurança que fala de uma série de protocolos a serem seguidos, antes de poder ajudar caso o assassino apareça); a necessidade de ser aceito e a falta de limites para ser parte de um grupo; o preconceito e o racismo. Estes dois últimos são chocantemente praticados em algumas cenas, justamente para mostrar a realidade: existem grupos que tratam as minorias como lixo e vivem isso como algo mais que natural, sem que ninguém os pare. E pior, os excluídos aceitam esse tratamento como algo normal.

Tudo isso é trabalhado através de personagens que são, na verdade, caricaturas vivas: representam uma idéia, um tipo de personalidade ou esteriótipo clichê, mas de forma muito, muito exagerada. Isso é o que torna a série trash (e, acredite, ela é muito trash), mas também é o que dá um toque de genialidade.

Falando em genialidade, claro que tendo a produção de Ryan Murphy, também produtor de Glee e American Horror Story, não podíamos esperar algo sem brilho e sentido. Aliás, no início todos esperavam que Scream Queens tivesse enredo e cenas de horror mais parecidos com AHS, o que logo vimos pelos teasers e mesmo entrevista dos produtores que não teria. Mas os fatores alfinetadas sociais e fantasia bem trabalhada não poderiam faltar. E não faltaram. Ponto para a estreante!

Scream Queens

Curiosidades:

Emma Roberts, a líder da Kappa Kappa Tau, Chanel 1, é sobrinha de Julia Roberts. Está mais que em casa com o papel que recebeu nesta nova série, já que sua personagem atual é parecidíssima com as que interpretou em Pânico 4 e American Horror Story: Coven. Em todos os casos, as personagens são lindas, estão em busca de fama e reconhecimento e são irritantemente mimadas.

Jamie Lee Curtis, no papel de reitora da universidade, é filha de Janet Leigh, conhecida pela famosíssima cena de Psicose, em que é assassinada com uma faca no chuveiro. Além disso, Jamie estreou sua carreira em um dos primeiros filmes estilo slasher a ter fama: Halloween – a Noite do Terror, de 1978.

Por fim, não posso dizer que você não se arrependeria se parasse tudo para ver Scream Queens. Este será, provavelmente, um caso de amor ou ódio, sem meios termos. Mas se decidir dar uma olhadinha, vem contar pra gente o que achou! Quem é o assassino na sua opinião? No review da próxima semana, eu conto meu palpite!


Regiane Oliveira

Estudante em busca da melhor forma de viajar o mundo e conhecer (quase) tudo. Mãe de um filhinho de 4 patas. Noiva do melhor amigo. Apaixonada por filmes, séries, livros, idéias novas e acordar depois das 10h. Geminiana por natureza e escolha.

São Paulo/SP

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: CSI: Crime Scene Investigation

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