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Huge

Por: em 3 de julho de 2010

Huge

Por: em

Huge foi divulgada como “Glee encontra Ugly Betty” e, mesmo eu não querendo ver séries que se vendem usando o nome de outras, resolvi dar uma conferida. Até porque a mistura não parecia tão esdrúxula; Glee mostra os adolescentes “excluídos” e Ugly Betty mostra a vida de uma garota feia e gordinha em uma editoria de moda, onde todos são lindos e magros.

Mas, depois de assistir ao piloto, acredito que a comparação seja apenas marketing ruim. O nome da série dá uma dica do tamanho dos adolescentes da trama. Huge, a nova série do canal ABC Family, mostra a vida de adolescentes gordos em um acampamento de emagrecimento. Ou seja, uma história nada original, que já vimos no filme Heavyweights (Pesos Pesados, no Brasil, um dos clássicos da Sessão da Tarde). Mas, em épocas de vacas magras, Huge é uma das melhores estreias da midseason.

Claro que os instrutores não são tão caricatos e aficcionados por malhação, como era o personagem de Ben Stiller, mas os personagens de Huge também são obrigados a comer somente verduras (e sem repetir o prato!) e a praticar exercícios físicos. Tirando os erros primários de quem começa uma dieta sem acompanhamento médico – quem faz regime não pode simplesmente cortar metade da alimentação e viver de folhas; e sedentários não podem começar a correr sem antes ter começado a caminhar, para não sofrer lesões -, a série passa uma mensagem boa e que faz falta hoje em dia: o importante não é ser magro, mas ter um corpo saudável.

O ponto positivo de Huge (aproveitando a onda de Glee) fica por conta do clima escolar do acampamento. Nikki Blonsky (do musical Hairspray) é Will, uma garota sarcástica e que não queria estar lá, e, em um certo momento clichê do piloto, começa a traficar doces para os novos colegas. Após desentendimentos com a novata Amber (Hayley Hasselhoff, filha de David Hasselhoff) e as populares Chloe (Ashley Holliday) e Caitlin (Molly Tarlov), Will decide ir embora, mas claro que retorna (clássico momento de tensão desse tipo de enredo).

Uma coisa interessante foi mostrar que nem todo mundo que é gordinho sofre por estar acima do peso, derrubando vários preconceitos. Huge mostra pessoas querendo emagrecer, pessoas em negação com o corpo, gente querendo uma vida melhor e gente que se aceita como é, mas está ali forçado pelos familiares.

A baixa audiência da série, na casa dos 2 milhões de telespectadores, comprovou uma teoria. Relembrando a frase do carnavalesco Joãosinho Trinta, que dizia que “pobre não gosta de ver pobre; quem gosta de pobre é sociólogo”, digo o mesmo para Huge. Uma produção de um país onde a maioria da população é gorda ou obesa, a audiência foi vergonhosa. Dói tanto ter os seus defeitos expostos dessa maneira?

Poderia dizer que a audiência refletiu a baixa qualidade da série, mas seria mentira. Huge tem erros gritantes (como o uso excessivo de clichês) e ainda peca por não definir bem seus personagens – Will, por exemplo, começa a série cheia de atitude, mas depois cai no chavão e vira mera uma chata intolerante -, mas, no geral, não é ruim e tem grandes chances de melhorar. Afinal, praticamente todo o filme Pesos Pesados foi usado no piloto e agora a série deve seguir rumo próprio.

Torço para que os americanos tenham coragem de ver seu retrato adolescente na história desses gordinhos.


Bianca

Feminista interseccional, rata de biblioteca, ativista, ama filmes, séries, cultura pop e BTS. Twitter sempre vai ser a melhor rede social.

São Paulo - SP

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: Lost

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