Demorei para escrever as primeiras impressões dessa nova série inglesa porque não estava muito decidido do que havia achado. Agora, após ver o piloto mais uma vez, confesso que a história de Outcasts tem potencial, se desviar dos clichês de uma série sci-fi ou executá-los bem, porque sabemos que clichês, quando bem colocados, valem a pena de qualquer maneira.
Outcasts é a nova série do canal inglês BBC One que conta a história dos moradores do planeta Carpathia. Depois da Terra sofrer severos impactos ambientais e sociais devidos a uma guerra nuclear, não é mais um planeta para se viver, então existiu uma força tarefa para procurar um novo local. A série não se preocupa em mostrar muito dos detalhes anteriores a chegada dos moradores em Carpathia, apenas dá algumas dicas do que pode ter acontecido. Falta de recursos naturais não renováveis; impactos climáticos; extinção de bichos como tigre e outros problemas, tudo devido a guerra, são o que tornaram a Terra um local inabitável. Quando a série começa já somos apresentados a Forthaven, a primeira cidade construída em Carpathia dez anos atrás quando os primeiros humanos chegaram. No comando de tudo está o Presidente Richard Tate, que junto de sua equipe de Proteção e Segurança, lideram Forthaven.
O piloto nos mostra a vida dos personagens principais e lida com o problema da chegada de, provavelmente, a última nave espacial vinda da Terra. Os roteiristas também explicam como as coisas funcionam em Carpathia. Forthaven é uma cidade segura, com muros altos e bem protegida. Seus moradores há muito se acostumaram com a vida em um novo planeta, mas sentem falta de suas vidas na Terra, familiares e coisas comuns, como o mar, animais, ou simplesmente uma boa cerveja. Cada personagem dessa trama tem seus próprios problemas. O próprio Presidente Tate perdeu seus filhos, pois as crianças, quando chegaram no novo local, foram acometidas a uma doença desconhecida, o que é normal em um ambiente e um ecossistema que difere da Terra. Com isso, a esposa de Tate se matou e ele vive com a memória da família até hoje. O piloto não deixou bem claro se ele é o mocinho, vilão ou uma mistura dos dois. Ambos os lados foram mostrados, com a preocupação pelo seu povo, mas também com decisões tomadas no passado que podem ser consideradas erradas. Entre elas está o que parece ser a ordem de execução de moradores originais do planeta, ou de um grupo de exilados que tentou quebrar a ordem do local. Só no piloto isso ainda não fica bem esclarecido, mas dá para perceber que a série trabalhará com um tema comum nesse gênero que é a clonagem.
Em contraponto com Tate e sua equipe, está o grupo de expedicionários de Carpathia, cujo trabalho é justamente explorar a vasta fauna e flora do local desconhecido. Foram eles que encontraram água, alimentos…enfim, que ajudaram a firmar a base da construção de Forthaven. Seu líder é Mitichell Hoban (coincidências a parte, Hoban é interpretado por Jamie Bamber, cujo mais trabalho lembrado pelos fãs de seriados é como Adama em Battlestar Galactica, que tinha uma premissa parecida com Outcasts). Hoban é visivelmente perturbado. Pelo que foi mostrado no piloto, foi dada a ele a ordem de executar os moradores originais/grupo de exilados do planeta, mas se recusou, mentiu e virou líder desse grupo. Ele está tentando unir forças para escapar de Forthaven e ir para outro local e tentar um recomeço. A atuação de Bamber foi ótima nesse piloto, mostrando muito bem os dois lados de uma pessoa com dupla personalidade, transtorno o qual o personagem tem. O lado violento e doentio de Hoban foi muito bem interpretado por Bamber nas cenas com a esposa e principalmente com o filho (que apesar de simpático, enjoou com o Tyger! Tyger! burning bright, In the forests of the night).
A série mostra outros personagens interessantes como a Stella, a chefe de Proteção e Segurança, cuja filha estava a bordo da CT-9, a nave espacial tentando chegar em Carpathia, que apesar de explodir, conseguiu enviar alguns novos moradores, mas não ficamos sabendo se a filha de Stella conseguiu. Um deles que fecha o episódio é Julius Berger, que com todo o mistério cercando o personagem, me deixou curioso para saber quem ele é e por que tanta importância de sua chegada. Eric Mabius, intérprete de Berger deve ser o ator mais conhecido da série, recentemente visto no elenco principal de Ugly Betty. Gostei da química dos personagens Fleur e Cass, dois amigos enviados para encontrar Hoban; além do divertido Tipper Malone, um morador da cidade que faz negócios ilegais.
O que eu esperava mais era desbravar Carpathia e seus cenários. Claro, fui ingênuo pelo promo da série que fez uma compilação das melhores filmagens da temporada. Também não dá para negar que o que foi mostrado do planeta é realmente lindo. O cenário composto de muito verde, montanhas, rios e áreas áridas é da África do Sul, onde a série foi filmada. Pelas cenas dos próximos episódios espera-se mais do belo lugar que é Carpathia, então minhas expectativas devem ser atendidas. O piloto não deixou muito claro os caminhos que a série seguirá. Se será algo como Battlestar Galactica e uma guerra entre humanos e os seres de Carpathia (se é que existem realmente nativos) e se migrará para os campos de clonagem como já foram dadas algumas dicas.
O fato é que a série tem potencial, só precisa escolher um caminho e seguir firme nele, pois com o leque de opções que eles tem em mãos, mais os cenários e atuações, pode vir a ser uma ótima pedida para esse ano. Sem contar que o criador da série é Ben Richards, roteirista de outras três séries aclamadas pela crítica inglesa: Spooks, Party Animals e No Angels.
