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Shameless

Por: em 1 de agosto de 2015

Shameless

Por: em

Shameless - foto promocional

Durante um daqueles momentos procurando algo diferente no Netflix, deparei-me com Shameless (US). Nunca tinha ouvido falar da série, mas resolvi arriscar. Que surpresa boa! Para a minha alegria de maratonista, naquele momento, estavam disponíveis quatro temporadas e não consegui parar de assistir. Trata-se de uma comédia dramática, remake da série britânica de 2004, que estreou em 2011 pelo canal americano Showtime, contando a história da desajustada família Gallagher, que luta para sobreviver nos EUA pós-crise. Apesar de parecer uma narrativa simplória, não se engane: é uma história rica que surpreende a cada episódio nos fazendo chorar e, principalmente, rir muito.

Frank Gallagher (William H. Macy) é o patriarca da família que, após ter sido abandonado pela bipolar Mônica (Chloe Webb), “cria” sozinho seus seis filhos – Fiona, Lip, Ian, Debbie, Carl e Liam. Digo “cria”, entre aspas, pois Frank é um alcoólatra incurável que está sempre tramando um novo golpe para garantir o dinheiro da bebida, enquanto quem garante o “leite das crianças” é a filha mais velha, Fiona (Emmy Rossum). Ela conta com a ajuda de Lip (Jeremy Allen White) para manter alguma ordem na casa, ele é o segundo mais velho e, disparado, o mais inteligente da família. Já Ian (Cameron Monaghan) é um menino mais introspectivo lidando com sua sexualidade. Debbie (Emma Kenney) e Carl (Ethan Cutkosky) são dois pré-adolescentes nada parecidos: ela durona, porém insegura e emotiva; ele um psicopata com tendências perversas. O núcleo familiar fecha com Liam (Brenden Sims), o bebê da casa.

Já pelas características dos personagens centrais fica claro que Shameless não é uma série para todos os gostos. E, talvez, seja justamente isso que a torne tão interessante. Frank é fonte inesgotável de situações cômicas e absurdas, dotado de absolutamente nenhum escrúpulo. Fiona, apesar de ser a responsável pela casa dos Gallaghers, não consegue se comprometer com nada: nem empregos, nem namorados. Lip é o tipo de adolescente que, se criado em uma família mais tradicional, teria tudo para ser muito bem sucedido. No entanto, usa o cérebro para bolar maneiras de sair das furadas que ele – e o resto – se mete. Ian é um menino gay descobrindo sua sexualidade sem muita referência, o mais calado da barulhenta família. Debbie é a única que se importa com Frank, mesmo ele não se preocupando com ninguém. Carl é aprendiz de serial killer, o garoto é o capeta e, acredite, a série retrata isso de forma hilária! Liam é um bebê negro numa família caucasiana, deixando claro que Frank não é o pai, mas ninguém parece se importar com esse detalhe. E Mônica vive numa outra dimensão, completamente “viajandona”, aparece em alguns momentos cruciais para a trama.

Apesar de parecerem independentes, os integrantes dessa família contam muito uns com outros e são unidos nas suas loucuras, juntos se completam em uníssono. Na terceira temporada, Debbie passa por uma situação ruim e Fiona, consolando-a, dispara que “Nobody fucks with the Gallaghers”, a frase define essa família e se tornou a mais icônica da série.

Fiona e Debbie - Season 3

Apesar de ser difícil para a maioria de nós conseguir nos identificar com personagens tão desajustados, o carisma deles aliado aos diálogos muito bem escritos e atuações impecáveis faz com que nos apaixonemos por cada um.

A trama ainda conta com outros núcleos, como os vizinhos Verônica (Shanola Hampton) e Kevin (Steve Howey), um casal de amigos praticamente integrante da família. A incrível Joan Cusack no papel de Sheila, uma mulher muito perturbada e engraçada, que sofre de agorafobia e é mãe de uma friend with benefit de Lip. Sheila e Frank protagonizam algumas das cenas mais hilárias da série. Caso ainda não tenha se convencido a assistir, faça por eles. Você não vai se arrepender, juro!

A abertura é outro show à parte, funcionando como um resumo já situa o expectador no contexto da série (as risadas começam ali). E a música – The Luck You Got, da banda The High Strung – casa muito bem com a narrativa apresentada.

Uma escolha muito boa do time que opera por trás das câmeras é o resumo dos episódios anteriores. Em cada “anteriormente em Shameless” aparece um ou mais personagens para contar ao expectador o que ele perdeu e, sempre, questionar o motivo disso, brigando com quem está do outro lado da tela. É uma abordagem diferente, que conversa com o público e faz com que se queira assistir até essa parte (que nós normalmente pulamos, não é mesmo?).

Se você não gosta do politicamente incorreto, a série não é para você. Os episódios são recheados de sexo, drogas, palavrões e comportamentos moralmente recrimináveis por parte de, bom, todos os personagens. Agora, se você não se importa com isso e quer assistir algo muito bem pensado e executado, rir bastante e se apaixonar pelos personagens mais errados da atualidade, pode se jogar – com perdão do trocadilho – sem vergonha em Shameless.

A série foi renovada para uma sexta temporada, com estreia para o ano que vem. Aproveite para fazer maratona das outras cinco enquanto 2016 não chega!


Fernanda Faria

Adora fazer nada, mas faz tudo ao mesmo tempo. Viciada em séries de tudo quanto é tipo, guarda um espacinho maior no coração para as de temática transgressora. Precisa de uma bela pitada de humor pra viver.

São Paulo - SP

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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