Começo essa review trazendo um questionamento pra vocês, que como eu, acabaram de acompanhar o fechamento da historia de Yonkers: Nick Wasicsko foi um herói?
Quando começamos a minissérie, acreditávamos que seria, afinal, ele era o protagonista. Doce e amarga ilusão. Nessas duas últimas partes pudemos vislumbrar que de herói, nosso ex-prefeito não tinha nada. Cada atitude tomada nessa reta final nos mostrou um homem quebrado e sedento por poder e reconhecimento. Depois de amargar uma posição no conselho, em uma eleição apertadíssima, vimos como a falta de votos o afeta. Nick passa a maquinar maneiras de se manter no cenário da politica da cidade sem se preocupar em quem ele afeta no percurso, exemplos disso são sua esposa e a melhor amiga.
A primeira perde o emprego por uma jogada política errada de seu marido contra seu chefe, mesmo ela tendo pedido a ele que não fizesse o que pretendia. Já com Vinni Restiano, Nick é ainda mais desleal: se candidata ao mesmo cargo que ela, mesmo tendo sido apoiado pela amiga em cada candidatura e decisão. E como não perceber seu desespero quando ele clama para si o projeto das casas populares? Sabemos que ele foi peça crucial para a implantação das mesmas, mas também sabemos que essa atitude tomada por ele nunca foi uma luta pela minoria, e sim uma maneira de evitar que a cidade quebrasse. Outro momento em que percebemos seu clamor por reconhecimento é quando sai batendo de porta em porta das novas casas para conversar com os novos moradores.
Se por um lado acompanhamos a decadência de Nick, por outro aplaudimos de pé o crescimento daquelas que pra mim foram as grandes heroínas da história: Doreen e Mary. Doreen não tinha perspectiva de futuro e mesmo assim enfrentou todas as barreiras. E olha que não foram barreiras fáceis, uma gravidez não planejada, a morte do marido, o mundo das drogas, etc. Seu envolvimento com as casas começa tímido, mas ela nasceu para liderar e logo assume um espaço maior na busca por aceitação de seus novos vizinhos.
E o que falar de Mary? Mary foi o personagem que mais me aguçou a curiosidade desde o principio com a sua busca pela “justiça”, e a sua luta contra a construção das casas rendeu a ela uma posição no conselho da vizinhança. Com essa posição ela passa a ter contato com o outro lado da historia e, observamos que em cada visita as famílias cadastradas no programa, sua atitude muda um pouco. Ela passa a enxergá-los como pessoas iguais a ela. Sua amizade com Doreen foi bela de se ver, emocionante.
Acompanhamos também o final de trajetória de todos os personagens, Norma e Billie são contempladas no primeiro sorteio, junto com Doreen, e são as primeiras a se mudarem. E com que medo que elas dormem nos primeiros dias em casa, qualquer barulho é diferente e uma possível ameaça da vizinhança assustadora. Carmen por outro lado não tem tanta sorte, entra na lista de espera e só é contemplada com as ultimas casas a serem construídas.
E com isso nos encaminhamos para o final. As casas estão ocupadas pelos novos residentes e tudo caminha sem grandes imprevistos, as vizinhanças miscigenadas começaram a se adaptar com a nova situação e novas casas são aprovadas para construção. Enquanto isso, Nick, que já estava com dificuldades para aceitar sua insignificância no cenário político atual, se desespera com uma investigação que ocorre na prefeitura e como isso afetaria sua figura pública e, em um momento de covardia, tira sua vida.
E assim como foi dito em um dos episódios anteriores: “show me a hero and i’ll write you a tragedy”. Acredito que Nick realmente se considerava um mártir, e assim sendo tentou partir como o herói que, em minha humilde opinião, nunca foi.
Show me a Hero retratou um cenário tenso e preconceituoso, e foi magnificamente bem ao fazê-lo. Nos importamos com os personagens, agradecemos suas conquistas, felicitamos suas vitórias e choramos suas tragédias.
Agora quero saber de você leitor: Nick Wasicksco foi um herói? Deixem seus comentários nos contando o que achou da minissérie.
