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Vale cada minuto – The Bridge

Por: em 9 de outubro de 2013

Vale cada minuto – The Bridge

Por: em

Da Escandinávia para a América.

[Sem spoilers]

Øresund: este é nome da ponte que liga a Dinamarca a Suécia através do Mar Báltico. É também o ponto de partida de uma das séries mais elogiadas dos últimos anos, a dinamarquesa Bron/Broen, criada em 2011 por Måns Mårlind (diretor de Underworld: Awakening), Rosenfeldt Hans e Bjorn Stein. A trama tem início quando um corpo cortado ao meio é encontrado na ponte, mais especificamente na linha que divide os dois países. Este detalhe curioso faz com que as polícias dinamarquesa e sueca se juntem para investigar o assassinato (esta união é o motivo do duplo título: Bron em sueco, Broen em dinamarquês). O sucesso na escandinávia foi tão grande que logo a série chegou a outros países europeus. E o que acontece com todas as produções elogiadas e bem sucedidas não produzidas em inglês? Acertou quem pensou em remakes. E é sobre o primeiro deles, The Bridge, que se trata esse post.

The Bridge 1

The Bridge estreou na summer season deste ano pelo canal a cabo americano FX (o mesmo de Sons of Anarchy e The Americans). Aqui o cenário é diferente. Dinamarca e Suécia são trocadas por EUA e México. O crime da vez acontece na ponte que liga a cidade de El Paso no Texas a cidade de Juárez no estado de Chihuahua. Aos que ainda não sabem, esta cidade mexicana é considerada a mais violenta do mundo e o número de mulheres assassinadas desde 1985 é de aproximadamente 40 mil (sugiro que pesquisem sobre o assunto e, se possível, assistam ao filme Bordertown, de 2006, no Brasil intitulado Cidade do Silêncio).

Do lado americano temos a detetive Sonya Cross, interpretada pela atriz alemã Diane Kruger (do filme Inglorious Bastards), enquanto do lado mexicano temos o detetive Marco Ruiz (Demián Bichir, da finalizada Weeds e já indicado ao Oscar de Melhor Ator pelo filme A Better Life). O formato da série é o mesmo da original: uma temporada completa que investiga apenas um crime, ao contrário dos procedurais ao estilo CSI. Apesar de não ser o favorito do público em geral – motivo pelo qual eu acredito que uma série com esse perfil não duraria na tv aberta – este modelo costuma ser mais eficiente e interessante de acompanhar, vide a ótima experiência proporcionada pela 3ª e última temporada de The Killing.

Além de apresentar o passo a passo da investigação – aqui não existem palpites, apenas pistas -, The Bridge reserva tempo para mostrar a difícil relação entre os protagonistas. Sonya sofre da síndrome de asperger, considerada um autismo leve. A personagem é antissocial, extremamente direta e franca, entende tudo de forma literal e não consegue mentir, incluindo aquelas mentiras leves que todos dizemos no dia-a-dia. Sua dedicação exagerada com o trabalho – pessoas com esta condição costumam se envolver profundamente em determinadas atividades – faz, entre outros fatores, com que a personagem seja uma profissional ainda mais competente.

The Bridge 2

Comparações já foram feitas com Carrie Mathison de Homeland, mas todas injustas. A agente da CIA interpretada por Claire Danes é bipolar e a doença, até o momento, apenas trouxe problemas para a sua carreira e vida privada. Já a condição de Sonya permite que a detetive enxergue o mundo ao seu redor de forma diferente, um fator que auxilia na investigação, principalmente na busca por evidencias. Ela é o maior trunfo da série, rende os melhores diálogos e pode ser considerada uma das melhores performances da carreira de Kruger até aqui.

Apesar de alguns defeitos em relação ao plot principal – e eu não me aprofundarei para evitar spoilers -, The Bridge acerta em diversos pontos, a começar pelo elenco. Além dos competentes protagonistas, a série traz Annabeth Gish (The X-Files, The West Wing) no papel de Charlotte Millwright (foto abaixo), viúva de um poderoso empresário local e uma potencial antagonista; Ted Levine (conhecido pelo papel de Buffalo Bill em Silent of the Lambs), interpretando o chefe de Sonya, Hank Wade; o australiano Thomas M. Wright (Top of the Lake), irreconhecível no papel de Steve Linden, suspeito do assassinato; e a colombiana Catalina Sandino Moreno (indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 2005 pelo filme Maria Cheia de Graça).

The Bridge 3

The Brigde conta também com um roteiro sólido e por vezes ousado, principalmente durante o desfecho da trama principal da primeira temporada. O assassinato, com é de se esperar, esconde motivações muito mais profundas e o texto vai, aos poucos, abordando os problemas sociais de Juárez. Outro ponto positivo: a adequação de cenário. Enquanto a original apresenta tons frios e muita neblina, o remake americano aposta no clima quente e seco, nas cores pardas e em vários momentos alaranjadas. A sensação é de que em Juárez e em El Paso não cai uma gota de chuva. E para combinar com esse clima, a abertura mostra takes de Juarez – lugares abandonados, probreza e túmulos, ao som de  Until I’m One with You, de Ryan Bingham.


A primeira temporada já está finalizada e registrou média 3.6 milhões e 1.7 na demo considerando as exibições em todas as plataformas. Os números são aceitáveis para os padrões do canal e já garantiram a segunda temporada da série. A previsão para julho de 2014. No Brasil, The Bridge é exibida pelo FX aos domingos, às 23h.

The Tunnel

The tunnel

Dica: o Sky Atlantic, emissora a cabo premium do Reino Unido, em co-produção com o Canal + (a mesma emissora do fenômeno Les Revenants) lançará em 16 de outubro a versão franco-britânica de Bron/Broen, The Tunnel. O assassinato da vez ocorre no famoso Eurotúnel que liga Folkstone, na Inglaterra a Calais, na França através do Canal da Mancha. O thriller é protagonizado pela francesa Clémence Poésy (da minissérie Birdsong), Stephen Dillane (o Stannis Baratheon de Game of Thrones). Assim como The Bridge, esta será atuada nas duas línguas nativas respectivas de seus países. Confira o trailer:

Esse texto foi escrito por Rodolfo Costa (@RodolfoCV). ex-colaborador do blog, que gostou tanto de The Bridge que quis dividir sua opinião sobre a série conosco.


Apaixonados por Séries

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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