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Demolidor

Por: em 10 de abril de 2015

Demolidor

Por: em

Sejamos sinceros: Não se falou em quase mais nada na internet essa semana além da badalada estreia de Demolidor, a primeira das cinco séries que a Netflix lança em conjunto com a Marvel Studios/Disney (ainda esse ano, teremos A.K.A Jessica Jones, que será seguida por Luke Cage, Punho de Ferro e Defensores, provavelmente em 2016 e 2017). Os motivos para a expectativa gigantesca eram justificados: O Demolidor apresenta um universo rico e nunca bem explorado no cinema (vamos fingir que o filme com Ben Affleck nunca existiu); a Netflix segue quase irretocável em sua trajetória pelas séries originais; o universo expandido da Marvel cada vez mais cresce em qualidade (basta comparar os primeiros filmes aos últimos e a primeira temporada irregular de Agents of S.H.I.E.L.D com a excelente segunda); a aclamação crítica prévia.

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Juntando tudo isso, obviamente a série estreava com o enorme peso da expectativa em seus ombros. Pelo piloto, contudo, dá pra dizer tranquilamente que, sim, Demolidor não decepcionou, e mais: Tem tudo pra ser a melhor produção da Marvel até aqui e uma das melhores séries do ano.

Como o nome da coluna sugere, esse é um texto de impressões gerais sobre o piloto da série. Como toda a temporada já está disponível, faremos reviews semanais dos episódios, sempre às terças e aos sábados, começando na próxima terça, dia 14/04, com o 1×02, e seguindo assim até acabarmos a temporada. Queria pedir, de coração, pra que quem já assistiu aos episódios posteriores, não comente spoilers nos comentários dos textos. Vamos nos ater a discussão sobre o episódio em questão e os que vieram antes dele, ok? E isso vale pra aqui e para os vindouros.

De cara, esqueça o universo solar de Vingadores S.H.I.E.LD e até mesmo os plots envolvendo inumanos, mutações, aliens e super-poderes. A principal característica de Demolidor – e uma de suas maiores forças – é o realismo cru. Sem lutas coreografadas como as da Viúva Negra, muito sangue, muitos socos e problemas reais, que podem acontecer a qualquer um em qualquer lugar. Neste contexto, temos como pano de fundo a história de Matt Murdock (Charlie Cox, perfeito no papel título) que, ainda criança, sofre um acidente que o deixa cego, mas aguça todos os seus outros sentidos. Já adulto e trabalhando como advogado, Murdock faz justiça durante o dia na profissão e durante a noite como o Demolidor, um vigilante solitário que patrulha as ruas de Hell’s Kitchen, bairro de Nova York, e enfrenta bandidos e outras ameaças. A sequência inicial da série, antes da maravilhosa abertura, serve exatamente para nos jogar de cabeça no mundinho de Murdock. A partir daí, nós já sabemos: Os garotos Murdock costumam ter o diabo no corpo. 

Um acerto enorme da produção é quanto a sensorialidade. Somos convidados não apenas a observar, mas também a sentir, junto com Matt, como seus outros sentidos se aguçaram depois da perda da visão, especialmente quanto a audição acima da média e a sensação de empatia (como em muitas das cenas iniciais do advogado com Karen Page). Dessa maneira, a imersão no show fica muito mais forte e a identificação com Matt é mais do que instantânea, o que ainda é intensificado graças ao grande carisma que Cox confere ao personagem.

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Carisma que, aliás, não falta ao restante do elenco.

Deborah Ann Woll mostrou que já se livrou completamente de sua personagem na finada True Blood e fez de sua Karen Page um dos personagens mais intrigantes e convidativos da hora inicial do show. Ao lado de Elden Henson e seu divertido Foggy Nelson, os dois prometem ser o alívio cômico da série em meio a tensão e suspense que as outras histórias trazem. A química entre os dois personagens e Matt funcionou de cara, especialmente entre o futuro Homem sem Medo e Foggy. Vincent D’Onofrio que interpretará o Rei do Crime, um dos personagens mais esperados, ainda não deu as caras, mas já foi citado sutilmente nas entrelinhas – outro grande acerto do programa, aliás.

O roteiro não subestima em momento nenhum seu expectador. Conta exatamente aquilo que tem que ser contado, sem ser prolixo ou didático ou entregar nada mastigado, permitindo que o público reflita sobre o que lhe foi mostrado e chegue a alguma conclusão. Um bom exemplo é que a batalha de Nova York é citada apenas como “o incidente”, diferente de S.H.I.E.L.D, que no começo usava todas as letras possíveis para falar sobre o assunto e sobre os Vingadores. Os diálogos são diretos (e alguns fortes) e também funcionam. “Eu não estou em busca de perdão pelo que fiz. Peço perdão pelo que vou fazer.” 

Tecnicamente, a série também é impecável. A fotografia escura combina com o clima sombrio do programa, que deixa claro que vai retratar problemas reais, como máfia e corrupção. Talvez essa seja sua maior contribuição ao Marvel Cinematography Universe (junto com suas séries companheiras que logo virão): Tratar de algo mais pé no chão. Claro que a gente ama Thanos, Hulk, Inumanos, poderes e todas as coisas que a Marvel tem feito muito bem, mas essa pegada realística estava mesmo em falta e Demolidor veio destinada a começar a preencher isso.

A fantástica sequência final (de longe, a melhor do episódio), mostra exatamente isso: Às vezes, o que o mundo precisa é de alguém que enfrente todos os problemas reais de frente e esteja pronto para apanhar e se levantar quantas vezes for preciso, sempre que alguém estiver em perigo. Qualquer um pode ser um herói. E Matt Murdock vai provar isso.

Em caso de dúvida, termino o texto frisando: Este é um dos melhores pilotos que você vai assistir esse ano, e não importa que ele ainda esteja em abril. Pouca coisa tem potencial para superar.

Até terça-feira, com a resenha do 2º episódio. Até lá, comenta aí embaixo com a gente o que achou da estreia da série do Homem Sem Medo.

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PS. Eu não sou um grande conhecedor do universos dos quadrinhos do Demolidor, embora esteja tentando consertar esse erro nos últimos tempos. Então me perdoem se eu deixar passar alguma referência nos episódios e compartilhem nos comentários. Nos próximos episódios, vou falar mais um pouco disso.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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