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Empire

Por: em 15 de janeiro de 2015

Empire

Por: em

A Fox exibiu no último dia 07 de janeiro o piloto de seu novo drama musical, Empire. Escrita por Lee Daniels (Preciosa) e Danny Strong (Jogos Vorazes) e com um elenco encabeçado por  Terrence Howard, Taraji P. Henson e Jussie Smollett, a série conta a história de um grande empresário do mundo da música que, após descobrir uma doença terminal, precisa decidir qual dos seus três filhos assumirá o controle da Empire, sua milionária gravadora de hip-hop.

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Cada personagem tem, ao menos a princípio, uma personalidade muito bem delimitada: Lucious Lyon (Howard) é um figurão, rei absoluto de seu próprio império, mas com muitos podres escondidos debaixo do tapete. Já nestes primeiros minutos fica claro que ele é capaz de passar por cima de qualquer pessoa para conseguir o que deseja. A única personagem com força suficiente para bater de frente com o Rei Lear do rap é Cookie (Henson), sua ex mulher que acaba de deixar a cadeia após 17 anos querendo “o que é dela” de volta. Só falta mesmo ela descobrir que significa isso e o que fazer quando conseguir, porque até então a personagem se mostrou bastante imatura para a selva corporativa em que a Empire está inserida.

No meio do casal-problema estão os três filhos, completamente diferentes entre si, mas lutando igualmente pela atenção do pai. Hakeem é o caçula e favorito de Lucious, um rapper comercial no auge da carreira que só pensa em curtir a fama e o dinheiro, sem se comprometer com nada. Jamal é o filho do meio, aquele personagem escrito para o público se identificar e torcer para se dar bem (mas acaba sendo o que mais sofre): talentoso, humilde, bonito e gay. Jamal é rejeitado pelo pai e só aceita se arriscar no mundo da música para tentar conquistar o carinho de Lucious, mas com isso acaba entrando indiretamente na disputa pela gravadora também. O mais velho e mais ambicioso é Andre, um homem de negócios que manipula a mãe e os irmãos para entrarem em uma disputa interna. Seu objetivo é desestabilizar a família para despontar como a opção mais viável para assumir o posto do pai.

Empire não traz nada de novo e alguns clichês chegam a realmente incomodar. Os personagens são previsíveis, o roteiro flerta bastante com o estilo das novelas latinas (aliás, as semelhanças com Império, novela das 21h da Globo, vão muito além do nome) e a cultura negra norte-americana é mostrada de forma bastante estereotipada. Na família central temos o magnata machista e homofóbico, a batalhadora escandalosa que se sacrificou pela família, o filho mimado, o filho manipulador, o filho gay do coração bão e a trophy wife. São tipos clássicos em uma trama que todo mundo já conhece, mas que por ser bem executada prende a atenção do espectador, fazendo com que ele queira voltar para saber o que vem pela frente – ainda que provavelmente já saiba.

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A série tem uma identidade musical R&B bem marcada, se distanciando imediatamente das outras produções recentes no gênero, como Glee, Smash e Nashville. Não é um musical em que os personagens cantam seus diálogos ou saem fazendo coreografias em momentos aleatórios. Empire aposta mais no realismo, e assim garante um potencial para conquistar também parte do público que nem é fã do estilo.

Apesar de previsível, o piloto mostrou que a série sabe construir uma boa narrativa em cima de um argumento bastante comum, o que já é melhor que muitos roteiros que conseguem ser péssimos mesmo baseados em premissas brilhantes. Por outro lado, essa previsibilidade compromete muito o lado musical, já que a “alma do negócio” são aquelas músicas que todo mundo corre pra baixar quando termina o episódio – e Empire não teve nenhuma que chegou sequer perto disso.

A série merece uma chance pela sua simplicidade e pelo bom elenco, que dá conta do recado – só a presença deliciosa de Gabourey Sidibe já valeria a audiência -, mas está mais para um programa que você para pra assistir enquanto zapeia procurando qualquer coisa do que um daqueles que te fazem esperar ansiosamente pelo próximo episódio. Já conferiu a versão R&B de Rei Lear na Fox? O que achou? Deixe seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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