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Game of Thrones – 5×09 The Dance of Dragons

Por: em 8 de junho de 2015

Game of Thrones – 5×09 The Dance of Dragons

Por: em

Os penúltimos episódios de Game of Thrones nunca falham. O ritmo das temporadas é sempre uma surpresa: vão dar mais enfoque ao lado político? À parte de fantasia? Vão investir em grandes batalhas? Pouco importa. Se existe uma certeza sobre essa série, é a de que o nono episódio sempre será de tirar o fôlego. The Dance of Dragons, é claro, não fugiu à regra e deve ter deixado muita gente se revirando na cama sem conseguir pegar no sono depois do que foi exibido.

stannis

Não tem outro jeito de começar esse texto que não seja falando do núcleo do Stannis. Aquele núcleo que antes eu lutava pra não pular, e que se tornou o melhor deste quinto ano. Lá no final da quarta temporada, quando ele chegou com seu exército salvando a Patrulha da Noite, já conquistou alguns corações. A postura determinada que ele mostrou este ano, aliada ao desenvolvimento de uma relação muito bonita com a sua filha, mais uma possível vitória sobre os atuais personagens mais odiados da série e ainda os plots morosos dos outros aspirantes ao Trono de Ferro foram elementos decisivos para tornar Stannis Baratheon o grande nome da quinta temporada. E por mais que ninguém, ou quase ninguém, continue torcendo pelo personagem depois do que ele foi capaz de fazer, não se pode negar que a sua storyline foi a que mais cresceu – não só nesta temporada, mas na série inteira.

Por mais perturbadora que tenha sido a execução da adorável Shireen, e por mais que tenha pego todo mundo de surpresa – acho que nunca a série me pegou tão desprevenida quanto dessa vez – não dá pra dizer que foi uma ação incoerente. Ou que não condiz com o que o personagem mostrou até aqui. Stannis foi responsável pelo assassinato do irmão, ordenou a morte do sobrinho, queimou dezenas de inocentes na fogueira por cinco anos e, fora um momento ou outro de ternura, nunca foi lá um pai muito amoroso. Ser covarde o suficiente para mandar Sor Davos embora para poder queimar a sua menina viva foi uma das maiores crueldades que a série já mostrou, mas é bem condizente com o perfil de um homem que, no passado, enviou uma sombra para perfurar o coração do seu irmão caçula.

King’s Landing não apareceu neste episódio – até porque não sobrou muita coisa para mostrar por lá – mas não é difícil estabelecer um link entre o que acontece no Sul e no Norte. Na capital, o exército da Fé vem acabando com centenas de vidas em nome da suposta vontade dos deuses. E não é exatamente o mesmo que Stannis fez? Melisandre é ainda mais sedutora e convincente que o Alto Pardal, e considerando os casos reais, que todo mundo conhece, de pessoas que cometem as maiores atrocidades para defender suas crenças, é fácil enxergar as motivações de Stannis para chegar àquele ponto. Mas é muito, muito improvável que ele consiga conviver com essa decisão. Se para nós foi difícil dormir depois de ouvir os gritos de Shireen, meu palpite é que ele não vai dormir nunca mais.

arya

Mudando de ares, vimos mais um pouco de Arya em seu treinamento, desta vez sendo desviada de seu caminho por reencontrar um dos nomes da sua lista negra do passado. Em The House of Black and White nós a vimos pronunciar o nome de Meryn Trant depois de muito tempo, o que já dava um indício de que esse momento estava chegando. Além de tudo, o miserento ainda é pedófilo! Fiquei positivamente surpresa por a HBO não ter mostrado a garotinha no bordel sendo estuprada. Eles dificilmente perdem a chance de reproduzir esse tipo de cena. É muito provável que Arya use justamente o que ele tem de pior para se vingar. Por outro lado, levar adiante essa empreitada pessoal pode arruinar o seu progresso na Casa do Preto e Branco – que, vale lembrar, é mais uma instituição religiosa que tem o assassinato como prática corriqueira.

Não tem muito o que falar de Dorne, apenas que foi tão ruim quanto o que já tínhamos visto antes. Tudo é ruim naquele núcleo – da caracterização às atuações, passando pelo roteiro ridículo e pela fotografia pouco inspirada nas cenas internas. A diferença entre o episódio anterior e esse, foram justamente as cenas na terra de Doran, que jogaram a média de The Dance of  Dragons lá pra baixo. Oremos por uma finale sem Dorne. Oremos por uma vida sem Dorne.

Mas quando todo mundo pensou que estava com o coração partido pela morte de Shireen, vieram as sequências em Meereen pra mostrar que ele ainda estava super inteiro e batendo bem pra caramba. Sor Jorah foi apresentado como westerosi, mas só pode ser brasileiro, porque aquele ali não desiste nunca! Apesar de todo aquele climão de Gladiador, achei que ele estava mais pra Katniss que pra Maximus quando jogou a lança em direção à realeza e acertou a cara do FDH. Brincadeiras à parte, todo o ataque dos Filhos da Harpia foi absurdamente angustiante e, considerando o fato de que eu não sou fã de zumbis, me empolgou mais até que as sequências finais do episódio anterior.

daenerys

Afinal, o que querem essas pessoas? Por que atacaram os mestres? Mataram um representante deles? Se não era a reabertura das arenas que eles queriam, o que é? Sair matando sem dizer o motivo não vai adiantar muita coisa. Ou é uma manifestação de protesto muito burra ou apenas o lazer da carnificina. Quando Drogon chegou para salvar Daenerys eu gritei mais que na Copa do Mundo (até porque, meu total de gritos na Copa = 0). Apesar de todos os problemas para lidar com seus dragões – que não são animais de estimação, são ferozes, letais – a ligação que ela tem com eles ainda é muito forte e, tirando os efeitos especiais ruins (pô, HBO!), foi um encerramento de episódio muito bom e já deixou a gente com saudades antecipadas da série.

Para finalizar, gostaria de abrir um espacinho para falar sobre a repercussão de Hardhome durante a semana. As sequências finais empolgaram o público e foram praticamente uma unanimidade. Tanto quem leu os livros, quanto quem só acompanha a série embarcou naquele clima e surtou junto. No bom sentido. Ninguém reclamou, ninguém ameaçou abandonar o programa, ninguém foi encher o e-mail do GRRM com indignações. Sabem por quê? Porque foi bom. Porque fez sentido. Porque foi bem escrito, bem produzido, vai ajudar no desenvolvimento da trama e chocou porque foi impecável, não porque eles pensaram em qualquer coisa brutal aleatoriamente pra colocar lá. Tanto Unbowed, Unbent, Unbroken quanto Hardhome colocaram dois protagonistas vivendo o plot que originalmente pertencia a outros personagens – a diferença é que no primeiro eles apagaram completamente o crescimento prévio de Sansa, jogando a garota de volta para a estaca zero, enquanto Hardhome foi a coroação da jornada de Jon Snow até aquele momento. Isso não é coincidência. Pode adaptar, pode mudar tudo, desde que façam a coisa toda direito. Sem preguiça, sem misoginia, sem recursos baratos de roteiro. Viram como todo mundo fica feliz assim?

Algumas observações:

– Shireen agora se juntou a Ygritte, Robb, Cat, o nariz de Tyrion e Ned na lista de vítimas do episódio 9. Já estou com saudades.

– Hizdahr zo Loraq também morreu. Nobody yes door.

– Tô doida ou Sor Jorah salvou a Khaleesi com a mãozinha da escamagris?

– Drogon deve ser da geração do merthiolate que não arde, considerando o escândalo que fez quando a Danny mexeu no machucado dele.

– Alguém precisa ensinar uma nova expressão facial pro Olly. Já entendemos que ele está #chatiado, já pode trocar de cara.

– Desculpem o tamanho da review. Não curto textão exagerado, mas dessa vez tinha tanta coisa pra comentar!

shireen

Com tanto em aberto, fica difícil pensar que o décimo episódio vai seguir a tradição dos últimos capítulos lentos de Game of Thrones. O que você acha que está guardado para o encerramento da temporada? Gostou de The Dance of Dragons? Deixe seu comentário e até a próxima (e última) review!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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