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Glee – 6×12 2009 e 6×13 Dreams Come True (Series Finale)

Por: em 22 de março de 2015

Glee – 6×12 2009 e 6×13 Dreams Come True (Series Finale)

Por: em

Eu já imaginava que essa seria uma review difícil. Mas nunca pensei que seria tanto assim. Não vou nem enrolar muito porque são dois episódios e muita coisa para ser dita. Gostaria de comentar cada detalhe dessa series finale de Glee, mas vai ser quase impossível. Já aviso que vai ser grande, para não assustar ninguém. Então, preparem a playlist com as melhores versões do Glee cast e venham comentar comigo.

Glee-Series-Finale-Rachel-Kurt-Mercedes-Finn-Tina-Artie

2009 talvez tenha sido o episódio que mais representou a redenção dos roteiristas, principalmente de Ryan Murphy e Brad Falchuk. Foi uma incrível volta à primeira temporada, desde a caracterização dos personagens à regressão de suas personalidades. Lembramos, por exemplo, o quanto a Rachel daquela época era chata com toda sua obsessão pelo estrelato e o quanto Kurt era inseguro e sofrido. Passando pela história de cada um deles, foi como se cada momento daquele Piloto estivesse de volta e nós pudéssemos fazer parte de tudo aquilo de novo.

Começando por Kurt, é de partir o coração ver sua insegurança. Temendo não ser aceito no coral do Justin Timberlake mais velho (melhor definição do Mr Schue), foi atrás de Rachel e Mercedes para conseguir algumas dicas. Ali já tinha início a antipatia que ele nutriu durante um grande tempo por Rachel e a amizade que criou com Mercedes. Temos de volta também o Burt machão, cego para os problemas do filho. Mas, mesmo sem saber lidar com ele da forma correta, aquele homem foi o melhor pai do mundo. Todos concordamos que seus métodos eram errados, mas foi graças a eles que Kurt se juntou ao glee club.

Mercedes sempre teve aquela imagem confiante para provar ao mundo quão grande ela era. Mas no fundo, sentia-se insegura como todos os outros. Ela foi mostrada em suas raízes, no lugar onde ela mais foi acolhida antes do New Directions. E foi lindo, foi emocionante e magnífico. Seu medo de ser ofuscada por Rachel levou-a ao limite. A cena em que ela chora na igreja é tão delicada, tão significativa. Não sei quem é aquela moça, mas ela teve as palavras mais sábias na hora certa. Deu à Mercedes o que Rachel não poderia ter, conselhos e confiança de uma figura “materna” (mesmo se não for mãe no fim das contas, uma mentora), além de um pouquinho de previsões. É fato que essa relação poderia ter sido explorada de melhor forma, mas a competição pelos solos sempre foi um modo eficaz para trazer o melhor de Mercedes. Não é a toa que ela talvez a mais bem sucedida (discussão que fica pra depois).

Glee-Series-Finale-New-Directions

Enquanto isso, tudo que erraram com a Tina durante todas as temporadas, pareceu ter sido levemente reparado com sua maravilhosa participação no primeiro episódio da finale. De todas, foi a mais engraçada e mostrou um potencial que poderia ter sido explorado desde o início. Junto com Artie, ela fazia parte de um grupo um tanto estranho, com underdogs que também cometiam bullying. E foi por uma aposta que decidiram entrar para o coral, algo que nunca poderia imaginar. O Artie era tão fofinho que às vezes eu me esqueço tudo que ele passou. Seu discurso interno é tão sofrido que dá até orgulho de seu jeito forte de encarar o mundo. Essa coragem e vontade de viver são únicas. Por mais que eu tenha torcido por Tina e Mike, ela e Artie são um casal que dá certo desde o princípio.

Talvez o momento mais esclarecedor de todo o episódio tenha sido o início da relação tempestuosa de Sue e Mr Schuester. Já sabíamos que parte da raiva que ela sentia vinha da preocupação com suas Cheerios perdendo destaque para um bando de crianças cantando e dançando. Só não imaginávamos que essa guerra toda teve parte também com Will. Quem mandou ele dizer a ele que achava as artes mais importantes que o esporte? Foi quase que um pedido para ser odiado, ofendendo a “menina dos olhos” da treinadora. Sinto muito, queridão. Mereceu seu primeiro “presente” da vingança, um belo ábaco.

Glee-Series-Finale-Sue-Mr-Schuester

Impossível não falar de Rachel. Ela que sempre foi decidida, desbocada e metida. Ela que fez de tudo, inclusive insultar os coleguinhas e quebrar regras, para chegar ao topo. Ela que sempre precisou de aplausos e dos holofotes para sobreviver. Aqui, esse episódio é um baita soco na cara de todas as pessoas que já reclamaram que a série dava muito destaque pra ela. A razão por trás disso vem de um conselho de Terri, que Mr Schuester coloca em prática. Rachel era considerada a mais patética até pelo professor. Toda essa conversa de que ela era a mais talentosa era uma desculpa, à princípio. Todo seu destaque foi construído com base na pena que sentiam por ela. Mesmo assim ela conseguiu seu reconhecimento e provou que não era apenas uma menina patética com mania de grandeza. Ela também podia ser uma estrela com seu incrível talento e determinação. Por mais que seja alienada à críticas, ela muitas vezes tem os melhores discursos sobre amor e amizade. Por isso ela é minha personagem preferida desde sempre (assim como o Jesse, porque eles são perfeitos juntos <3).

Bom, deixei para o final de tudo para falar de uma vez só, porque sabia que seria o mais doloroso. Quando falaram que o Finn ia aparecer de alguma forma, fiquei preocupada. E não deu outra. Realmente, não se importaram em cortar o coração dos fãs com seu “sumiço” durante o episódio inteiro, fazendo expectativas para quando ele apareceria. E quando apareceu, doeu muito mais que esperávamos. Só a figura dele empurrando a cadeira de Artie foi o suficiente para desabar todas as estruturas emocionais. E tudo o que o pessoal falou sobre ele, logo depois reprisando a performance mais icônica da série, foi de acabar com qualquer um que acompanhou Glee. Nada mais bonito que mudarem o nome do auditório em homenagem a ele. O que nos leva ao próximo episódio.

Glee-Series-Finale-Finn

“It takes a lot of bravery to look around you, and see the world, not as it is, but as it should be. A world where the quarterback becomes best friends with the gay kid, and the girl with the big nose ends up on Broadway. Glee is about imagining a world like that, and finding the courage to open up your heart and sing about it.” Sue Sylvester

Dreams Come True já começou derrubando forninhos sem ao menos chegar ao primeiro minuto. Não tenho palavras para descrever a emoção de ver tantas gerações de glee clubs ali, reunidos com a vitória de uma Nationals. Foi um pouco massante a cena de Will e Emma, mas extremamente necessária. Ali, vemos que essa série não seria nada sem esse professor dedicado ao trabalho e apaixonado pelas artes. Não teria ninguém mais responsável para assumir a diretoria do McKinley, tornando a escolha um modelo a ser seguido. O roteiro proporcionou uma bela homenagem ao ensino das artes com esse discurso de Mr Schuester e do Superintendente. E colocar o pequeno Danny com camiseta vermelha e All Star também foi uma homenagem ainda mais bonita e singela para a série toda.

Talvez a maior surpresa no final das contas tenha sido Sam. Aparentemente, os esportes ficariam um pouco de lado no McKinley, deixando-o sem emprego. Blaine até tentou levá-lo de volta para New York, mas era notório que ele não pertencia àquele lugar. Mr Schuester viu nele o que havia visto no Finn – e talvez esse teria sido o destino pensado para o personagem de Cory Monteith. E, mesmo a seu modo todo torto de ser, ele pareceu dominar a arte de ser professor.

Já a Mercedes teve o sucesso que todos poderiam esperar dela. Abrir para a Beyoncé não é para qualquer um, ein amiga. Deve ter sido a que ficou melhor financeiramente, e espero que tenha se tornado mundialmente famosa. A cena em que ela agradece os amigos por terem tirado as inseguranças dela foi belíssima, ainda mais triste com ela saindo “com classe”, sem falar mais de perto com eles por temer desabar. Foi um discursos mais bonitos do episódio todo, que mais me fez pensar na minha própria vida. É o tipo de coisa que a gente precisa ouvir quando está crescendo.

Glee-Series-Finale-Rachel

Mas uma das cenas que mais abalou minhas estruturas emocionais foi o reencontro de Sue e Becky. Depois daquela sacanagem que fizeram, colocando a menina contra a melhor amiga, foi emocionante ver o amor e o respeito que existe entre elas. Como elas são lindas e perfeitas juntas! Melhor amizade construída na série toda. Assim como o futuro de Sue foi um dos melhores. Após socar Geraldo Rivera, eles voltaram a se encontrar, quando ela tinha sido eleita vice-presidente em 2020. Nem ela sonhava chegar tão alto (rumo a presidência de 2024).

O futuro Klaine também não poderia ter sido melhor. A ligação de Kurt e Rachel já era muito forte, mas se tornou ainda mais com ela sendo “barriga de aluguel” dos amigos. Que desenvolvimento desses personagens lindos. Ninguém nunca poderia imaginar que aquela Rachel mimada e egocêntrica faria algo tão lindo pelos amigos, sem pensar nenhum momento em seu próprio umbigo. Mas ela teve um final glorioso, como merecido, com um marido perfeito e um Tony, coroando todo seu talento e dedicação. Aliás, Jesse rei até o fim, né.

Performances:

Popular – Rachel e Kurt

Que coisa mais linda, como Hummelberry é maravilhoso. De volta aos tempos de colégio, Rachel seria a mentora de Kurt para as audições, pelo menos na cabeça dele. E foi ótimo a forma com que a música dialogou com a história. Assim como em Ding Dong The Witch Is Dead, For Good e Defying Gravity, Lea Michele e Chris Colfer arrasaram, mostrando a química que possuem.

I His Child – Mercedes

Estive esperando a performance toda pelos vitrais da igreja quebrando com as altas notas de Mercedes. Infelizmente, isso só aconteceu no sentido figurado. Mas ela colocou o local para tremer com sua bela e potente voz. E como ela estava linda!

I Kissed a Girl – Tina

Nunca vou superar essa performance da Tina gótica, é tão engraçada. O Artie olhando com espanto e as caras do Mr Schue são muito boas. Apesar de toda a gracinha que fizeram com ela, isso mostra o talento mal aproveitado da Jenna.

Pony – Artie

Ainda me espanto com a voz do Artie, de tão boa que é. Finalmente foi mostrada a música de audição do Artie e a escolha não poderia ser.. mais estranha. Mesmo cantando uma coisa indecente dessas, ele consegue arrasar. Mr Schuester pira com a vibe dele.

Teach Your Children – Mr Schuester

A intenção da cena foi muito fofa, com o Mr Schue demonstrando toda sua gratidão pelos alunos que deram tantas alegrias a ele e àquela penca de novatos que representaria o McKinley dali pra frente. Mas por ser uma última homenagem no último episódio da série, achei uma escolha um tanto fraca. Ainda mais se lembrarmos de Somewhere Over The Rainbow (1×22) e Forever Young (3×22). Mas a emoção de todos ali foi tão genuína que a gente deixa passar. A letra casou maravilhosamente bem com a situação, em que ele realmente ensinou a suas “crianças” tantas lições.

Someday We’ll Be Together – Mercedes

Ela disse que sairia do auditório com o pensamento de que encontraria todos os amigos no dia seguinte para mais um ensaio no glee club. E essa era a mensagem que queria passar a todos nós, que as despedidas são inevitáveis, mas as lembranças são o que nos mantêm forte. Performance linda, mais emocionante impossível.

Daydream Believer – Kurt e Blaine

Que coisa mais fofa, né. Todas as performances com crianças são lindas, mas essa foi muito especial. Todos reproduzindo passos de dança consagrados na série e se divertindo. E que lindinho o menino de amarelo, todo talentoso no piano. A escolha da música foi muito bem feita também, expressando a inocência infantil e a felicidade dos pequenos.

This Time – Rachel

Fico até sem palavras para expressar gratidão ao Darren Criss. Ele conseguiu captar perfeitamente a essência da Rachel e da série, colocando em uma composição mais que incrível. Sobre a entrega de Lea Michele nem falo nada, era visível o quanto ela estava emocionada por dizer adeus. Ou melhor, ninguém diria adeus dessa vez, tudo ficará guardado no coração <3

The Winner Takes It All – Will e Sue

Um dos melhores duetos desses dois. Essa música já é épica, mas conseguiu ficar ainda mais sendo “recontextualizada”. Com a seleção de apenas alguns versos, ela foi capaz de traduzir toda a relação de Mr Schue e Sue. O melhor de tudo é a forma como eles a interpretaram, dando ainda mais autenticidade à cena. Foi um enorme misto de sentimentos, que teve como gran finale o momento mais cômico do episódio. Coitado do Brad.

I Lived – Glee cast

Novamente, não tenho palavras para descrever o que foi o último número de Glee. Todos de vermelho e branco, cantando que “com todos os ossos quebrados” eles viveram. E viveram intensamente essas seis temporadas, com idas e vindas, do melhor ao pior. Por mais que Viva La Vida teria sido perfeita para encerrar a série, I Lived foi a melhor escolha. Vai deixar saudade sim ou com certeza?

Notas:

– Mr Schuester fazendo anotações sobre o pessoal nas audições foi ótimo! Representa muito bem o dom que ele possui para compreender os alunos.

– Não tenho a confirmação disso, mas quase certeza de que a cena em que Rachel conversa com Mercedes na escola foi deletada da primeira temporada. Além de Lea e Amber estarem com cara de novinhas, Rachel diz que tem um pai negro – o que só aconteceu na primeira temporada. Achei lindo tirarem-na da gaveta, mas foi errado demais não explicar o lance do pai negro, já que vimos Hiram e LeRoy na terceira temporada.

– Tava com tanta saudade do Principal Figgins. Foi ele que deu a ideia de mostrar ao Schuester seus tempos no glee club, não é um amor esse homem?

– Que saudade eu tava do Howard (o cara que trabalhava junto com a Terri). Melhor pessoa!

– O que foi o encontro precoce de Mercedes e Blaine?

– Sue chamando o Blaine de Mrs Porcelain foi muito engraçado. A cena em si foi ótima, indo do melhor tipo de comédia (com menções do namoro entre Blaine e Karofsky) ao mútuo agradecimento.

– Blaine rindo e chorando ao mesmo tempo = igual eu o episódio inteiro.

– Rachel teve as melhores concorrentes de toda a vida. Apenas imaginando que glória seria competir com a dama Maggie Smith (minha rainha), Willow Smith (eu amo o deboche dessa série!) e Anne Hathaway. E que discurso mais lindo esse da vitória!

Minha última nota: a cara HILÁRIA que a Emma fez quando a Terri abraçou o Will. Impagável.

Glee-Series-Finale-Finn-Hudson-Auditorium

Foram 6 temporadas, 121 episódios, mais de 700 performances. Personagens que passaram pela trama e ficaram, outros que foram esquecidos pelo tempo. Lições de respeito, igualdade, perseverança e amizade que nem os episódios ruins conseguirão estragar. Aqui me despeço da série e agradeço a tod os aqueles que acompanharam as reviews dessa última temporada de Glee aqui comigo. Sempre que quiserem comentar, podem aparecer!


Giovanna Hespanhol

Jornalista apaixonada pela cultura pop e por tecnologias. Forte tendência a gostar de séries ruins e comédias água com açúcar.

Bauru/SP

Série Favorita: Doctor Who

Não assiste de jeito nenhum: Game Of Thrones

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