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House of Cards – Vale cada minuto!

Por: em 5 de abril de 2013

House of Cards – Vale cada minuto!

Por: em

“Ele escolheu dinheiro em vez de poder…um erro que quase todos desta cidade cometem. Dinheiro é mansão no bairro errado, que começa a desmoronar após dez anos. Poder é o velho edifício de pedra, que se mantém de pé por séculos. Não respeito quem não sabe distinguir os dois.”
— Frank Underwood

House of cards estreou no Netflix com todos os episódios lançados simultaneamente. Não tivemos que esperar nada para ver o episódio seguinte e isso condiz muito com a postura e o propósito do Netflix. E é muito bom pra gente, porque depois de vermos o episódio piloto ficamos com muita vontade de ver o próximo. E o próximo, e o próximo… House of Cards é deste tipo de série que queremos ver logo tudo, saber o que vai acontecer em seguida.

Confesso que fui conferir a série porque era a primeira produção original do Netflix e porque tinha Kevin Spacey como protagonista, a trama politica não me interessava muito. O sistema norte americano de administração é confuso e isso poderia se tornar um empecilho para assistir a série. Não foi. Muito pelo contrário, a série trata do sistema com tranquilidade e clareza, em pouco tempo já estamos também contando os votos dentro do congresso americano.

House of Cards é um retrato da política, ou melhor, dos bastidores dela. A série é americana mas o retrato é de qualquer poder legislativo, com pessoas preocupadas principalmente em alcançar poder, não em elaborar leis ou projetos para a população. Estas coisas são só o meio que encontram para se promover, se fazer notórios. House of Cards não tem nenhum pudor em mostrar o que as pessoas são capazes para conseguir a notoriedade que acham que merecem.

Então vemos todos os movimentos de Frank Underwood (Kevin Spacey), congressista que foi fundamental para a eleição no novo presidente Garrett Walker (Michael Gill), para conseguir vingança ao não obter o cargo que queria por ajudar o Walker. Ao se ver traído, ele traça seus planos para derrubar o governo, e tudo o que faz na vida é para alcançar esse objetivo, passa por cima de todos no caminho. Frank não está sozinho, ao seu lado tem muitas pessoas que, como ele, fazem qualquer coisa pelo poder, não têm muitos escrúpulos.

Sua esposa, Claire Underwood (Robin Wright), é o seu braço direito. É uma mulher fria que não demonstra seus sentimentos, está sempre bem vestida e administra uma ONG com mãos de ferro. Não mentem um para o outro e apesar de parecer romântico, o casal consegue transformar isso em algo estranho e distorcido. Se usam sem problema algum, jogam com os fatos e se dão apoio nos planos para chegar ao poder. Frank confia em Claire plenamente e muitas vezes afirma amá-la muito. Eles tem um casamento aberto, e os dois se beneficiam disso, mas esse relacionamento pode trazer problemas para eles no futuro.

Ele conta com a ajuda do seu fiel assessor, Doug Stamper (Michael Kelly) que assim como o chefe trabalha duro pelo poder e não se preocupa em sujar as mãos por ele. A confiança que Frank tem em Doug é tanta que este age muitas vezes sem informar ao chefe, para livrá-lo da cumplicidade. House of cards não poderia retratar esse momento se não envolvesse o meio jornalístico. Na série a jovem jornalista Zoe Barnes (Kate Mara) tenta chantagear o Underwood para obter informações privilegiadas do governo, mas acaba caindo nos planos do congressista e sendo usada por ele. Mas ninguém é santo nessa história, todos são frios e são capazes de muita coisa para se promover.

Inclusive Peter, um novo congressista que acaba caindo nas garras do Frank, foi escolhido a dedo por gostar de farra e ter problemas com a polícia, que Doug ajudou a contornar para terem um trunfo sobre ele. Apesar da ambição (que todos tem) Peter parece ser o personagem mais humano, e, apesar dos vários erros que comete ainda tem resquícios de uma boa índole.

Mas Frank Underwood conhece o sistema, sabe contornar problemas, criar muitos outros e, principalmente, sabe como convencer as pessoas como um bom político sabe fazer. É um personagem muito forte, com muito conteúdo para ser trabalhado. O congressista tem um caráter desprezível, todos sabemos disso, mas é tão bem construído, tão brilhantemente interpretado por Kevin Spacey que mesmo assim nós torcemos por ele durante a série.

Sem contar com a edição da série que é espetacular. Em House of Cards Frank conversa com o telespectador, e nós somos os único a quem Frank explica seus pensamentos e suas ações futuras. A edição e direção da série cria uma cumplicidade entre o personagem e o espectador, que vai crescendo junto com a evolução da temporada. Com o tempo já é possível Frank dar só uma olhada cumplice para o telespectador sem dizer uma palavra.

Assim como Frank Underwood, House of Cards é capaz de muita coisa, sabe trabalhar bem a ansiedade do telespectador sem ter que contar com episódios semanais e cliffhangers bombásticos para isso. Sabe apresentar muitos ângulos dos personagens sem desconstruí-los, sabe nos fazer interessar pela política e tomarmos nojo dela.

House of Cards vale cada minuto!


Camila

Mineira, designer, professora que gosta tanto de séries que as utiliza como material didático.

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Fringe

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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