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Les Revenants – Vale cada minuto!

Por: em 1 de junho de 2013

Les Revenants – Vale cada minuto!

Por: em

Eles voltaram.

[Sem spoilers]

[Les Revenants] Adèle, Chloé & Simon

É notável o avanço de séries internacionais fora da linha EUA, Canadá e Reino Unido nos últimos anos. Da Dinamarca temos dois sucessos: Forbrydelsen, versão original de The Killing (AMC) e Bron/Broen, que por sua vez é a ‘mãe’ de The Bridge, nova série do FX. A premiada Homeland (Showtime) é versão de Hatufim, série israelense de 2010. Outras duas produções de Israel: In Treatment (BeTipul no original), exibida pela HBO entre 2008 e 2010, e Hostages, nova série da CBS com Toni Collette (de United States of Tara) no elenco. Da América Latina destaca-se a argentina Mujeres Asesinas, inspiração para a nova série (e provável bomba) da ABC, Killer Woman (estreia na midseason de 2014). Além destas, outra produção que vem chamando a atenção – e que vale cada minuto – é a francesa Les Revenants, sucesso de público e crítica que já foi vendida para diversas emissoras estrangeiras, incluindo o Channel 4 da Inglaterra.

Les Revenants foi lançada em novembro de 2012 pelo Canal +, emissora a cabo premium francesa. Criada por Fabrice Gobert, o drama é uma adaptação do filme de mesmo nome – no Brasil intitulado Eles Voltaram – lançado em 2004 por Robin Campillo. Les Revenants lembra Incidente em Antares, romance de Érico Veríssimo que gerou uma minissérie na Globo em 1994. A sinopse: Em uma pequena e bela cidade do interior da França um fenômeno acontece. Pessoas que morreram há alguns anos voltam a vida e retornam para suas respectivas casas como se nunca tivessem falecido. Algumas delas morreram há décadas, outras há poucas semanas. Ninguém entende como e por que essas pessoas foram, supostamente, escolhidas. Aqueles que ressuscitaram buscam se reintegrarem à sociedade após as diversas mudanças ocorridas enquanto estavam mortos.

[Les Revenants] Lena

A primeira temporada é composta por oito episódios de 60 minutos e cada um leva o nome de uma personagem. O primeiro episódio é focado em Camille (Yara Pilartz), adolescente de 15 anos que morreu em um acidente de ônibus três anos antes. Ela tem uma irmã, Lena (Jenna Thiam), de 18 anos. Assim como os seus pais, Jèrôme (Frédéric Pierrot) e Claire (Anne Consigny), a jovem nunca superou a perda da irmã. Outra personagem de destaque entre os que voltaram é Simón (Pierre Perrier), que morreu há sete anos em pleno dia de seu casamento com Adèle (Clotilde Hesme, do excelente filme Les chansons d’amour/As Canções de Amor). Grávida, a personagem criou Chloé (Brune Martin) sozinha até conhecer Thomas (Samir Guesmi), chefe de polícia da cidade.

Julie (Céline Sallette, do ótimo filme De rouille et d’os/Rust and Bone/Ferrugem e Osso) vive sozinha e não tem amigos. Ela vê sua vida ganhar mais cores quando uma criança, Victor (Swann Nambotin), surge em sua porta. Logo cria-se uma relação de mãe e filho, apesar de ele pouco falar ou demonstrar diretamente o que quer. Morto há décadas, o garoto parece entender melhor a sua condição do que o restante dos outros mortos. Juntam-se ao elenco principal Sèrge (Guillaume Gouix), serial killer morto há alguns anos; Seu irmão Toni (Grégory Gadebois); E Lucy (Ana Girardot), migrante e sensitiva que vive em cima do The Lake Pub, único point da cidade.

LES REVENANTS

Les Revenants acerta por fugir dos clichês. Quando uma personagem retorna, os seus familiares não reagem com gritos e desmaios. Cada uma suporta de uma maneira diferente, nunca de forma caricatural. O roteiro é envolvente e prioriza os diálogos sem cair na monotonia. A trilha sonora é invejável, provavelmente a melhor já criada para uma série de TV. Mogwai, banda escocesa de post rock, é a responsável por instrumentais que se adéquam perfeitamente a história: Belos, sombrios, tristes, misteriosos, intensos e cheios de camadas. O tema de abertura é um show a parte, além da edição de imagens que ao mesmo tempo encantam e causam arrepios.

O elenco é outro trunfo. O destaque é a atuação de Céline. Sua Julie parece carregar o mundo nas costas. Traumatizada – saberá o motivo quem assistir a série -, a personagem já não tem mais vaidade, ânimo ou objetivos de vida. Outras duas personagens que merecem atenção especial são Lenna, aquela que mais questiona e não se conforma com o fenômeno, e Victor, misterioso e, em determinados momentos, assustador.

LES REVENANTS

Em Les Revenants existe muita melancolia, culpa e frustração. Parte daqueles que ainda estão vivos não necessariamente vivem de verdade. Estão presos ao passado, não superaram a perda dos entes queridos e destruíram os laços que restavam com aqueles que ficaram. A fotografia é excelente e valoriza as montanhas, as ruas quase vazias, além do reservatório, uma importante localização dentro da história. A cidade não recebe um nome. Provavelmente, a ideia é a mesma do livro Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago: Mostrar que fenômenos podem ocorrer em qualquer lugar do mundo (no caso do livro, pessoas que ficam cegas sem explicação).

Coincidência ou não, a ABC estreará serie com premissa parecida na midseason de 2014: Resurrection, na qual pessoas que também morreram há alguns anos retornam sem lembranças de onde estavam. O destaque é um garoto morto há 32 anos, Jacob, que reencontra os pais já em idade avançada. Até onde se sabe, esta não é uma adaptação do show francês.

Além da Inglaterra, países como Suécia, Israel e Hungria já compraram os direitos da série. Outros países estavam negociando recentemente, entre eles os Estados Unidos. Les Revenants ganhou o título internacional de Rebound e aos poucos vai se tornando um hit. Não há data para chegar ao Brasil, mas com o sucesso da série internacionalmente é muito provável que este dia não demore em chegar. E quanto antes, melhor. Os brasileiros precisam conhecer esta série.

Esse texto foi escrito por Rodolfo Costa (@RodolfoCV). ex-colaborador do blog, que gostou tanto de Les Revenants que quis dividir sua opinião sobre a série conosco.


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