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[Maratona] The OC – 1ª Temporada

Por: em 8 de setembro de 2013

[Maratona] The OC – 1ª Temporada

Por: em

Welcome to The OC, bitch!

Se você caiu de paraquedas nesse post e não entende do que ele se trata, dá uma passada aqui e também mergulhe com a gente nessa maratona de The OCO texto abaixo contém spoilers severos da 1ª temporada da série, então se você ainda não terminou de assisti-la, prossiga por sua conta em risco!

Ryan-e-Marissa-na-Roda-Gigante

A temporada inicial de The OC, mesmo contendo o extenso número de 27 episódios, é fácil uma das melhores e mais bem construídas temporadas de série teen. Se é a melhor da série? Para muitos, sim. Particularmente, prefiro a 4ª, mas os inegáveis méritos deste ano inicial o colocam logo atrás do final. Se The OC é cultuada hoje, tudo começou aqui. Costumo dizer que a season inicial de uma série é a mais importante, porque tem a missão de estabelecer sua história e seus personagens, além de fidelizar um público (especialmente se for uma série de canal aberto, como The OC, que era exibida pela FOX) que justifique o retorno da série para mais episódios nos próximos anos. Bom, pode-se dizer, sem dúvida, que no que diz respeito à série de Ryan, Marissa, Seth e Summer, a missão foi cumprida. 

Já no piloto, somos apresentados à espinha dorsal da série: Ryan Atwood, um jovem residente de Chino, vê sua vida virar de cabeça pra baixo quando seu irmão é preso e sua mãe o abandona, fazendo, assim, com que Sandy Cohen, seu advogado público, o leve até sua mansão, no ensolarado condado de Orange County, coração da Califórnia. Pelos olhos de Ryan, conhecemos Seth, Summer, Marissa, Kirsten e todos os outros personagens que fariam de The OC a série inesquecível que é. No episódio, também somos apresentado ao que seria o início da relação mais disfuncional do show: Ryan Atwood e Marissa Cooper.

Em uma análise imediata, é fácil perceber o que levou Ryan e Marissa a se atraírem um pelo outro. Ele era o forasteiro na terra dos ricos e ela, apesar de fazer parte daquele mundo desde o seu nascimento, não se sentia pertencente a ele. Por mais que ela participasse das festas, se embebedasse e fizesse parte da alta elite, o vazio que Marissa sentia não seria nunca preenchido por badalações e desfiles. O que ela queria era, de alguma forma, ser notada. E Ryan foi o primeiro que conseguiu isso. Enquanto Luke a traía com suas amigas, Jimmy se afundava em dívidas, Summer só queria saber de farra e Julie mergulhava em gastos, foi o Chino que percebeu o quão danificada e o quão diferente de todos aquela garota era. Assim como Ryan, Marissa era uma forasteira, só que em sua própria terra.

E é isso que os primeiros episódios (especificamente até a overdose em Tijuana) mostram. Um Ryan procurando se adaptar a nova vida que os Cohen estavam lhe oferecendo e uma Marissa cada vez mais carente e se agarrando ao garoto que perguntou quem ela era e que cuidou dela durante um porre (e, aqui, fica a menção pra clássica cena de Ryan a carregando nos braços até a casa da piscina no piloto). As discussões com seus pais e com o Luke e algumas atitudes, como entrar no baile de debutantes com Ryan e a overdose no beco em Tijuana comprovam exatamente isso: Ela só queria ser notada.

Se isso justifica ou não todas as suas atitudes (aqui e no decorrer da série), vai do juízo pessoal de cada um.

Todo este primeiro arco do relacionamento dos dois é concluído com maestria com o primeiro beijo trocado na roda gigante. Um dos grandes trunfos deste primeiro ano de The OC é exatamente a construção gradual que a série fez de seus relacionamentos, todos com a verossimilhança necessária. É quando o namoro dos dois passa para o segundo arco na temporada – a interferência de Oliver – que tamanho cuidado se torna um tiro no pé. Explico.

Marissa e Oliver The OC

Talvez alguns discordem de mim, mas é exatamente aqui que o relacionamento de Ryan e Marissa se fadou ao fracasso contínuo. E quem é o culpado? Julie, que fez o possível para que a filha não se envolvesse com o novo Cohen? Os próprios Ryan e Marissa? Talvez todos tenham sua parcela de culpa, mas a grande pedra no sapato atende pelo nome de Oliver Trask. Odiado por muitos e amados por poucos, o garoto perturbado passou apenas alguns episódios no seriado, mas tempo o suficiente para fazer um estrago de danos irreparáveis. Notem: Depois de Oliver, a relação de Ryan e Marissa NUNCA mais foi a mesma.

E é fácil entender o motivo: A confiança mútua, que rege todo relacionamento, foi quebrada ali. Marissa não confiou em Ryan quando ele lhe alertou sobre as segundas, terceiras, intenções de Oliver e Ryan também não conseguiu confiar em Marissa (por mais que ela estivesse cega) quanto ao seu relacionamento com o garoto. A partir do momento em que Oliver apareceu na vida de Marissa, na clínica psiquiatra, o destino da garota estava mudado.

É claro que Marissa foi um pouco ingênua em não perceber a obsessão que despertou em Oliver. O telefonema anunciando a “tentativa” de suicídio, a posterior transferência para sua escola, todos os momentos em que não a deixou ficar sozinha com Ryan, os conselhos… Tudo apontava para o caráter duvidoso. Mas, ao mesmo tempo, é preciso também fazer uma reflexão a respeito do estado da garota, que ainda estava fragilizada após a overdose e a separação dos pais e tentava, aos poucos, juntar os pedaços. Ryan e Summer estavam ali, é claro, mas é possível culpar Marissa por ter caído nas armadilhas de um “amigo” charmoso que lhe estendeu a mão quando ela mais precisou? Complicado julgar assim.

Contudo, mesmo com a hecatombe causada por Oliver, há que se dizer que sua presença rendou um dos momentos mais clássicos da temporada, no episódio 1×14 – The Countdownque é o “I love you” de Ryan para Marissa na contagem de ano novo. Vale lembrar que, no mesmo episódio, logo nos minutos iniciais, é a garota que se declara, mas ganha um Thank You discreto – prova do quanto, ali, Ryan ainda era fechado e tinha medo de expressar seus sentimentos.

O terceiro estágio do relacionamento dos dois na temporada, que cobre os episódios finais, é o mais melancólico. Depois de Oliver, eles tentavam juntar os cacos e recomeçar, mesmo que como amigos, mas o surgimento de Theresa, ex-namorada de Ryan, abalou tudo. Quando parecia possível que Ryan e Marissa se acertassem novamente, a gravidez da garota forçou Ryan a ir embora de Orange County, deixando para trás, após uma última dança, uma Marissa ainda mais danificada do que a do começo e vários outros personagens (que falo mais adiante) devastados. O final da primeira temporada, com o garoto voltando à sua cidade natal, é marcado pela dor e pela incerteza.

Ryan e Luke The OC

Mas nem só de Ryan e Marissa viveu a 1ª temporada da série.

Alguns coadjuvantes ganharam um bom destaque, como Luke, que talvez tenha a linha mais retilínea de evolução nesse ano da série. Somos apresentados ao rapaz como o durão bad boy namorado de Marissa que não quer ver Ryan nem pintado de ouro, mas, pouco a pouco, o próprio texto de The OC vai tratando de humanizar o personagem e mostrar que Luke também era apenas mais uma vítima daquela sociedade aristocrata e emocionalmente opressora de Orange County.  E é interessante que tal trabalho com o personagem começa cedo, quando ele salva Ryan do incêndio na casa modelo, ainda no 2º episódio. É louvável a iniciativa da série de não ter transformado o personagem num vilão caricato após ele perder Ryan para Marissa (claro que muito por causa dele próprio, que nunca conseguiu notar a namorada e a traía constantemente).

Luke ainda é usado para uma importante discussão sobre homossexualidade, quando descobre que seu pai é gay. Sempre visto como o garoto popular e mais respeitado da escola, Luke, da noite pro dia, passa a ser alvo de piadas e chacotas por causa da orientação sexual do seu pai e é nesse momento que acontece a virada do personagem, quando Ryan, Marissa e Seth se colocam ao seu lado.

Uma das coisas mais bacanas da temporada é ver como o relacionamento do rapaz e de Ryan evoluiu. De prováveis rivais a parceiros de trabalhos a, porque não, quase-amigos? Quando Marissa está cega pelos encantos de Oliver e quase todos estão contra Ryan, acusando-o de estar inventando coisas por ciúme, é Luke quem se coloca ao seu lado e se dispõe a ajudá-lo a salvar Marissa.

Se Luke não tivesse ido embora de Orange County no 1×24, depois que todo o seu caso com Julie Cooper vem à tona, talvez os dois realmente se dessem bem. E, como nem tudo são flores, minha única crítica ao personagem (ou à série, na verdade, nessa temporada) é essa relação com a mãe de sua ex. Mesmo Julie sendo louca como nós sabemos, é um relacionamento estranho, bizarro e que não parece haver razão de existir, além de dar uma justificativa para que Luke saia da cidade.

Seth Summer e Anna The OC

Confidence, Cohen! 

Outra grande coadjuvante da primeira temporada foi Anna. Depois de Ryan e Marissa, ela formou, junto com Seth e Summer, o outro pólo central de interesse nestes primeiros 27 episódios e um dos mais divertidos e bem construídos triângulo amoroso da história dos seriados. Quando conhecemos Seth no piloto, sua paixão por Summer é a primeira coisa que salta aos olhos. Ali, ele é o garoto nerd apaixonado pela patricinha da escola que sequer sabe que ele existe. E é bastante divertido assistir o início da relação dos dois, com Summer claramente se aproveitando do amor do garoto e ele se deixando ser usado. E nem dá pra culpar o Seth por fazer esse papel no começo. Em um dia, ele não tinha nenhum amigo. No outro, tinha um irmão postiço e a garota por quem foi apaixonado desde a 5ª série demonstrando um interesse ainda que distorcido nele.

É só quando Anna entra no jogo que a coisa muda de figura.

Seth/Summer tem muitos, muitos defensores, eu incluso. É inegável a beleza do relacionamento dos dois e o quanto a Summer mudou pra melhor depois que se apaixonou pelo Seth, mas o mérito de ter dado confiança ao jovem nerd e ter lhe feito acreditar que ele era alguém e que não devia deixar ninguém pisar nele é exclusivo de Anna. Anna é daquelas pessoas iluminadas, que aparentemente vem à Terra com o objetivo de ajudar alguém, e o que ela fez por Seth é algo que ele nunca vai esquecer – e que provavelmente nenhum fã de The OC vai. O relacionamento dos dois é lindo exatamente por isso. É uma troca de experiências mútua e enquanto Seth ajuda Anna a não se sentir deslocada no seu novo lar, ela lhe ensina como viver, como se destacar e como se valorizar.

O triângulo é muito bem trabalhado, exatamente por deixar tanto Seth quanto nós, espectadores, confusos. Ao mesmo tempo em que podemos ver a evolução clara e gradativa de Summer, tentando deixar de lado todos os valores invertidos que achava serem certos, também vemos a pureza e doçura de Anna despertarem em Seth o garoto sorridente e, mais importante, confiante e forte que ele se tornou. A despedida da loira na reta final da temporada, quando Seth e Summer estão quase se acertando é um misto de tristeza e alegria. No fim das contas, mesmo que Summer seja o primeiro amor de Seth, Anna foi sua primeira companheira.

E, é claro, precisa ser dito que os três protagonizaram tanto os momentos mais divertidos quanto alguns dos mais bonitos da temporada. As intermináveis disputas entre as duas garotas, os presentes no Nata Nukká, as provocações, a primeira vez engraçada de Seth e Summer… E também o adeus de Anna (fácil minha cena favorita nessa temporada) e a declaração de Seth e Summer na escola.

Para o recém-formado casal, o fim da primeira temporada também deixa um gancho. Perturbado por Ryan ter ido embora com Theresa, Seth deixa uma carta para seus pais e para Summer, pega seu barco e sai rumo ao desconhecido, deixando incerto o futuro do casal.

Julie e Caleb The OC

Outro grande mérito da série foi saber trabalhar tanto seu núcleo adolescente quando o adulto. E aqui, também temos muito destaque. Na primeira temporada, Sandy e Kirsten são o casal mais estável e tirando uma outra crise ali, superam tudo juntos. O grande arco deles se estende por todo o ano e diz respeito a adaptação a uma vida com Ryan. Para Sandy é mais fácil, mas para Kirsten, o começo foi difícil. E alguém pode culpar a mulher por não querer um completo desconhecido morando em sua casa da piscina e convivendo com seu filho? É totalmente compreensível. E é exatamente por isso que é lindo observar como ela vai se afeiçoando ao garoto, pouco a pouco, se tornando uma verdadeira mãe, dando-lhe amor, carinho e atenção, coisa reconhecida até mesmo por Dawn, mãe biológica de Ryan. Seu choro descontrolado à cama do garoto depois que ele vai embora, no season finale, é a prova de quanto a ligação entre os dois se tornou forte.

No que diz respeito as histórias adultas, o protagonismo ficou mesmo com Julie Cooper. A mãe de Kaitlyn e Marissa desde o começo se mostrou uma mulher ambiciosa, que não hesitou em abandonar o marido quando os negócios (ilícitos ou não) deram errado. Seus futuros relacionamentos com Luke (ex namorado de sua filha) e Caleb (com quem se casa no final da temporada, no golpe do baú mais bem dado em muito tempo até então) mostram que Julie sempre pensou em si antes de pensar nos outros e é por isso que suas brigas com Marissa quase sempre são homéricas.

Quando, em uma das últimas cenas da temporada, Marissa, já sem Ryan, abre as janelas de seu quarto na mansão de Caleb e tudo o que vê a sua frente é um céu azul e um mundo de solidão, fica claro o quanto a criação da mãe influenciou e muito para que a garota se tornasse a adolescente problemática que conhecemos. E sem chamar tanto atenção assim, mas desenvolvendo suas tramas de forma discreta, esteve Jimmy. Uma coisa que eu sempre achei que a série fosse investir, mas que não teve destaque, foi o relacionamento dele e Kirsten. Entre um flerte, conversas do passado, ele acaba se envolvendo mesmo é com a irmã de Kirsten, Hailey, e tentando iniciar um negócio (um restaurante) com Sandy.

No fim das contas, é uma temporada extremamente bem construída e tão repleta de tramas secundárias (e bem desenvolvidas) que fica complicado comportar tudo em um texto sem que ele se torne gigante (e esse aqui já está grande até demais) e enfadonho. Por alguns problemas, não consegui terminar o review ontem, e ele acabou saindo um dia depois do previsto, mas vou fazer o possível pra não atrasar o do mês que vem!

E você, o que acha dessa temporada inicial de The OC? Deixa sua opinião abaixo!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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