Se no primeiro episódio de Narcos, a série nos apresentou a origem e o começo da jornada de Pablo Escobar, este segundo capítulo vem na mesma qualidade, mas com o objetivo de nos mostrar a ascensão de um dos maiores nomes do narcotráfico na América Latina. Chamado pela imprensa de “Robin Hood” de Medélin, vemos aqui que Escobar construiu sua imagem baseada em um falso populismo, uma aspiração política e um “simples” negócio de táxi, enquanto, na surdina, comandava as operações de tráfico que o fizeram rico.
Era óbvio que, cedo ou tarde, ele levantaria suspeitas. Um taxista que começa a ganhar muito dinheiro, sem nenhum motivo aparente? Mas Pablo foi esperto e souber usar o povo a seu favor, transformando-se numa espécie de “salvador”, jogada comprada por muitos, mas que não colou para Murphy, recém-chegado ao país com a esposa. A série, inclusive, continua desenvolvendo bem a história do homem que entrou no radar de Escobar. Se no primeiro episódio Murphy parecia interessante, aqui ele se destaca ainda mais, seja por momentos engraçados como o lance do gato, pela relação com a agora esposa Connie ou por seu trabalho.
Sua chegada a Colombia o aproximou do personagem de Pedro Pascal, Javier Peña, parceiro de Murphy no combate ao tráfico. O episódio dedicou uma parte de seu tempo a trabalhar a personalidade de Peña e mostrar que as portas estão abertas para eventuais conflitos entre os dois policiais. Murphy não gostou de ter sido colocado para trás na operação de resgate a informante de Peña e se impôs ao deixar isso claro, coisa que muitos novatos não teriam coragem de fazer – ainda mais em um ambiente um tanto quanto hostil.
A dureza que ele apresentou com Murphy se constrasta com a preocupação que mostrou ter por Helena. Diferente do que é esperado para o papel que ocupa, Peña parece nutrir algum tipo de sentimento de cuidado com sua informante e era genuíno seu desespero para salvá-la quando soube que os traficantes a tinham levado. Inclusive, vale aqui o aplauso pra série, que não precisou usar de cenas chocantes ou sequências extremistas para representar a violência contra a mulher. Tudo foi feito de uma forma sutil e, por isso mesmo, angustiante.
O outro segmento do episódio, como eu disse no início da review, voltou-se para a ascensão de Escobar. O irônico é constatar que o principal propulsor disso tudo foi o grupo inimigo M-19, uma guerrilha comunista que teve a brilhante ideia de sequestrar alguém da familia de um dos traficantes. Sério, gente? Eu não consigo nem colocar em palavras o quão estúpido foi esse plano, que ainda saiu pela culatra já que o sequestro de Marta Ochoa resultou na formação do Cartel de Medelin.
Aproveitar o momento “crítico” entre os traficantes para se autodeclarar líder do Cartel foi uma jogada de mestre de Escobar. Era óbvio que ele já planejava isso há algum tempo, já tinha o dinheiro suficiente para tal, mas faltava o acontecimento X que tornasse o momento oporturno, que lhe foi dado de presente pelo M-19. As sequências onde Pablo invade o acampamento do grupo, executa todos e tira uma foto, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo, são de uma crueldade enorme e mostram que ele vai dar mais trabalho do que Murphy pensava.
Mas, ao mesmo tempo, o roteiro do episódio também tenta mostrar um “outro lado” de Pablo, como o momento em que ele suspostamente perdoa Ivan, líder do M-19, e lhe propõe uma parceria ou na cena em que, logo depois de transar com a jornalista, ele pede que ela respeite sua mulher (o que, convenhamos, é de uma hipocrisia tremenda, mas sugere que, à maneira distorcida dele, Escobar se importa com a esposa).
Mas a história está só começando. Muita água ainda pode rolar nos 8 episódios restantes da temporada. Você, tem curtido a série até aqui? Comenta com a gente!
PS. Eu tenho um apelo a fazer. Matem quem vocês quiserem nessa série, mas deixem os animais em paz. O cara que deu tiros no cachorro já tem meu ódio eterno.
PS². É sério que o Murphy caiu nessa jogada do passaporte? Esperava mais dele.
