Chegamos ao fim da segunda temporada de Orange is the New Black. Se em seu primeiro ano a série já causou uma boa impressão ao público e à crítica, esta nova leva de episódios consolidou de vez a série como um dos melhores produtos audiovisuais da atualidade. Mesmo nos seus piores momentos, a temporada conseguiu manter um nível alto, e nos melhores momentos nos presenteou com episódios inesquecíveis, como é o caso de We Have Manners. We’re Polite.
Os episódios recentes de violência em Litchfield, culminando no ataque a Red, levaram uma dupla de investigadores à penitenciária. As principais suspeitas eram Vee e Suzanne, pelo histórico de rivalidade entre seus grupos. Que Vee era uma megera todo mundo já sabia, mas colocar a culpa em Crazy Eyes daquela forma atingiu um nível de crueldade que nem eu esperava, ainda mais porque voltamos a ver o quão inocente, vulnerável e desestabilizada é a verdadeira Suzanne.
Piper pode ter se mantido longe dos maiores conflitos, mas protagonizou de forma brilhante sua própria história e demonstrou em diversos momentos dessa season finale o quanto ela evoluiu. Chapman usou mais uma vez de sua habilidade de manipulação para se livrar da transferência e do castigo – que poderia ser bem pior que a solitária, como um aumento na pena – e ainda conseguiu que Caputo passasse para o seu lado para derrubar a Fig.
A (ex) diretora até que tentou usar do mesmo poder de manipulação… só que de um jeito um pouco menos argumentativo, e também menos eficiente, já que as provas já tinham sido entregues. Mas ela acertou em cheio ao dizer que o tal idealismo de Caputo seria engolido por aquele lugar. Mal assumiu a cadeira de Figeroa e Joe já conseguiu se mostrar pior que ela, ameaçando fazer mal a Daya para manter em segredo o fato de Bennett ser o verdadeiro pai do seu filho.
Já quem mudou (e muito) para melhor foi Doggett. A caipira homofóbica insuportável da temporada passada parece outra pessoa, por dentro e por fora. Novos dentes, novo corte de cabelo, uma improbabilíssima amizade com a lésbica-mor da cadeia e até mesmo tendências feministas brotando na grande heroína dos ativistas pró-“vida”. E a sua breve conversa com Mr. Healy foi certamente um dos fatores que o fizeram voltar atrás para ajudar Suzanne.
E por falar em ajudar a Suzanne, não dá para não falar no quanto é bom ter a velha Taystee de volta. Como é bom ter de volta o seu humor ligeiro, as conversas entre Amanda e Mackenzie, a amizade com Poussey, que em nenhum momento desistiu dela. A mobilização das meninas para salvar Crazy Eyes foi linda de se ver. É verdade que elas fizeram as vezes de vilãs desta temporada, ganhando inclusive a antipatia de parte do público, mas todo esse arco mostrou que a série não é rasa, e que mesmo personagens cômicos e positivos podem ter um lado sombrio, como qualquer um de nós.
O episódio teve sim momentos bem dramáticos, como a Rosa descobrindo que iria morrer logo e a Suzanne chorando sozinha agarrada à caixinha de Uno depois de descobrir que foi traída pela Vee. Mas gente, como não morrer de rir com o guarda freirafóbico despejando todo o seu rancor sobre as senhorinhas e cantando aquelas músicas? Foram as cenas mais engraçadas da season finale – e ouso dizer que da série inteira.
Voltando à Piper. Além da negociação com Caputo, a personagem teve três grandes cenas muito bem escritas e interpretadas pela protagonista: a visita de Alex, em que fica claro o quanto a relação das duas é cheia de dúvidas e de paixão, a visita de Larry e Polly, com seu desdobramento que acabou levando ao flagrante de Alex com a arma, e a conversa com Soso, que mais uma vez serviu como um espelho da Piper do passado e evidenciou as mudanças na personagem.
E como não amar Morello libertando Rosa na última hora? Caputo achou que tudo seria fácil com a saída da Fig, mas recebeu bomba atrás de bomba no seu primeiro dia. Um protesto de freiras, a confissão do Bennett, a fuga de duas detentas… será que ele vai mesmo assumir a diretoria? É bem possível que não.
Yvone Parker (aquela mulher muito rude) teve o destino que merecia, mas encerrou sua curta e avassaladora participação na série merecendo todos os elogios possíveis. Obviamente não pelo caráter, mas por conseguir ser uma vilã pesadíssima, completamente má e não chegar nem perto de ser caricata. Fará falta. Mas já vai tarde!
We Have Manners. We’re Polite foi um episódio muito especial. Não só pelo formato narrativo diferente, sem flashbacks, mas porque toda a segunda temporada foi construída em cima dos conflitos, das cisões, enquanto ele foi inteiramente costurado pelas alianças. Todos se uniram e se ajudaram de alguma forma para tentar fazer as coisas funcionarem. As freiras apoiando sister Ingalls – que apoiou Red – que foi apoiada pelas mandingas de Norma e Gloria. As negras apoiando Suzanne, Morello ajudando Rosa, Polly colaborando com Piper. Esse clima de união entre as garotas depois de tantas brigas foi um belo final feliz.
É sempre ruim se despedir da série, ainda mais por saber que só em meados de 2015 veremos mais das nossas queridas criminosas, mas a sensação de dever cumprido e bem-estar que fica depois dessa season finale ajuda muito a ter certeza de que a espera vale a pena. E vocês gostaram do episódio e da temporada de forma geral? Deixe seu comentário com as suas impressões, e até a próxima!