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Orange is the New Black – 3×11 We Can Be Heroes

Por: em 5 de agosto de 2015

Orange is the New Black – 3×11 We Can Be Heroes

Por: em

Qual é a anatomia de um herói? O que precisa estar presente no DNA para que alguém receba tal título? Superpoderes? Coragem? Bondade? O décimo primeiro episódio de Orange is the New Black mostrou que Caputo tentou trilhar uma jornada de herói durante toda a sua vida e nunca conseguiu, justamente porque sempre faltou ali seu “elemento X”: o altruísmo.

caputo 3x11

Desde muito cedo, Joe desenvolveu uma vaidade gigante fantasiada de heroísmo. Ele gostava de ser admirado, elogiado, de chamar a atenção das pessoas por ser alguém excepcionalmente bom.  Caputo buscava fazer o bem ao próximo, mas sempre pensando no que receberia em troca: a admiração da equipe, das meninas, o amor e a gratidão de uma mulher. Pagar de herói com intenções tão egoístas não funciona, e a vida sempre cobrou seu preço por isso. Quando ele aceitou ajudar os guardas em suas reivindicações, só o fez porque gostou da ideia de ser um líder aclamado, não por estar de fato do lado deles, e é por isso que Caputo tem tudo para fracassar novamente – como em todas as outras vezes.

Quem também quer ser líder por razões pouco nobres é Piper, através da máfia das calcinhas. Sua equipe aumentou exponencialmente e o lucro também, mas isso trouxe alguns contratempos para a loira. As “funcionárias” começaram a exigir melhores condições de trabalho e pagamento em dinheiro, estimuladas por Flaca. Chapman acatou os conselhos de Red, cedeu à negociação, transformou a brincadeira em um esquema real de crime organizado e tirou a latina gótica do caminho para provar o quanto é durona. Ela recuperou as meninas, passou a ser respeitada, mas perdeu a namorada no processo, porque Alex, ao contrário dela, vem se tornando cada vez mais uma pessoa melhor e não concordou com aquelas arbitrariedades.

Boo e Doggett roubaram a cena novamente em sequências para deixar todo mundo com um nó na garganta. Como já era de se esperar, Tiffany negava e até mesmo se culpava pelo estupro que sofreu, e Carrie precisou dar um tratamento de choque para que a amiga percebesse e aceitasse que estava sendo vítima de um abuso – e que não era a responsável por isso. Nada nessa temporada foi tão bem construído como a ligação entre as duas. Elas já tinham começado a se entender no ano passado, mas desde Mother’s Day e a conversa à beira dos túmulos simbólicos dos seus fetinhos, elas trilharam um caminho longo e difícil, sempre mais unidas pelas dores que pelas semelhanças.

suzanne 3x11

Suzanne e Poussey também acertaram de vez as arestas deixadas pelos acontecimentos do último ano e colocaram a relação em pratos limpos. Berdie pode até ter chegado à conclusão que Crazy Eyes tem a mentalidade de uma criança de seis anos, mas ela mostrou muita lucidez ao falar que as pessoas só se aproximaram dela por causa de suas histórias, e que se apegou a Vee porque ela a tratava como uma pessoa. Infelizmente, Mr. Healy deu fim às crônicas de ficção erótico-científicas de Suzanne e de quebra tirou Berdie do caminho. Mas eu ainda tenho fé que ela há de voltar e chutar a bunda de Sam daquele lugar! #TeamBerdie.

E o que será da pobre Soso sem Berdie para ajuda-la a lidar com a rejeição? Como já era de se imaginar, a nova religião já começou a reproduzir os mesmos velhos padrões de todas as outras: intolerância, hipocrisia e agressividade com quem se opõe a elas. Norma está mais interessada em comer os chocolates que ganha que em ensinar alguma coisa àquelas meninas, e elas estão cada vez mais alienadas, acreditando cegamente que a falsa libertação de Angie foi fruto de sua “fé” na líder espiritual.

Algumas observações:
– A série deu um passo adiante para tratar da questão da transfobia. Aleida reproduz um discurso asqueroso sobre Sophia e todas acreditam sem questionar.

– Nada me deixou mais feliz nesse episódio – ou na temporada inteira – que rever Miss Rosa. Foram alguns segundinhos que me encheram de amor no coração.

– Por falar em amor no coração, quis abraçar a tela do computador com as referências e músicas de Les Miserables no episódio. Que lindeza!

– Dizer que a Rice lembra a Angelina Jolie é forçar muito a barra, heim, Doggett?

– Caputo e Fig se pegando: Eu queria desver.

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Gostou de conhecer o passado de Joe? O que acha da nova versão malvadona da Piper? Deixe seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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