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Parenthood – A reta final da 4ª temporada

Por: em 5 de fevereiro de 2013

Parenthood – A reta final da 4ª temporada

Por: em

Nas rodas de discussão internet afora, Parenthood geralmente está classificada como uma daquelas séries que ninguém assiste. Bom, tal classificação não é injusta. Quando comparamos o cada vez maior grupo de viciados em séries com a pequena parcela que vê a série da NBC, o fato é realmente este: Quase ninguém assiste Parenthood. Agora, quando as qualidades da série entram em jogo, sim, torna-se extremamente injusto não dizer que ninguém vê Parenthood, mas o fato em si da série ser subestimada.

A quarta temporada do show da família Braverman não foi só a melhor da série, mas uma das melhores temporadas de série dramática que eu já assisti. A verdade é que desde o fim do seu segundo ano, Parenthood atingiu um nível de qualidade do qual não desceu mais. Desde lá, eu não consigo apontar um episódio ruim. Nenhum. Absolutamente nenhuma trama que não funcionou, nada fora do lugar. Até mesmo a famigerada trama do câncer, recurso usado em 9 de cada  10 séries dramáticas, estava na dosagem certa para que não comprometesse tal equilíbrio.

A renovação ainda não aconteceu. Uns dizem ser certa, outros se preocupam. Parenthood foi líder de audiência no seu horário por diversas vezes durante a temporada, mas há aqueles que questionem o grande elenco do show e os custos que isso traz consigo.

De qualquer forma, o melhor agora é não pensar nisso. Esse texto tem exatamente o intuito de nos fazer esquecer o fantasma do possível cancelamento, debatendo a reta final da 4ª temporada. Assim como fiz no começo da temporada, falemos de cada Braverman e seus núcleos separadamente:

Crosby

Durante toda essa temporada e o drama que ela trouxe em todos os outros núcleos, Crosby foi nosso respirar. O Braverman outrora inconsequente virou um pai de família e por mais que tenha ficado em segundo plano com suas histórias na maior parte dos episódios, conseguiu se fazer presente na vida de seus irmãos. Quem não se emocionou ao vê-lo dizendo a Julia que ela foi sua inspiração quando ele descobriu a existência de Jabbar?

Acho que o Crosby é de longe o personagem que mais cresceu na série. Quem imaginaria que um dia ele conseguiria viver debaixo do mesmo teto que a Renée e engolir tanto sapo?! O Crosby do passado teria explodido (e com razão) com ela há muito tempo. Entendo o lado da Jasmine, a Renée é a mãe dela, mas acho que, sim,  faltou um pouco mais de pulso firme do lado dela, talvez ter se posicionado do lado do marido desde o início. Foi um plot que definitivamente não acrescentou em muito, mas que serviu pra gente ver a evolução do personagem.

Evolução essa que, agora, com o segundo filho do casal a caminho, vai poder ser ainda melhor retratada. Gosto da Jasmine de graça (acho que mais pelo Crosby do que por qualquer outra coisa), por isso estou ansioso pra ver como ela vai levar a gravidez. Tem mais um Braverman a caminho, gente! Já imaginaram o quanto o Crosby vai ficar babão com um bebê?!

 

Julia 

Acompanhamos a luta de Julia e Joel para ter outro filho desde a 2ª temporada. Desde lá, passamos pelo problema no útero da então advogada, a dor de não poder engravidar, Zoe, até, enfim, chegarmos ao Victor. Gostei muito da saída usada pelos roteiristas. Claro que um bebê de colo ia fazer toda a diferença na vida do casal, mas a chegada de um quase pré-adolescente de nove anos (é isso?) é, do ponto de vista narrativo, muito, mas muito mais interessante. Eu gosto de dizer que o Victor veio para mexer com a vida até então perfeita do casal quase perfeito de Parenthood (porque o casal perfeito é Kristina e Adam).

Diferente do que os prognósticos apontavam, o Joel se encantou antes. Acho que não apenas por ser o filho homem que ele provavelmente tanto esperou, mas porque, emocionalmente, ele é muito mais estável que a Julia e conseguiu chegar no Victor de maneira mais fácil. De certa forma, isso foi necessário, porque sem o suporte do marido, a Braverman mais bem sucedida não teria aguentado o tranco dessa reta final de temporada.

Os conflitos que se desenvolveram entre ela e o Victor foram os naturais e esperados de um plot do tipo, mas nem por isso não funcionaram, pelo contrário. Foi possível se emocionar com cada grito, cada choro, cada vez que o Victor não falava com ela, rejeitava as panquecas que ela fazia, dizia que ela não era sua mãe ou qualquer coisa do tipo. Falando nisso, o menino até parece um pentelho de marca maior, mas eu não consigo culpar o garoto (embora, sim, o lance lá da polícia tenha sido hardcore).

Não sabemos exatamente seu passado, mas ele chegou na casa da Julia e do Joel após a mãe biológica ter sido presa e abdicado de qualquer direito sobre o garoto. E, de repente, ele é jogado no complexo e confuso mundo dos Braverman. É pra mexer com a cabeça de qualquer um, ainda mais quando se tem nove anos. Nesses 15 episódios, confesso que, assim como a Julia, tive dificuldades, mas me apeguei ao garoto.

Deu pra ver a sinceridade nos olhos da Julia quando perguntada se haveria a possibilidade de desistir da adoção. E nem dá pra culpá-la. Mas fico feliz por, no fim das contas, tudo ter se resolvido. A cena da adoção “oficial” foi brega, mas bonita. Emocionante o que cada membro da família disse pro Victor que agora é, oficialmente, parte do #TeamBraverman. E quão bonitinho foi ele chamando a Julia de ‘mãe’ e a Sidney de ‘minha irmã’. Só falta agora o Joel e ‘pai’!

Com a história fechada aqui, fica a dúvida: O que uma possível 5ª temporada reserva pra Julia? Estamos há 3 com plots ligados a chegada do filho, mas, agora, isso acabou. Mais um dos muitos motivos para que a NBC não nos deixe na mão agora.

 

Adam (& Kristina)

Se alguém discorda de que Adam e Kristina foram os nomes dessa temporada de Parenthood, que fale agora. Poucas vezes vi atuações tão fortes como as de Monica Potter e Peter Krause frente ao câncer de mama da Kristina. Não sei se eu estou completamente encantado por Parenthood, mas poucas vezes vi um câncer ser tratado de forma tão natural. Como disse a Cristal, sim, achei uma afronta terem feito aquele episódio onde ela piora na noite de natal. Mas todas as lágrimas que derramei acabaram borrando qualquer crítica que eu pudesse fazer.

A cena do vídeo e o momento onde o Adam levanta a cabeça para clamar a um deus que eu não sei se ele acredita são momentos de tirar o chapéu. Poucas vezes uma série conseguiu me tocar como Parenthood conseguiu nessas duas sequências. Tinha em meu íntimo que a Kristina não morreria, que os roteiristas não seriam cruéis a esse ponto, mas ainda assim, foi um alívio gigante vê-la acordando ao fim daquele episódio.

Foi bom essa história ter ganhado dramaticidade maior antes do hiatus, assim os 04 episódios finais da temporada conseguiram respirar e outras tramas vieram pro centro, inclusive com os dois personagens. O lance das perucas e do quarto alugado foi divertido, mas a história do Max estar entrando na puberdade me tocou um pouco mais por toda a simplicidade que esteve envolvida na execução da história, nos diálogos (“Eu queria que as pessoas trocassem de pele como os lagartos”) e por ser basicamente um tapa na nossa cara. O Max tá crescendo! Aquele menino bonitinho da 1ª temporada está virando um adolescente. Parece até mentira.

A luta pela Kristina para manter as máquinas que o Max usou como plataforma de campanha também foi interessante. Não só a série conseguiu retornar a sua leveza característica sem o foco no câncer, mas os próprios personagens e isso fez muito, muito bem – para Parenthood, para Adam e para Kristina.

A cena final dos dois na praia, após o resultado positivo de que, por agora, o câncer se foi, foi linda.

E, se a série realmente acabar ali, eu vou ficar triste por uma coisa: Cadê a Haddie?!

 

Sarah (& Drew & Amber) 

Gostar de Ray Romano como eu gosto nunca me impediu de ser 100% Team Mark. Então, vocês podem imaginar o quanto a Sarah me irritou nessa reta final. Não sei se é pura implicância, mas nada, absolutamente nada no relacionamento dela com o Hank me convenceu. Falta química, falta verdade, falta sentimento… É tudo muito morno, muito conveniente, não consigo sentir nada saído dali. E não consigo aceitar que a Sarah tenha preterido o Mark, que obviamente É o cara certo para ela, por um relacionamento assim.

A diferença entre os dois ficou ainda mais clara nesses episódios finais: O Mark lutou pela Sarah. O Hank simplesmente a deixou escolher. E ela, seguindo os passos de Lorelai Gilmore, escolheu errado. A cena decisiva entre o ex-casal, quando ela diz ao Mark que vai tentar fazer funcionar com o Hank, é de doer. Tanto Lauren Graham quanto Jason Ritter merecem os parabéns. Tudo ali estava no tom correto. O olhar, o tom de voz, a empostação… Um show.

O final da história me surpreendeu e só me fez ter ficado ainda mais feliz de nunca ter torcido pelo HankQue bom que a Sarah não viajou. Tive bastante medo de vê-la indo embora com ele na cena final. Jason Katims, produtor do show, já afirmou que em uma eventual 5ª temporada, a porta continua aberta tanto para Mark quanto para Hank. A nós, resta esperar.

Em paralelo ao triângulo, Drew finalmente ganhou mais destaque. O episódio 4×13 é um dos meus favoritos da temporada, pela maneira intimista, quase sutil, com que a história da gravidez e do aborto da Amy foi tratada. Tinha imaginado que a menina poderia engravidar desde o fim da temporada passada, mas que seria uma trama criada e resolvida em um único episódio (por agora, ao menos) eu não esperava. Katims disse que podemos esperar as possíveis consequências disso na vida de Drew mais adiante. Vale registrar ainda o alto nível de emoção que todas as cenas desse arco conseguiram passar. O final do episódio, com um Drew destroçado desabando nos braços de uma Sarah confusa, é das melhores cenas da série.

E, Amber… Por favor, tem como não se emocionar e torcer por ela e Ryan?!

Achei os motivos do término no 4×11 mais do que válidos, mas não teve como não vibrar com a volta dele e o acerto dos dois. Os dois são meant to be. A Amber dá ao Ryan o que ele precisa: Segurança, porto seguro, ombro amigo, alguém em quem confiar, alguém para abraçar quando o passado devastador bater a porta. E o Ryan fez a Amber, em alguns meses, amadurecer anos. É uma relação que funciona em todos os níveis e eu nunca torci tanto para ver um noivado de jovens dar certo! (Ok, talvez tenha torcido na mesma intensidade por Nathan/Haley nos primórdios de One Tree Hill, mas isso quer dizer muito).

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Depois dessa temporada, Parenthood ganhou com folga o posto de minha série favorita no ar. Ô NBC, dá pra agilizar essa renovação aí? Não dá pra acabar assim.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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