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Clandestinos – O sonho começou

Por: em 5 de novembro de 2010

Clandestinos – O sonho começou

Por: em

Estreou ontem a nova aposta da Globo para as noites de quinta-feira: Clandestinos, baseada na peça de teatro homônima de João Falcão, ainda em cartaz no Rio de Janeiro, cidade em que se passa a trama.

A série narra a história da produção de uma peça que ainda não tem personagens, muito menos roteiro, e que, quando estiver pronta, vai falar sobre a vida daqueles que a compuseram. Confuso? Um pouco. Mas se você perdeu o episódio de ontem, pode conferi-lo, em duas partes, no final desse post.

A idéia central de Clandestinos, a peça dentro da série, parece mesmo ser autoral. O próprio diretor, encarregado de selecionar os atores para a montagem, muito se assemelha a uma espécie de alterego do autor, João Falcão. Ou não. Mas é dele que saem as falas que mais se assemelham ao que estamos acostumados a ouvir do autor. Um texto mais lúdico, muitas vezes poético, como os diálogos de produções como A Máquina, A Dona da História e O Auto da Compadecida (baseado na obra de Ariano Suassuna, mas roteirizado por Falcão), de mãos dadas com a direção quase sempre ágil de Guel Arraes.

Inclusive parece vir de A Máquina as melhores e piores influências mostradas nesse episódio piloto. Entre as produções da tv Globo, o cenário da cidade de interior da personagem Adelaide, Três Corações, pode até lembrar a bem sucedida Hoje é dia de Maria; mas quem assistiu o filme protagonizado por Mariana Ximenes deve ter notado a profunda semelhança do estilizado cenário bucólico com Nordestina, cidade fictícia de A Máquina.


Mas o maior destaque desse primeiro episódio talvez tenha sido o elenco, recheado de rostos desconhecidos do público de televisão. E vale notar uma curiosidade: o nome de todos os personagens é o mesmo dos atores na vida real, o que ajuda a encaixar a própria série na metalinguagem da peça de teatro. Caso mais curioso é o das gêmeas, Giselle e Michelle Batista, que realmente fizeram parte do elenco de Malhação como foi mostrado. A trama das duas pode não ter sido a mais comovente do episódio, mas não deixou de emocionar ao mostrar o choque de realidade que duas irmãs, tão iguais na aparência, tomam ao se dar conta de que não há espaço para as duas na mesma profissão. Pelo menos não em uma profissão que tanto depende da aparência. Afinal, Ruth e Raquel podem ser duas, mas só há uma Glória Pires.

Adelaide de Barros, a quem coube destaque maior na estreia, transita entre o inspirado e o deslocado. Em diversos momentos a personagem soa como um clicê brejeiro, mas em tantos outros consegue alcançar o tom da menina cheia de sonhos, perdida na cidade grande. Mas, verdade seja dita, ela foi bastante prejudicada pela artificialidade da sua cena com Fábio Assunção. De qualquer forma, espero ter a sua sorte e me bater com o galã da próxima vez que estiver no Rio.


Fábio Enriquez, o diretor, e Elisa Pinheiro, a produtora, por enquanto apenas cumpriram um papel quase didático de colocar ordem em toda aquela bagunça. Elisa esteve melhor, mas sua voz exageradamente parecida com a de Heloísa Perissé me fez perder a paciência com a sua personagem mais rápido do que o normal.

Um dos momentos mais interessantes desse começo acabou sendo o que não era ficção. As cenas dos testes de elenco para a peça, na série, na verdade fazem parte do material de teste para a peça na vida real, como deixou claro João Falcão, em entrevista para o site da série:

“Tínhamos um material muito rico dos bastidores, do processo do projeto Clandestinos que queríamos aproveitar. Tivemos essa ideia de reproduzi-lo no estúdio e colocá-lo na série.

Acho que a coisa mais curiosa é o fato de estarmos fazendo uma série baseada em fatos reais, que aconteceram durante o processo da seleção de elenco para uma peça – que, por sua vez, também é baseada em fatos reais. Enfim, realidade que se completa na ficção. É um ciclo que acaba chegando na gente mesmo, porque de certa maneira é nossa história também.”

Pra quem gostou do projeto, uma boa notícia: o Fantástico vai mostrar em breve um documentário (ainda não finalizado) sobre Clandestinos.

Para mais informações sobre a peça, em cartaz no Teatro Teatro do Leblon, Rio de Janeiro visite o blog


Cristal Bittencourt

Soteropolitana, blogueira, social media, advogada, apaixonada por séries, cinéfila, geek, nerd e feminista com muito orgulho. Fundadora do Apaixonados por Séries.

Salvador / BA

Série Favorita: Anos Incríveis

Não assiste de jeito nenhum: Procedurais

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