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Happy Town

Por: em 30 de abril de 2010

Happy Town

Por: em

Happy Town Henley

Expectativas baixas? Check. Ignorando as críticas americanas? Check. Evitando ao máximo não comparar com Twin Peaks? Check. Segui à risca o livrinho de regras pra que a minha experiência assistindo a Happy Town não fosse influeciada pela empolgação e opinião dos outros. Acabou que, no final das contas, nada disso adiantou pra coisa alguma. Happy Town começou fraquinha mesmo, mas pelo menos deixou um cliffhanger que conseguiu me instigar, e que, provavelmente, vai me manter insistindo por mais um tempo. Por enquanto, o jeito vai ser ignorar os tropeços da produção e tentar se divertir com o mistério bizarro a ser explorado nas próximas semanas — mas isso é coisa pro Guilherme-espectador, que tá atrás de uma diversãozinha qualquer só pra encher a conta do orangotag. O Guilherme-que-escreve-pro-Apaixonados não consegue se segurar na hora de detonar (ou supervalorizar) uma série… E com esse toque de esquizofrenia, começamos da melhor maneira possível pra falar desse piloto. Afinal… O que você tá tentando ser, Happy Town?

Não a Happy Town como série que eu me refiro, mas a Happy Town como cidade — Haplin. Por um lado, a cidade tenta passar uma sensação característica, positivamente estranha, onde toda aquela felicidade é só uma máscara macabra pra esconder segredos muito maiores. Mas por outro, a série esquece completamente das suas bizarrices e apresenta personagens comuns, com histórias parecidas com milhões de outros personagens que a gente vê em milhões de outras séries. Parece besteira, mas pra mim fica tudo um pouco inconsistente. A família do filho do Xerife, por exemplo, parece que saiu do elenco de Parenthood. Não que eu não goste de Parenthood (pelo contrário, tô gostando cada vez mais), mas em momento algum eles me passam a impressão de que fazem parte da cidade que dá destaque à série.

E antes fosse só esse problema, mas o roteiro também me incomodou um pouco em algumas momentos mais específicos. Tipo: a notícia da morte do marido pra trabalhadora da fábrica de pães. Sério que os caras tinham que entrar ali no meio das máquinas, e gritar na cara da mulher o acontecido? Pior que os policiais, da maneira mais inconveniente possível, simplesmente resolveram esquecer que tinha uma turma inteira de crianças bem ali do lado… Tudo bem que eu falei no parágrafo anterior que eu queria ver os personagens coincidindo com a bizarrice da cidade, mas se eu não consigo nem distinguir se as situações são propositalmente bizarras ou não, deve ser porque alguma coisa tá errada.

Ou talvez eu que seja o errado, porque até a trilha sonora me incomodou um pouco em alguns momentos. Me pareceu grandiosa demais pra um clima de toque mais acolhedor. Mas se eu tô chegando no ponto em que até as composições do episódio viram alvo de reclamação, provavelmente tá na hora de eu me esforçar um pouco e falar do que eu gostei nesse piloto: o cliffhanger final. O episódio inteiro eu fiquei imaginando porque exatamente a série tinha usado a chegada de Henley à Haplin como pontapé inicial da trama, mas só no final foi justificada a importância da garota — me intrigando pra saber quem exatamente ela é e o que exatamente ela busca. Apesar de soar clichê a história da menina boazinha que, na verdade, não é o que aparenta ser, o fato de que a ‘versão possuída’ do Xerife Conroy (M.C. Garney, o Tom de Lost) se conecta a essa história ao não parar de perguntar por “Chloe” acaba servindo como um bom gancho pro desenvolvimento do episódio seguinte.

Happy Town Velhinhas

Já quanto ao Magic Man, ainda é complicado tentar estabelecer qualquer tipo de teoria a respeito de quem é o cara, como ele age, por que ele age, etc, etc. Por enquanto, o piloto tratou de sugerir que o personagem de Sam Neill (o velhinho na casa das velhinhas) possa ser o tal assassino, e pra falar a verdade, eu até preferia se a suspeita se confirmasse cedo. Se a série se basear o tempo inteiro no esquema Harper’s Island, vai ser inevitável não escapar das forçações de barra pra jogar a suspeita em cima de cada um dos personagem. Com o antagonista sendo revelado antecipadamente, dá tempo de construir de maneira mais orgânica as motivações do vilão, podendo criar um clima de suspense e tensão ainda maior do que com o recurso repetitivo e cansativo do “todo-mundo-é-culpado-até-que-se-prove-o-contrário“.

Jogando tudo isso na balança, não é surpresa descubrir que, no geral, o saldo de Happy Town foi negativo pra mim. Não é bem uma série que eu coloque muita fé daqui pra frente, mas com uma temporada curtinha e uma premissa que tem chances de se provar mais atraente, com certeza seguirei assistindo. Sei lá se a minha opinião vai mudar ou não nos próximos episódios, mas se vocês forem doidos de continuarem interessados nela, é só aparecer de novo aqui no Apaixonados por Séries semana que vem (ou não) pra gente discutir um pouco mais sobre essa cidade nem tão feliz… e nem tão triste. Indiferença é a palavra-chave.

P.S.: Alguém já assistiu a Parker Lewis Can’t Lose? É uma série antiga e eu assisti BEM bem pouco, mas o meu personagem favorito era fácil o interpretado pelo ator do Big Dave. Slot do high-school.

P.S.: Aquelas velhinhas são meio assustadoras, mas foram minhas personagens preferidas do episódio. Fico imaginando se a personagem ainda ausente de Frances Conroy (Six Feet Under) vai se encaixar nesse núcleo ou não. Torço que sim.


Guilherme Peres

Designer

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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