O principal chamariz de Perception concentra-se na figura de seu protagonista, seja considerando-se o ator que o interpreta, seja considerando-se as características do personagem. Eric McCormack (o eterno Will, de Will & Grace) vive o neurocientista e professor universitário Daniel Pierce que é, antes de mais nada, pra lá de exótico. Já nesse primeiro episódio podemos ver que os “problemas” de Daniel lhe perturbam sim, mas servem também de suporte para a solução do famoso caso da semana.
Neste piloto, tivemos no tradicional “precisamos descobrir quem matou o fulano” o principal problema do episódio. A trama, o crime, o assassinato e sua solução não convenceram. A esperança, e eu continuo esperançoso pelos fatos que irei citar a seguir, precisa manter-se firme caso alguém queira passar desse primeiro episódio e continuar a série. Compreendendo a premissa inicial da série, que basicamente consiste em Daniel ajudando o FBI a solucionar crimes através de seus dons psiquiátricos, podemos deixar isso de lado e partir pro que realmente me pareceu interessante na série.
“Como podemos saber o que é ou não real?“
Essa frase, junto com algumas outras e alguns pontos do episódio (como as cenas em que o rapaz “detector de mentiras” dá risada dos discursos de Bush e Clinton) me fizeram refletir por algum tempo. E esse é o principal ponto positivo desse episódio e é o que me fará assistir os próximos episódios: Perception nos deixa com uma pulga atrás da orelha.
Daniel tem um trauma, isso me pareceu nítido. Acredito que este tem relação com Natalie (Kelly Rowan), que é considerada sua melhor amiga. O único porém dessa relação é que a única pessoa que enxerga Natalie é justamente Daniel, caracterizando um sintoma típico da esquizofrenia. O personagem, além de Natalie, também tem visões e conversas com outros personagens imaginários, como por exemplo, um que somente sumiu de sua mente quando o crime foi solucionado (mas não quero voltar a esse assunto).
O que eu espero dessa temporada de Perception é menos suspense relacionado com FBI (ou ao menos que estes casos sejam bem construídos), e acredito que isso se deva ao fato de eu não ter simpatizado com a figura de Kate (Rachael Leigh Cook), agente do FBI, antiga aluna de Daniel, que solicita sua ajuda com os casos que não consegue resolver, ou melhor, nos momentos em que não consegue fazer seu trabalho, e mais foco nos dramas pessoais de Daniel. Não tenho muita esperança que isso irá ocorrer, porém, ainda assim, continuarei esperando mais músicas de fita-cassete, mais alucinações, personagens imaginários e ataques a alunas supostamente assanhadas. Espero, com exceção de Kate, mais exploração dos personagens secundários, já que simpatizei com Natalie, Paul (espécie de diretor/reitor da universidade em que Daniel dá aula) e Max (assistente de Daniel).
Perception é transmitida pelo canal americano TNT, canal da televisão a cabo sem muita tradição. Recentemente, estreou a também série Dallas, que alavancou os índices de audiência do canal. Já no caso de Perception, os números não foram tão positivos. A estreia, que foi ao ar na última segunda-feira, foi assistida por 5,6 milhões de telespectadores. A série é criada por Kenneth Biller (Smallville) e Mike Sussman e tem dez episódios encomendados para a primeira temporada.
Perception tem muitos pontos positivos e condições de se tornar uma ótima série (já li considerações comparando-a à House). Agora, se isso irá ocorrer ou não, só os próximos episódios dirão. Vale lembrar que as reviews você poderá acompanhar comigo, aqui no Apaixonados por Séries.
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