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The Newsroom

Por: em 30 de junho de 2012

The Newsroom

Por: em

 

Todo início de temporada, ou a cada estreia de uma série, quatro, a cada cinco apaixonados por série, dizem que estamos numa maré de falta de criatividade. A preocupação aumentou especialmente depois do fim de grandes shows como Desperate Housewives, House e Lost. Todo mundo se pergunta o que será da TV sem esses shows que, apesar de seus diferentes caminhos e inúmeras falhas, fizeram história. É nesse contexto, em meio há uma estrondosa falta de tramas originais, que surge The Newsroom.

Do início ao fim, a série é um grande clichê. Mas isso não é uma crítica, se é isso que vocês estão pensando, muito pelo contrário. Uma série pode ser maravilhosa, mesmo clichê, se estiver nas mãos de um excelente roteirista e com um elenco competente. Will McAvoy (Jeff Daniels) é o âncora de um telejornal que até então mantinha a posição confortável de não se posicionar a favor ou contra de absolutamente nada, a não ser o seu time preferido de futebol. Num debate em uma faculdade, o jornalista surta, começa a ver a ex mulher na plateia, quando uma aluna questiona os motivos que fazem da “América” o melhor país do mundo.

Sua resposta em resumo é: a “América” não é o melhor país do mundo.  Ela lidera apenas três posições: número de cidadãos per capita na prisão; número de adultos que creem que anjos são reais; e gastos com defesa.

A resposta de Will não é nenhuma novidade, ele não disse nada que os americanos não saibam ou que o resto do mundo não saiba. O grande problema da “América” é viver do passado, das conquistas do passado e da fama que possuem, como se isso fizessem deles intocáveis. Que eles deixaram de ser o melhor país do mundo está escancarado todos os dias nos jornais, só que é mais conveniente ignorar, ou seja, fingir que o problema não existe. E Will, convenientemente, sempre preferiu não se manifestar.

Então, somente Aaron Sorkin pra tornar este discurso comum em um discurso ácido, rápido e emocionante que, na performance de Jeff parecia um tapa na cara do telespectador, como quem dissesse “hey, acorda, vocês estão se comportando como idiotas!” – cena, aliás, que é assustadoramente sensacional.

Quando retornou das férias forçadas, Will não encontrou sua equipe que resolveu trocá-lo pelo âncora do novo telejornal da mesma emissora. E aí passamos a conhecer os personagens que compõe a nova equipe dele. Os coadjuvantes são adoráveis, me apaixonei de cara por Jim Harper (John Gallegher Jr.), o produtor sênior de McKenzie, e por Margaret (Alison Pill), a assistente de Will. Ainda não sei o que achar de Don (Thomas Sadoski), não ficou claro se ele vai deixar o programa de Will ou não. Mas todos eles são os típicos esteriótipos que aparecem em todo filme e seriado americano. Como era de se esperar, Will não lembra o nome de seus funcionários, nem mesmo se importa de não saber, por isso nem é uma grande surpresa a falta de lealdade de sua equipe. Completa o time – McKenzie McHale (Emily Mortimer), com quem Will teve um relacionamento e é contratada pra ser a nova produtora executiva vez que ela parece ser a única que pode tirar o melhor de Will.

Os personagens parecem ter sido escritos especialmente para este elenco. Não há nenhum ator/atriz destoando, o que se tem é um elenco carismático e competente, capaz de elevar ainda mais o texto sensacional de Sorkin. 

Em meio a esse caos, de perder sua equipe e não aceitar a contratação de McKenzie, Will se vê diante de uma notícia que seria o maior furo jornalístico dos últimos tempos. O derramamento de óleo da empresa BP no golfo do México era apenas uma notícia de nível “amarelo”, porém, a recente equipe faz a melhor e primeira cobertura, oportunidade em que o roteiro cutuca a falta de jornalismo com a única preocupação de apresentar a verdade e a notícia, por menor que ela seja, sem que haja alguém para moderar e dizer o que deve ou não chegar aos telespectadores.

O piloto tem pouco mais de uma hora, mas nem por isso é cansativo. The Newsroom é clichê porque o americano é um verdadeiro clichê e, a bem verdade é que eles sempre precisaram e sempre vão precisar de um líder, alguém pra dizer pra qual lado seguir. A série começa a partir daí, quando Will resolve assumir (inconscientemente, claro) este seu papel de líder, mas veja, essa é uma série da HBO, produto de Aaron Sorkin, o que por si só bastaria, se não fosse um piloto bem dirigido, muito bem escrito e com um elenco afiado.

The Newsroom é sobre um telejornal que tenta produzir um debate digno de uma verdadeira nação, falando a verdade para estúpidos já que, como foi dito repetidas vezes no piloto, “they can do better!”. Pra quem está procurando uma série com uma pitada de política e um humor negro, esta é prato cheio. Se a temporada seguir a qualidade deste piloto, poxa, esse ano já valeu a pena só por esta série.

As reviews da série você confere aqui, a partir de semana que vem, com o Alexandre Borges. Enquanto isso, o espaço abaixo e seu. O que acharam de The Newsroom?


Lara Lima

Colatina - ES

Série Favorita: Friday Night Lights

Não assiste de jeito nenhum: Friends

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