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Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Big Love – 5×09 Exorcism

Por: em 19 de março de 2011

Big Love – 5×09 Exorcism

Por: em

Depois do memorável The Noose Tightens da semana passada e faltando apenas o último episódio para o fim de Big Love, a série apresente um penúltimo capítulo curioso, cheio de altos e baixos.

Não consigo imaginar a série terminar sem que os Henrickson permaneçam todos juntos. Porém juntos não significa felizes e é bem isso que estamos vendo. O nome da série diz tudo. É uma história sobre um amor grande e poderosos entre várias pessoas em um mesmo casamento. Será mesmo que isso é possível? Pelas entrevistas que já vi com criadores e produtores executivos é exatamente essa a mensagem que eles querem passar: que o amor supera tudo. Então não acredito que terminem a série sem dar um jeitos nos problemas que os Henrickson estão enfrentando. Mas como? Por um lado temos Bill um tanto quanto egoísta pela religião que o criou achando que mulher nenhuma pode ter o poder do sacerdócio, não apoiando Barb na nova igreja e tendo coragem de dizer que duvida do amor dela pela família. Sério Bill? Como comentei semana passada, a vida de Barbara nunca foi fácil. De fato ela é que mais teria motivos para fugir daquela bagunça e começar tudo de novo. Pelo contrário, Barb ficou pelo amor imenso que sente por marido, irmãs-esposas e principalmente filhos. Como, em sã consciência alguém pode duvidar disso? Parece um certo fanatismo religioso esse de Bill, ao ponto de chegar e condenar pessoas a coisas como essas, que não tem embasamento, porque sua religião o faz ver as coisas dessa maneira. Big Love sempre foi uma série que mostrou como religião pode danificar a vida das pessoas quando levada de maneira extremista. E nada está errado. É um assunto polêmico, mas que deve ser levantado e foi bem trapalhado pela série, apesar de alguns erros durante o caminho.

Bill é resultado de uma criação diferenciada que começou com problemas devido a religião mórmon em Juniper Creek quando foi expulso por Roman. Desde então vem buscando alguma coisa parecida com vingança para acabar com os falsos profetas e casamentos forçados e ilegais com garotas menores de idade e diversos outros abusos. Por conseguinte, achou que seu modo de viver era o correto da religião e desde que Big Love começou, temos acompanhado Bill tentar dar voz a poligamia e mostrar que são tão normais como qualquer outra família. Barb entrou na dança por puro amor, após a vitória contra o câncer, aceitou adentrar nos perigosos caminhos do casamento pluralista e jogou-se de corpo e alma nessa nova vida, que resulta hoje no preconceito que está enfrentando por querer direitos iguais as mulheres dentro da religião, coisa que, ironicamente, seu marido sempre quis: igualar direitos. Já Nicki tem todo um passado que nunca irá embora se não procurar ajuda. Ela é mentalmente perturbada pelos traumas vividos em Juniper Creek, com uma família como Roman, Adaleen e Alby, tendo casado forçada com J.J. depois de ter sido colocada no livro dos prazeres. Margie enfrenta os problemas atuais devido ao casamento, no qual ela aprendeu os mandamentos da religião e seus medos logo começaram, sendo o primeiro deles a solidão por ter de se esconder pelo modo de vida.

As crianças passam pelas mesmas coisas. Obviamente que aqui os afetados psicologicamente são mesmo Sarah e Ben, visto que os outros são muito pequenos (o que não impediu que sofresses inclusive bullying na escola). A primogênita dos Henrickson nunca aceitou muito bem a forma de vida da família. Para viver em paz, Sarah precisou casar e ir embora, fugindo de toda aquela bagunça. Ben apesar de nem sempre deixar transparecer, nunca soube muito bem  que quis, e agora, sentindo-se afugentado falou sobre ter duas esposas. Claro, a culpa toda foi de Rhonda, que só aparece para dar problemas. Nem ficar chateada pela morte do amado Verlan ela ficou e já partiu para Ben, tentando ficar na família e assim viver uma vida de conforto, com casa, comida e roupa lavada. Antes de tudo precisou estragar as coisas entre Ben e Heather, claro…ela nunca ficará feliz enquanto não deixar todos ao seu redor miseráveis. Um bom final para isso? Ben mandar Rhonda embora e abraçar um casamento monogâmico com Heather, quem ele verdadeiramente ama.

Imagino que o series finale sirva para consertar todos os problemas da família e somente deles. E acho que seria a melhor coisa a fazer. Alby será preso, em um confronto nada inesperado com Bill, que apesar dos desejos de Nicki, deixou o profeta viver. Com Alby e Adaleen na cadeia o terreno está mais fácil para Bill e não acho que terá um confronto maior com Alby fugindo e indo atrás de Bill novamente. O fim de Alby é normal, nada mais que o esperado. Acho ainda que ele pode se suicidar ou algo desse tipo. O que acho triste é Adaleen terminar a série dessa forma. Sempre gostei muito da personagem, mas nessa temporada ela foi bem mal usada, apenas de coadjuvante nos planos do filho (o que é irônico pois bem na última temporada a atriz Mary Kay Place foi colocada de recorrente para o elenco regular). Acho que Nicki poderia acabar perdoando a mãe e a levando para casa, enquanto Adaleen se adequa na nova forma de vida com os Henrickson.

Sem Alby no caminho, o perigo continua sendo a prisão de Bill por estupro. É muito difícil a série terminar com ele preso e não acho que usariam um recurso de flashforward para mostrar a vida deles 20 anos depois, com Bill já fora da cadeia. Acredito mesmo que pedindo demissão do cargo de senador ele se livre da acusação, afinal o senador Barn tem bastante poder e  não negaria isso para Bill depois que Nicki quase foi assassinada. Sendo assim o patriarca “só” precisaria arrumar sua loja e claro, a situação dentro de casa que está bem complicada. Derrubando Juniper Creek e tendo uma ideia diferente da religião, desde que fundou sua própria igreja, nem abomino mais a ideia de Bill mudar com a família para o local da comunidade e construir uma vida lá, fornecendo uma qualidade diferenciada e exercendo o poder de profeta, mas dessa vez sem falsos testemunhos e busca de poder. Seria um final satisfatório, pelo menos para fim. Imaginem a série terminando com a família junta em Juniper Creek, onde o local foi mudado desde sua base até o topo, se transformando em uma comunidade amigável, sem ilegalidades e abusos? Eu ficaria feliz com isso.

Mas como comentei, juntos e felizes são coisas diferentes. Barb não se rebaixará a continuar a vida como sempre foi, renegada a esposa que não tem autoridade, ainda mais agora que nem é mais a esposa legal. Para Bill e Barb ficarem juntos, não há outra alternativa se nenhum deles ceder, e acredito que será Bill. Depois de perceber que Barb poderia ter levado um tiro de Adaleen na estranhíssima cena do mercado, alguma luz deve ter acendido na mente dele e o fez perceber que precisa de Barb, que a ama, e que se for preciso ceder um direito para ela continuar com ele, então que assim seja. Ele já nem segue totalmente os preceitos da religião, por que então não continuar com sua ideia de uma nova igreja onde mulheres podem ter o poder do sacerdócio? Como eu disse, o tema da série é amor, e se a mensagem dos criadores for mesmo essa, Bill cederá pelo amor a Barb. Sendo assim, ela não precisará mais lutar com o marido pode e continuar sua vida com as pessoas que ama.

Quanto a Nicki, não vejo ela crescendo psicologicamente sem ajuda profissional. Olha o que ela fez com Cara Lynn nesse episódio!! Iria mandar ela para um colégio interno sem avisar ninguém, logo depois de fazer escândalo para adotar a garota. Chloë Sevigny voltou a dar show nas cenas vistas em Exorcism, como quando Cara Lynn acorda e Nicki está observando a filha dormir de um jeito muito estranho. O desespero dela diante das ações da filha é facilmente entendível. Cara Lynn é uma pequena Nicki. Claro, aqui exclui-se totalmente a parte do relacionamento. Nicki foi forçada a casar, já Cara Lynn quer isso. O que eu quero dizer é que vendo a filha desesperada por achar que não presta; achar que é um ser humano desprezível por ser mentirosa e manipuladora, Nicki viu ela mesma. Todas as palavras no quarto da filha poderiam ser ditas diante de um espelho. Nesse momento, Nicki se identificou e ao perceber que sua filha está indo para o mesmo caminho, entrou em colapso. Ela precisa mudar, precisa tirar toda essa amargura e ódio dentro de si devido a seu passado e apenas ser feliz. Inveja, egoísmo e muitas coisas ruins corroem ela por dentro e enquanto isso não mudar e Nicki perceber que nada disso presta, nunca será feliz. Óbvio, não quero que Nicki deixe de ser Nicki em apenas um episódio, mas quero sim vê-la terminar a série com um sorriso no rosto e a esperança de ser feliz.

Margie sempre foi a que vê as coisas com bons olhos e acha que tudo dará certo. Por vezes ingênua demais, ela sempre foi minha esposa preferida, muito disso devido a Ginnifer Goodwin e sua estrondosa simpatia em cena. A ideia dela ter mais um filho com Bill reforça que as coisas podem mudar. Uma criança é sempre bem recebida e ajudaria a família esquecer dos problemas. Seus negócios com o Goji Blast terminaram, mas deixaram rastros como o divórcio dos vizinhos, que é uma trama que não chama atenção, mas não tira a responsabilidade (mesmo que pequena) de Margie. Quando penso na personagem, me lembro de Ana, e de como eu gostaria de vê-la no episódio final, mostrando o filho de Bill que nunca tivemos a chance de ver, nem sabemos se já nasceu. Ana foi uma parte importante na história da série e como teve um filho com os Henrickson, seria muito legal se ela aparecesse. Foi ousado Cara Lynn comparar seu relacionamento com Greg com o de Bill e Margie, mas realmente muito importante. O fato é que esse confronto fez Nicki falar o que não devia, enquanto Cara Lynn soltava todas as verdades sobre a mãe. A raiva na expressão de Bill foi assustadora e pela primeira vez nessa temporada preciso comentar sobre atuação de Bill Paxton, que tanto nessa cena, como quando confronta Barb, se saiu extremamente bem.

No mais, tivemos ainda a rápida aparição de Selma Greene, a quem Adaleen ofereceu condolências (juro que não lembrava que Hollis morreu…falaram disso na série? Pensei que ele havia se recuperado de quando Lois cortou seu braço fora na temporada passada). Falando nela, Lois e Frank tiveram uma trama rápida no episódio que não resultou em nada. Sinceramente acho que deveriam deixá-la ir para casa com Frank. Ele vem se mostrando um grande homem, com bom coração e capaz e disposto de cuidar da esposa. Lois perde noção das coisas cada vez mais rápido, mas é sempre bom poder voltar a si e ver que está sendo cuidada por alguém que você ama e vice-e-versa.

Big Love se encaminha para o fim. Esta sendo bem difícil dizer adeus a essa série que me trouxe tantas alegrias. E você, está preparado para o fim?


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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