O projeto ciências de Paige é uma excelente analogia dos dois últimos episódios de Brothers and Sisters: A Bone to Pick e The Science Fair. O primeiro, focado no câncer de Kitty, pode ser comparado ao projeto de Kevin, com o robô dançante. Um teatro armado, cheio de grandes acontecimentos e sem o menor sentimento real por trás de toda a encenação.
Já o projeto de Paige, com o seu discreto ponto de luz azul, é, tal qual o seu episódio, pequeno, modesto e singelo. Sem nenhum artifício grande e desnecessário como doenças terminais e luzes de discoteca e, talvez justamente por isso, repleto de realidade e sentimento. Assim, com um episódio verdadeiramente familiar, Brothers and Sisters está de volta, pelo menos um pouco, à velha forma.
Sem o drama de Kitty pelo caminho, a série pôde evoluir naturalmente como a tempos não fazia. Tudo vinha soando forçado e num tom à mais do que o necessário, carregado na tinta. Foi preciso um simples projeto de ciências de uma menina de 12 anos para que a série voltasse a tocar os pés na realidade, voltasse a ser uma série verdadeiramente família, e não um dramalhão mexicano sobre grandes tragédias familiares.
Estava com saudades de ver Kevin e Scotty como um casal. Ultimamente Scotty vinha ganhando o papel de mero coadjuvante do seu marido, o que nunca pode ser um bom sinal, considerando-se que os dois são, de longe, o melhor casal estável da série. Agora sim, Scotty voltou a ter alguma importância na dinâmica do casal, ajudando a centrar o delirante e ligeiramente egocêntrico Kevin. Será que os dois vão acabar sendo pais de gêmeos? Embora eu não ache que o vínculo genético seja o mais importante, seria uma grande, e cruel, ironia do destino que Kevin tenha sido o doador que deu origem à vida de Elizabeth, mas não à vida do seu próprio filho. Por essas e outras, torço pelo nascimento do casal de gêmeos mais fofos que pode haver… Afinal, serão filhos de Kevin e Scotty!
E como Paige está chatinha, hein? O pior é reconhecer, em quase todas as suas pentelhas atitudes, a pré-adolescente tween que eu fui um dia! Coitada da minha mãe… Coitada de Sarah! É, mas como boas mulheres em formação, a gente morde e sopra sempre, e Sarah pôde se sentir recompensada por todo o mau-humor da filha com um simples abraço… Mães são bobas, hein?
Mas pelo visto a mais querida das irmãs Walker deverá ganhar um novo passatempo dos filhos pentelhos em breve. Adorei a chegada desse novo interesse amoroso, pai de um colega da filha, divorciado como ela, e aparentemente também interessante. Ao menos ele é a certeza (assim espero) de que não veremos Luke tão cedo, se é que o veremos novamente algum dia! Já foi tarde, o francês podia ser charmoso o quanto fosse, mas não combinava nem por um milésimo de segundo com Sarah e sua vida Pasadena.
Foi inevitável ficar com pena de Holly dessa vez. O maledeto do Ryan chega, inferniza a vida de todo mundo (inclusive a nossa!) e vai embora assim, como se nada tivesse acontecido? Por mais que seja extremamente compreensível a posição da família, nem nós nem Holly merecíamos isso. O fedelho tinha que ter sido incompatível e Kitty que se salvasse de outra forma! Por mais que Holly parecesse errada ao se encontrar com Dennis York, não pude deixar de lhe dar uma certa razão. Mas também foi um alívio ver que ela estava apenas o testando. Que interesse ele poderia ter pelas terras da Ojai? Petróleo? Ou isso é muito século passado?
E até que enfim nos livramos do Simon! Como Nora bem disse, ela foi enganada pelo homem que amo por tempo demais pra se deixar levar por mais um canalha! É o que eu sempre achei, que não fazia sentido, a essa altura do campeonato, a matriarca dos Walker ser enganada por um caçador de fortunas! Além do mais soava extremamente preconceituoso que alguém mais jovem só pudesse se encantar por ela graças a sua conta bancária. E assim Simon finalmente se foi, com direito a uma emboscada armada por Nora digna de livros de Agatha Christie, muito bom!
E quanto a Justin, me recuso a comentar. Gosto dele, adoro Rebecca, mas alguém ainda aguenta esse lenga-lenga da faculdade de medicina?
Enfim, um bom episódio, leve e despretensioso, que pode abrir o caminho para a recuperação da série. Tomara!
E semana que vem:
