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Desperate Housewives – 8×22 e 8×23 Finishing the Hat (Series Finale)

Por: em 15 de maio de 2012

Desperate Housewives – 8×22 e 8×23 Finishing the Hat (Series Finale)

Por: em

Acabou. Esta série tão linda que acompanhamos por oito anos chegou ao fim e de uma forma espetacular. Poucas vezes fiquei tão tensa assistindo a Desperate Housewives, ao mesmo tempo querendo e não querendo que os minutos passassem e chegássemos ao grand finale. Marc Cherry conseguiu fechar a série de uma forma maravilhosa, oferecendo um pouco de tudo que nos fez amar Desperate: um pouco de drama, muita amizade, comédia e romance.

Foi ótimo ele ter fechado todas as pontas e dado um destino a todas elas – mesmo que não tenha sido o que eu esperava, mas isso eu discuto depois –, evitando possíveis especulações sobre um filme sobre a série. Depois do desastre que fizeram com Sex and the City, não desejo mais que nenhum seriado, por pior que tenha sido o final na TV, tenha uma continuação ou “fechamento” nos cinemas (entre aspas porque se fizer sucesso, vem um segundo filme para estragar o que não estragou antes).

Passei a primeira parte do series finale morrendo de tensão e imaginando como a Bree iria se safar. Tudo indicava que ela poderia ser presa ou, na pior das hipóteses, o Carlos seria, e eu já estava me acostumando com a ideia da Susan, Lynette e Gaby indo visitar os dois na cadeia mais próxima. Não era o final ideal, mas eu estava preparada para qualquer coisa.

A segunda parte (que começou de forma meio abrupta, mudando totalmente o clima do 8×23) foi bem mais leve e confesso que estaria muito satisfeita se tivessem terminado a série com o julgamento e o epílogo. Mal lembrava que o casamento do Ben com a Renee não tinha acontecido ainda, embora eu goste bastante dos personagens. Só que eles não eram o foco da minha atenção.

Mesmo com a “dica” das primeiras cenas, com as donas de casa se oferecendo para ajudar a Mrs. McCluskey, não imaginava que ela acabaria ouvindo alguma conversa sobre o caso e, muito menos, iria se declarar culpada. Eu realmente pensava que ela diria que a Renee estava bêbada. Não sei se era o clima de despedida ou a minha tensão, mas não consegui ficar com raiva da Renee quando ela abriu o bocão no tribunal. Entendo o lado dela de sempre ter sido um pouco como a “garota excluída” da turma – principalmente quando ela pedia para o Ben e a Bree confiarem nela e contassem o que estava acontecendo – e ela queria salvar o noivo.

Como ela é uma personagem relativamente nova, a trama dela foi mais para criar um pano de fundo para as outras. Mas não vou negar que ri demais dos surtos antes do casamento, tanto na limusine com a bolsa da Julie estourando quanto na loja da Gaby, escolhendo o vestido. O timing cômico da Vanessa Williams é ótimo, isso desde Ugly Betty.

Voltando à Mrs. McCluskey, o momento dela no tribunal foi o que iniciou a minha choradeira. A partir dali, qualquer momento com um pouco mais de emoção era o suficiente para eu chorar rios e lamentar que esse era o último episódio. O discurso da Karen sobre a vizinhança e amizade de Wisteria Lane foi lindo e sintetiza tudo o que Desperate trouxe à nossa tela. Se a morte dela por si só já não fosse motivo o suficiente para a gente se acabar, essa demonstração de amor só deixou a cena ainda mais bonita (junto com a ótima trilha sonora).

Achei super digna a reação e atitude da Bree quando o Trip chamou a Gaby para depor e parecia muito disposto a colocar a ex-modelo atrás das grades para salvar a ruiva. Tudo bem, ele ficou a fim da cliente, ela correspondeu, mas não tinha como nós, fãs, aceitarmos uma no lugar da outra. Mas mesmo com essa besteira, eu esperava que se tornassem um casal no fim das contas, com ou sem a intervenção da Mrs. McCluskey. Duvido muito que os roteiristas colocariam um romance para a Bree se não fosse para eles terminarem juntos (isso independente do futuro deles).

A Gaby, como não poderia deixar de ser, ficou com o lado cômico do episódio. Não gostei da insinuação do Carlos em se sentir por baixo por ele não ser mais o provedor da casa, porque embora ele sempre tenha tido esse papel, ficaria meio complicado ele manter o estilo de vida da família se ele trabalha em uma ONG. Ainda bem que sobrou um tempinho para o roteiro dar essa lição dos tempos modernos: não é porque a sua mulher traz dinheiro para casa que você vai ser menos homem. Não tem problema algum essa “inversão de valores”. Não é o mais comum, mas não diminui ninguém, só ajuda o casal a crescer.

E também foi linda a cena da família Solis dançando no casamento, todos juntos com um grande sorriso no rosto.

Alguém ainda duvidava que os Scavo ficariam juntos? Por mais bonito que tenha sido quando a Lynette e o Tom se reencontraram no meio da rua, foi no discurso no casamento que eu realmente me emocionei. Como os dois ainda não tinham conversado sobre algumas coisas que os incomodavam no casamento, seria um pouco irreal eles viverem felizes para sempre logo depois do rompimento com a Jane.

Adorei a participação especial da Katherine, toda linda, arrasando nos negócios e convidando a Lynette para cuidar da filial em Nova York. Confesso que pensei que ela chamaria a Bree, porque além da conversa ter ido para o ramo da culinária, a ruiva não teria nada a prendendo em Wisteria Lane.

De qualquer forma, gostei desse pequeno drama com o casal, mais por conta do “se você ama alguém, precisa dizer isso para a pessoa antes que seja tarde” – que é a mais pura verdade – e dessa busca maluca por uma felicidade que não existe do que da história em si. Já fazia um tempo que a Lynette não se sentia realizada somente sendo mãe e ficou mais infeliz depois do quase divórcio. Ela tinha que perceber esse problema na personalidade dela, muito antes do Tom afirmar que ele iria com ela para onde ela quisesse contanto que ela já estivesse feliz com o que tem. É difícil somente ser o acompanhante de alguém que está sempre procurando por algo que nem sabe direito o que é e não poder viver a sua vida também.

E a Susan, gente! Durante todo o 8×23, fiquei com medo de ela surtar e acabar falando algo a mais. No 8×24, a protagonista da história dela acabou sendo a Julie, com o nascimento do bebê e o flerte com o médico bonitão. No meio de toda a confusão, eu nem lembrava que a Lynette e o Tom também eram se tornaram avós, a ficha só caiu quando eles chegaram ao hospital.

Só tenho duas críticas negativas a este series finale sensacional: a transição entre um episódio e o outro, como comentei no começo da review, e uma coisinha na narração da Mary Alice. Como assim elas nunca mais se encontraram para jogar poker? Eu sei que depois que os amigos se mudam fica mais difícil de se verem (ainda mais se forem para Estados diferentes, como foi o caso), mas eu queria um final feliz com as donas de casa velhinhas jogando poker! Que, pelo menos, na reta final da vida, elas voltassem a se encontrar – nem estou pedindo para morarem na mesma rua, como a Gaby sonhava – e ficassem papeando sobre a vida, o universo e tudo o mais. A Lynette e a Susan com certeza não perderam contato, por conta da neta e por estarem relativamente perto uma da outra, e não acho difícil a Lynette ter ido visitar a Gaby do outro lado do país (ou o contrário, caso a Gaby precise fechar negócios em NY). Talvez a mais difícil mesmo de encontrar seja a Bree, que deve ter uma agenda mais atarefada.

Apesar disso, fiquei feliz com o rumo que cada uma tomou. É triste todas terem deixado Wisteria Lane, mas chega uma hora em que o subúrbio acaba sendo pequeno demais para a gente. A Lynette como uma empresária de sucesso (é a cara dela, sejamos honestos), a Bree na política (o que foi ela se reunindo com aquelas senhoras conservadoras? Morri!), a Gaby trabalhando com moda e na TV e a Susan dando uma volta pela rua sendo observada por todos os falecidos antes de partir para New Jersey, uma linda homenagem aos personagens que passaram pela série. Alguns personagens ficaram de fora, segundo informações da Wikipedia, mas a ausência mais sentida foi a da Eddie, que não pode aparecer porque a Nicollette Sheridan está processando o Marc Cherry e a ABC.

Xeretando a página do episódio na Wiki, encontrei algumas curiosidades sobre as cenas finais que eu mesma não lembrava:

  • Os finais das personagens seguiram a ordem de introdução delas no piloto: Lynette, Gaby, Bree e Susan.
  • A Mary Alice se suicidou em uma quinta-feira (no começo da série) e a Susan mudou da rua também em uma quinta (encerrando a história).
  • A Bree foi apresentada como uma mulher conservadora e demos adeus a ela também como uma mulher conservadora.
  • Gaby e Carlos são apresentados discutindo por coisas pequenas e terminam fazendo a mesma coisa.
  • Lynette começa Desperate gritando com os filhos e termina gritando com os seis netos.
  • Susan aparece como uma mãe solteira e termina como uma mãe solteira com dois filhos e uma neta.

Tudo isso só deixa esse final ainda mais interessante como uma grande homenagem e despedida. Dito isso, só me resta agradecer a Marc Cherry, que eu sempre critiquei quando preciso, mas também elogiei quando fazia algo certo, por ter criado esta linda série com estas personagens tão marcantes, e a todos os envolvidos na produção de Desperate Housewives, desde as fantásticas atrizes até o estagiário que levava café no set. E a todos vocês, leitores do Apaixonados por Séries, por terem acompanhado as reviews até o final.

Obrigada e até mais!


Bianca

Feminista interseccional, rata de biblioteca, ativista, ama filmes, séries, cultura pop e BTS. Twitter sempre vai ser a melhor rede social.

São Paulo - SP

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: Lost

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