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Friday Night Lights – 5×04 Keep Looking

Por: em 27 de novembro de 2010

Friday Night Lights – 5×04 Keep Looking

Por: em

Caio: Friday Night Lights é de fato uma série pouco assistida. Infelizmente não caiu nas graças do grande público, mas pela sua trajetória e marco na televisão americana, a série merece reviews individuais, ainda mais em sua última temporada. Para deixar tudo ainda mais divertido e autêntico, eu e o parceiro Guilherme estaremos fazendo uma forma diferente de review que já vem sendo adotada por alguns sites mundo afora. É a review em dupla, fazendo com que, mesmo sem público, os textos continuem tendo bom conteúdo e, por que não, serem um entretenimento diferente para nós e para vocês.

Guilherme: Ok, escrever esse negócio é estranho pra caramba.  Eu tô conversando contigo e com todos os leitores que passarem por aqui, mas enquanto eu tô falando, por enquanto é só você que tá ouvindo. Ou seja, se eu soar meio esquizofrênico e me contradizer trocentas vezes, não liga. Ou melhor, liga sim, mas me avisa que a gente edita a parte ruim e tenta de novo. Mas com isso desabafado, bora pro principal: o episódio — que, pra minha surpresa, gostei demais. Não que eu espere pouco de Friday Night Lights, mas por mais que eu ainda ame a série, o clima não é mais o mesmo. Os personagens novos são excelentes, mas não foram eles que fizeram a gente se apaixonar por Dillon. E alguns dos que sobraram da primeira temporada eu não imaginava que conseguiriam segurar bem um episódio. Mas foi o que acabou acontecendo com a Mindy e com o Buddy.

Caio: Exatamente, a stripper que nunca foi lá muita coisa na série virou uma mãezona pra Becky. E confesso que eu estou, até que enfim, começando a gostar da garota. Até então ela só tinha sido um pé no saco com toda aquela história da paixão por Tim e tudo mais. Mas Mindy defendendo a garota do pai e da madrasta foi realmente muito bom. Além disso, Becky e Luke fazem um casal legal. Foi bem bonita a cena dos dois no baile que ela ajudou a preparar (tudo bem que nem gostaram das ideias dela). Pelo episódio no geral, achei bem melhor que o anterior, apesar de sentir raiva de duas tramas em particular, que você, como parceiro de séries deve saber de quem eu falo especialmente, mas deixamos isso para mais tarde. Quanto a Buddy, ele foi a melhor parte do episódio que não teve muito de Tami e Coach Taylor.

Guilherme: Cara, eu me amarro na Becky. Ela consegue ser mimada mesmo sem praticamente ter ninguém pra mimá-la. E eu meio que odeio o Luke. A série nunca teve a intenção de fazer dele um vilão ou algo do tipo, mas sempre que eu vejo ele com a Becky, em vez de química, paixãozinha, etc, etc, eu fico com a impressão de que ele quer se aproveitar dela — o que nem é verdade, porque ele ficou do lado dela na temporada passada com o lance da gravidez, mas enfim… Tenho birra. Vai ver é o ator, sei lá. O que já não é o caso com o Buddy Jr. Acho que acertaram legal com o moleque. Além do ator ser bom, ele é A CARA do pai fictício. E a trama deles me surpreendeu porque o instinto paterno do Buddy nunca foi a parte mais empolgante de FNL (Era bem mais ou menos com a Lila e foi terrível com aquele personagem da segunda temporada que eu nem lembro o nome). Mas acho que agora com um filho homem — e de sangue — a coisa melhora pra caramba, até porque o garoto precisa demais de uma figura paterna pra puxar as rédeas. A cena do Buddy encontrando o garoto e agarrando ele no chão provavelmente foi a melhor do episódio, e o que deixava ela ainda mais legal era o fato do Eric estar ali atrás, olhando tudo, percebendo como a família dele é tão, mas tão perfeita.

Caio: Santiago era o nome do cara, não? Ele simplesmente sumiu…mas enfim. O fato de Buddy Jr entrar na trama reforça ainda mais o papel de “moldador de homens” que é o Coach Taylor. Quando viu que o filho realmente não tem jeito, para quem Buddy entregou o garoto? Não que esteja passando a responsabilidade para o Coach, mas quem melhor que ele para colocar um garoto errado na direção certa? Foi um final legal para o que a gente viu no episódio, mas é óbvio que Buddy Jr arrumará muitos problemas. Deve invocar com Vince que também não gosta que lhe olhem torto e com outros jogadores do time. Acho ainda mais fascinante porque Buddy é o coadjuvante mais principal da série. Ele está conosco desde o começo e nunca teve uma trama realmente forte desde que focaram em sua separação e depois com ele largando os Panthers para se juntar aos Lions. Acho que assim como qualquer outro personagem, Buddy merece um final legal, e resgatar essa paternidade perdida é uma boa chance para mostrar um pouco mais de um lado até então desconhecido. Quanto ao Luke, é fato que ele relembra o Matt, mesmo com as diferenças. Mas quando se fala em ingenuidade, os dois são iguais. Tá certo que não tinha como Luke saber do plano para recrutarem Vince pelas suas costas, mas ele não tem um pingo de desconfiança.

Guilherme: E isso meio que prova como eu acho o Vince um personagem TÃO melhor que o Luke. Porque mesmo que o Luke fosse a vítima da história, quando o Vince entrou naquela sala, em vez de eu pensar no quão escrota era a atitude dos técnicos, eu abri um sorriso gigante pelo sucesso dele. Ainda mais com tudo que ele tá vivendo em casa. Esse lance de pais e filhos foi meio que um tema recorrente no episódio (Becky e Buddy, que a gente já comentou, são os outros exemplos), e mesmo que a volta do pai do Vince seja uma trama meio previsível e um pouco preguiçosa, ela funciona porque, pra mim, dentre os personagens novos, ele foi o que mais se encaixou no espírito de Friday Night Lights. São pessoas que tão sempre numa montanha russa: ou tão muito na fossa ou tão recebendo notícias fantásticas. Isso é mó clichezão de qualquer série ou filme — geralmente os personagens têm que passar por esses picos de emoção pra serem interessantes —, mas em FNL a coisa funciona melhor porque os atores são naturais DEMAIS e aquele jeitão documental com que eles filmam as cenas dão um tom intimista muito mais identificável (e, consequentemente, emocionante) pra qualquer uma daquelas histórias.

Caio: Tudo bem, Vince é realmente mais interessante que Luke, até quando se trata de relacionamentos. Tanto dentro de casa como fora. A vida de Vince é cheia de altos e baixos. Adorei como continuaram mostrando os problemas com o pai e que mesmo Vince soltando as rédeas de leve, ele continua desconfiado. Não sei se dá pra confiar 100% no pai dele, mas acho que ainda veremos Vince sendo salvo pelo pai, ou você já esqueceu que ele ainda deve grana pelo tratamento da mãe. Tudo bem se for o pai quem pague o dinheiro, mas que não seja com tráfico de drogas, porque coloca toda essa história no lixo e dá uma sensação de “as pessoas não mudam” e acho uma mensagem não necessária de mandar para o público. Foram cenas bonitas como a mãe se arrumando e a química boa entre ela e Vince. Como eu disse, ele ainda é mais interessante que Luke quando se trata de namorada, porque Jess só perde para Tyra das garotas mais interessantes da série. Dá de 10 a 0 em Lyla, Julie ou Becky e sou viciadão em nas cenas de Jurnee Smolett, particularmente como foram essas dela levando na boa as brincadeiras dos jogadores e a conversa com o Coach. Jess bate em contraste com Vince que, apesar de ser bem maduro, ainda precisa aprender diversas lições. Já ela é total diferente das garotas da mesma idade, tirando de letra qualquer obstáculo que lhe coloquem no caminho. Mas voltando ao fato de TMU estar enganando Luke para atrair Vince, com certeza isso terá repercussões. Não só pelo fato de que Vince ainda é junior e isso pode colocar sua amizade com Luke em xeque.

Guilherme: Não acho MESMO que isso que tu falou jogaria a história no lixo. Pelo contrário, traria uma série de coisas legais pra se discutir a respeito do Vince e do pai. Não é porque o dinheiro seria do tráfico que queira dizer que o cara não mudou. Maior prova disso? Duas palavras: Breaking Bad. Por outro lado, eu não podia concordar mais com o que tu falou da Jess. Hoje na série ela é a minha personagem favorita, porque ela passa por tanta dificuldade quanto (quase) todos os outros personagens, mas ela encara tudo sempre com um humor tão contagiante. Na cena da festa, por exemplo, mesmo que tenha rolado aquela briguinha com o Vince, quando ele levanta e vai embora ela sorri porque, por bem ou por mal, aquilo não foi nada — e ele ainda falou que ela tava linda (E tava mesmo. Sou apaixonado por essa garota.). A mesma coisa quando o Billy usa a ideia dela na reunião dos técnicos dos Lions. Em vez de ficar cheia de raiva, ela de novo sorri porque sabe que tá no caminho certo com aquilo que ela ama: futebol. Ela é otimista pra caramba, e numa série cheia de gente sofrendo, isso é mó reconfortante. No final das contas, a única coisa que me preocupou no episódio foi como usaram a Tami. A história dela não tá tão legal, a Epyck é irritante (me amarrei no Coach falando mal do nome dela), e o jeito como excluem ela no colégio me parece meio absurdo, porque um ano atrás, a escola e a cidade ainda eram uma coisa só.

Caio: Tudo bem, falando assim e lembrando de Breaking Bad, não tem importância de onde vem o dinheiro, mas seria muito triste ver o pai mentindo novamente para Vince. Pô, o cara jurou que não está metido em drogas, e daí surgiria para levar Vince e a mãe mais para o fundo do poço? Quanto a Tami, foi uma das duas tramas que me irritaram. Epyck é tão chata, tão chata, que tenho muita vontade de ver Tami dando uma bofetada na cara dela. Vai ser chato se essa história ficar se arrastando até o fim da temporada para ai sim Tami conseguir colocar Epyck na linha. Deixa ela pra lá, tem algumas coisas que não valem a pena (mesmo contestando minha teoria de que é necessário mandar uma mensagem legal para o público, mas é que Epyck é muito pentelha). Sabe a outra história que me deixou tremendamente irritado? Julie Taylor. Não vai dar EM NADA essa trama com o professor. Primeiro ela dá em cima, dai eles transam, depois ele diz para não terem nada mas volta a dar em cima dela. Então ela diz não querer nada apenas para aparecer na porta dele. Tudo bem que ela está livre, leve e solta da família protetora, mas sério…a única pessoa que a família Taylor não moldou bem é a própria filha? Sei que você é fã da personagem Gui, mas essa trama não é original e mesmo que fosse, não é interessante. Vai dar tudo errado e Julie voltará para casa. Pronto!!

Guilherme: Eu gosto dela, mas não dá pra não concordar. No 5×02 eu gostei das cenas dela na universidade porque elas tinham um sentido muito mais claro e muito melhor do que esse casinho besta com o professor. Lá a série tava mostrando ela sozinha, tentando se adaptar num mundo que, lá no piloto, provavelmente era o mundo dos sonhos dela — enquanto Dillon era um fim de mundo. Ela perdida na sala de aula e falando com a mãe no telefone me deixou muito a impressão de como as coisas tinham invertido e como ela tinha aprendido a amar Dillon. Se a trama continuasse nesse caminho, eu não me importaria, porque na teoria ela faz muito sentido pra uma temporada final. Mas agora a Julie tá jogada e perdida num canto, só sendo usada porque tá no contrato da Aimee Teegarden. Eu gosto que FNL não esteja focando muito nesse sentimento nostálgico, de que daqui a pouco a série vai acabar, tentando trabalhar com os novos personagens, com histórias diferentes… Mas essa e a da Tami simplesmente não tão funcionando.

Enfim, isso aqui já tá ficando gigante. Bora esperar o próximo episódio pra continuar antes que eu gaste todos os meus argumentos ahaha. Aliás, eu tava com um pouco de medo de como essa review ia sair, mas acho que acabou ficando mais legal do que eu imaginava. Pessoas que tão lendo: se pareceu forçado… Foi só aparência mesmo. A gente tentou escrever mais certinho pra não ficar tão esculhambado igual a um chat normal, mas a conversa foi mais ou menos igual a gente faz toda semana — um tanto mais detalhada só. Né não, Caio?

Caio: Realmente, estava bem assustado com o que poderia sair, mas o resultado final pareceu ser muito legal. No fim das contas, entre erros e acertos, comentar um episódio dessa forma é uma experiência bem diferente e valiosa. São mentes diferentes, com opiniões conflitantes e que se unem para comentar uma série que vale a pena. Nada que fuja do nosso dia-a-dia normal né Gui. Espero que a experiência se estenda e que seja tão proveitosa para vocês como foi para nós. Eu e o Gui nos vemos no próximo episódio!!


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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